sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As voltas das contas



A história do "e vai um" acabou.
Mas era assim que eu fazia contas de matemática, antes de fazer contas à vida.
E não sinto que fosse a única.

Na época do 1º ciclo da mais velha o "e vai um" foi logo encarado como algo desconhecido, lá está, de outro século.... E fui informada que se chamavam "Contas de transporte", ou adição de números com transporte para ser mais correta.

Sim de facto em vez de o "um" ir a algum lado sem nexo, é transportado.
Daí para a frente, nunca mais disse "e vai um" sob pena de ouvir Dahhhh....

Agora com a mais nova descobri que o transporte acabou.....Passou a "Contas de empréstimo", ou algoritmo da subtração por empréstimo.

Ponho-me a pensar "Será da crise?!" esta coisa do empréstimo, supostamente de caráter provisório?!
O "um" só ali fica um bocadinho, como que emprestado ao outro número, ou aliás como pedido em empréstimo ao número do lado.....muito complicado para mim!

Ainda na última reunião escolar de 2º ano do 1º ciclo sugeri uma aula de matemática para Pais.
A ver se nos atualizamos....que isto de parecer velho e pouco sábio aos olhos duns pirralhos tem que se lhe diga....

Quem faz contas à vida devia saber como se fazem destas contas, isto aos olhos dos filhos, não vão eles pensar que são educados por seres irresponsáveis na gestão familiar.

Ainda assim fico feliz que de quando em vez troquem o ipad por quadros portáteis de giz.
(este foi o estudo da R em véspera de teste e lá estão os uns emprestados pequeninos)




quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Saudade

Ao que parece hoje é o dia da Saudade. Desconhecia.

Palavra muito portuguesa. Está no dicionário. Tem definição. Parece fácil de explicar.
Considerada uma das palavras sem tradução noutras línguas.

"sentimento melancólico causado pela ausência ou pelo desaparecimento de pessoas ou coisas a que se estava afetivamente muito ligado, pelo afastamento de um lugar ou de uma época, ou pela privação de experiências agradáveis vividas anteriormente" Fonte:Porto Editora

Mas o sentimento, esse é universal. Difícil de pôr em palavras.

O que as palavras não dizem, as imagens transmitem.

Esta é uma das imagens que mais me doí. Que me incomoda. Que me deixa um nó na garganta, no peito, na alma. Que fala. Que diz tudo.
Para mim é a imagem da Saudade.

Uma criança num orfanato, com saudades da mãe, desenha-a no chão.
Sobe-lhe para o colo.
Em sinal de respeito, deixa os sapatos de fora.

A saudade pode não ter palavra noutras línguas mas sente-se da mesma maneira.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

4-52 Na capa da revista

Saí numa capa de revista.
Não saiu a minha cara mas saiu o meu "Eu".
O meu gosto por viagens, por fotografia e pela escrita.
Tudo junto num só. Não podia ser melhor.

É estranho como sempre quis escrever.
Lembro-me de em tenra idade tentar escrever histórias por capítulos e fazer à mão as capas e contracapas.
Sempre gostei de viajar, conhecer sítios novos e de fotografar.

Depois descobri que para além da fotografia, gostava de fazer diários de viagem.
Planear tudo.
Registar tudo.
Guardar tudo.

Começaram a chegar às bancas revistas de viagens, com fotografias apelativas e textos que nos transportam para lugares fantásticos. E aí soube que era o que gostaria de fazer um dia....
"Viajar; Fotografar: Escrever sobre viagens"

Talvez não tenha sido desde sempre.
Mas há uma altura em que sabemos o que nos realiza. Um click.
E não é aos 17 ou 18 anos, quando escolhemos um curso para tirar na universidade. Ou nos anos preenchidos com aulas, frequências, exames e queimas das fitas. Nem nos tempos em que procuramos emprego, arranjamos trabalho, juntamos trapinhos, temos filhos e criamos as nossas rotinas....
São boas rotinas. Ainda bem que as tenho.

Mas o bichinho está lá latente. Fica lá em modo adormecido.
E tal como um vírus fica ativo quando as defesas do organismo baixam, o mesmo me acontece quando as rotinas me sufocam....desato a sonhar com planos de viagem, de partidas e nem precisam de ser longe....
Não posso viajar sempre que quero. Tenho o coração preso por duas âncoras.
Fotografar é mais fácil. E escrevo, nem sempre sobre viagens.

Desta vez, conciliei tudo.
Vale a pena arriscar. Arregaçar mangas. Agarrar uma oportunidade.

Pode não parecer nada. Mas é muito.



Sonhar a dormir


Já me deixam sonhar. Coisa que só as mães percebem.
Durante alguns anos, logo após ter sido atingida pela maternidade, deixei de sonhar.
De sonhar a dormir.
As horas de sono contavam-se pelos dedos.
Eram frequentes os acordares, por isto ou por aquilo, ou por tudo e por nada. Havia bebés por casa.

Cientificamente falando, talvez o meu sono não chegasse a completar ciclos.
Saltava a fase 5, a do REM, em que nos é permitido sonhar.

Durante algum tempo parecia mais fácil sonhar acordada.
Engraçado que não me apercebia que não sonhava, até ao dia em que acordei com as lembranças do sonho. E pensei "hoje sonhei" e só aí me apercebi desse lado que estava apagado. E a falta que me fazia.


Vão-me acordando menos.
Não por ter deixado de ter ouvido tísico de mãe, mas porque estão mais crescidas.
Já não acordo por tudo e por nada, talvez só por isto ou por aquilo.
Vou sonhando mais.

Adormeço muitas vezes fora da minha almofada mas sempre virada para o mesmo lado.
(Como compreendo os bebés e a necessidade de os deitarmos ora para um lado ora para o outro).
Deixo tudo acesso e o computador em standby a pensar que volto rapidamente...
Lá por volta das 2, 3 da manhã, rendo-me à evidência de ter adormecido fora de sítio, vou apagar tudo e deitar-me para o lado oposto, para equilibrar as costas e o pescoço, antes que a minha cabeça acuse o lado para onde adormeço.

Mas ainda assim, vou sonhando.

Sonhar faz-me falta! Acordada ou a dormir!



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Banco de horas de sono


Felizmente não preciso de dicas para dormir bem.
Ou de contar ovelhas a pular a cerca. Ou de rituais.
Não sei bem o que são insónias. E repito: Felizmente!

Não adormeço facilmente em cada canto da casa. Não sou de adormecer no sofá.
Não gosto e não consigo.

Mas adormeço facilmente com as minhas filhas e no meu canto.
E gosto muito de dormir.

Mas raros são os dias em que durmo de mais.  Não sei bem o que isso é.....
E talvez sejam muitos muitos os que durmo de menos.

Dizem que a média são 8h. Eu não estou certa disso. Dou comigo a achar que precisava de mais.
Mas na verdade 8 h por dia de um sono só é raro....de há 11 anos para cá.

Já não é tanto porque me acordam as meninas, mas porque raramente me deito cedo.
Guardam-se afazeres para quando elas já dormem, adia-se a hora de deitar.

Dormir de mais equipara-se quase a dormir de menos, relativamente ao meu estado de irritabilidade e alteração de humor e sensação de "taulada"....pronto não arranjo outra palavra.

Dormir devia ser um sistema de créditos. Tipo um banco de horas. Uma reserva.
Se hoje dormisse 1 hora a mais, transitava para amanhã.

Mas não.
Posso até dormir até ao meio dia num dia (repito: coisa rara e apenas possível sem as crianças em casa), no dia seguinte já estou a precisar do mesmo tratamento.

Não compreendo quem diz que lhes chegam 4h ou 6h.....ai que inveja!
Dava-me tanto jeito conseguir dormir pouco, quer dizer reformulando, não precisar de dormir mais.
Acho que sou caso patológico. 10h parece-me um bom número.

Gostava de perceber qual era o número de horas exato de que preciso.
Até já há uma aplicação informática para determinar o melhor momento para acordar sem a dita da "taulada".
Preciso disso!
Ou disso ou mesmo só de dormir mais!




domingo, 26 de janeiro de 2014

"Tanta roupa e nada para vestir"

É oficial.
A minha I olha para as minhas botas de lado.
Mais um número de pé e sai com elas calçadas de manhã.
Cobiça algumas das roupas. Pergunta se quando não me servirem lhas posso dar....
Espero que seja mais quando já lhe servirem.....

Dei comigo uma destas tardes a vaguear em lojas sem secção de criança e a comprar o tamanho S para a I, de modelos bem longe das Hello Kittys, das Hannah Montanas e afins.
Dei comigo a dizer gosto desta camisola, e a I a concordar comigo. Então comprei para ela e eu fiquei a ver navios....já que ela não achou normal mãe e filha vestidas de igual....e tem razão!
Afinal a mãe é quarentona (quarentinha vá!)
Terminamos com umas secções de criança, mas numa ronda aos tamanhos máximos! Nesses não há hipótese de a mãe se tentar a comprar igual!


É incrível para onde voa o tempo. E como o tempo muda tudo.
No verão vieram os brincos nas orelhas. Passou a usar o espelho sem ser só de soslaio.
Vieram preocupações de penteados. Roupas que combinam. Lenços e golas. Espírito crítico qb.
Começa a despertar o lado feminino "Tanta roupa e nada para vestir"...
Afinal compreendo-a...

Apesar da mais pequena ainda usar e abusar da secção de criança....e estar longe de me roubar as botas...

A feira do bebé dos hipermercados passou a ser uma área por onde passo sem pensar que tenho que aproveitar as promoções.
Os panfletos sobre este tema que me entram na caixa do correio, com bebés rechonchudos na capa, vão diretamente para a reciclagem.
Tirei as palavras boddies e chupetas do meu vocabulário.
Desconheço os novos sabores ou marcas de papas e boiões. Há prateleiras inteiras para as quais já nem olho.
Não preciso de guardar roupa da mais nova quando já não serve.
Medicamentos medidos à seringa, só mesmo para o Nico.
E já começo a ter saudades....

Vou aproveitar bem estes bocadinhos, em que ainda posso dar palpites na escolha da roupa e antes que o quarto se transforme num universo interdito, onde apenas me seja permitida a permanência para dobrar meias e camisolas e tenha um "Do not disturb" ou um "This is my world" pendurado na porta!





sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

De outro século!


Ainda não ouvi a frase "Oh mãe tu és de outro século!"...mas deve estar para breve.....
Se entre gerações há sempre o dito conflito, então o que diremos de gerações que nasceram em séculos diferentes?!?!
As minhas filhas nasceram ambas no século seguinte ao dos pais.

Não sabem o que é um negativo de fotografia;
Desconhecem as cassetes de ouvir música e a estratégia de enrolar a fita com uma caneta;
Cassetes de vídeo, são peças de museu.
Já para não falar em discos de vinil e nos giradiscos!
TV a preto e branco?! Isso terá algum dia existido?!
A R ficou espantada por saber que apenas existiam 2 canais na TV!E que tinha começado apenas com um! "Então tu não vias o Disneychannel?!?!??!", perguntou-me com um ar semi incrédulo semi pânico...

De facto a evolução da tecnologia é gritante! Isto já para não me adiantar sobre mudanças noutras áreas!

Na minha cozinha de infância não havia eletrodomésticos com luzinhas ou botões que fazem "plim".
Agora temos a cozinha apetrechada e somos dependentes de aparelhos acionados por botões, programáveis, cheios das luzinhas e dos plins.

E chegou o dia em que a luz do fogão apagou-se. Isto depois da do exaustor.
E agora como vejo o andamento dos meus preparados culinários?!?! Chegou a vez do microondas....este estranhamente mantém a luz mas deu o berro, e aí percebemos a nossa dependência deste ser inanimado...

Anunciei: Vou aquecer o leite para a R.
Resposta da I:"Mas o microondas não funciona"

Pois.....é um facto! Ela nunca viu aquecer o leite no fogão.
E como se fazia antes de haver microondas?!?!

Nunca sentiram o cheiro do leite aquecido no fervedor. Até eu hoje tive um flahsback, com aquele cheiro levemente torrado. Não sabem que é preciso estar atentas ao processo de aquecimento porque o leite quando ferve vai parar ao fogão. Nem sabem que se forma a "nata"! A nata que tantas vezes tinha que tirar antes de beber porque não gostava. No microondas não se chega a formar a nata....

Ai o que esta geração anda a perder....
Mas pelo menos sabem o que é um bolo da caneca feito em 3 minutos no tal do microondas....aliás foram elas que me ensinaram!

Cá por casa andamos na onda do "quando avaria um eletrodoméstico avariam logo dois ou três"! Apre!
E a culpa deve ser minha....Muita carga energética!

Balanço do ano:

Para abate:
1 secador de cabelo
1 carro (sim, um carro!)

Com esperança que ainda recupere:
1 Microondas
1 Luz do forno

Para reparação ou então esperar que fique sol:
1 Carro (outro) que mete água na porta do condutor, que volta e meia acende a luz "service" mas só quando está inclinado. Que nem sempre gosta de abrir as portas quando me aproximo, e anda seletivo quanto à porta que abre primeiro. Deu-lhe para achar que tem um sistema elétrico independente!
Nos dias de chuva intensa, cada vez que travo ouço barulho de água como se estivesse num barco, chegando mesmo a ter um nível de ondulação de vários cm na porta...

Espero que pare por aqui a bem da sanidade mental e do orçamento familiar!

E este fim de semana não há bolos da caneca.....antes funcionasse às escuras!


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Super mulher



Eu bem que dou comigo a dizer "Mas vocês acham que eu sou a super mulher?!"

Acho mesmo que ficam a olhar para mim com ar de espanto quando digo que sou uma pessoa normal.

Também preciso de me sentar no sofá (embora, se me sentar fico sempre a pensar que podia estar a fazer outra coisa qualquer para aproveitar o tempo!)
Também preciso de usar os "eletrónicos", como diz a R cá em casa para designar o pack TV, PC e Ipad.
Também gosto de dormir. (Tenho um sonho: deitar-me antes das crianças!)
Também não consigo ouvir 3 pessoas a falar em simultâneo.
Também fico doente. Quer dizer, eu tento ficar doente, mas não consigo de verdade.
Também preciso de mimos e de abraços apertados.
Também choro.
Também rio à gargalhada.
Também me canso. De tudo e mais alguma coisa.
Também apanho secas. E molhas!
Também tive infância. (e fiz disparates! E isto elas adoram saber!)
Também me apetece ficar na cama de manhã.
Também tomo banho. A sério!!!!
Acho até que há dias em que estava capaz de fazer umas birras....

Normal. Dentro do que a normalidade implica.
Mas para elas o meu normal é ser super. A melhor mãe do mundo!
E sabe bem ouvir e dito com convicção:
"És a melhor das mães!"
"Se tivesse que escolher era a ti que escolhia!"

Agora percebo que sim. Elas acham mesmo! A mãe é uma super mulher.
Afinal não é o que as mães são?!?!

O melhor é continuar....parece que nisto do ser super mulher vou bem!
Estou a ver que só me falta mesmo a capa no armário!
 (e já agora umas botas vermelhas e fatinho de lycra a condizer).



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Partes do corpo reinventadas


Quem deu nome às diferentes partes do corpo esqueceu-se de pelo menos uma...
Mas a minha R arranjou um, a meu ver com bastante lógica....

Como se chama a parte de trás dos joelhos? Pois é...nunca me deu para pensar nisso ao ponto de ter que lhe arranjar uma designação.

...mas ela muito prontamente, no alto dos seus 3 ou 4 anos lhe chamou "os sovacos das pernas"....

E quando não se lembrava bem como se diziam Tornozelos, chamava-os de "Pulsos dos pés"

O mais engraçado é que sabíamos logo de que parte do corpo ela estava a falar.


E ainda a semana passada se debateu com uma dúvida existencial....

"Porque é que as "costas" são plural se só temos umas!?!??!"
Dei comigo a pensar....não me ocorre mais parte nenhuma que sendo plural se refira apenas a uma zona.
Esta visão lógica das crianças dá muito que pensar. Os adultos deviam pensar menos e usar mais a lógica das coisas.

Perspicaz a miúda! Vai longe!



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tantas voltas para dar e o carro na reserva


Consta que hoje é o dia mais deprimente do ano. "Blue Monday". 20.01.2014

Pelos vistos eu andava a antever isto neste fim de semana...foi um Blue Weekend.

Há dias assim que estou como o carro. Sem energia para mais. E tanta volta para dar ou tanto por fazer (às vezes nem tanto, mas eu acho que sim!).
Os carros pelo menos avisam e sabemos que é preciso ir resolver antes que parem por completo.
A mim falta-me um sinal luminoso ou algum sinal de alerta para que se perceba que estou imprópria para consumo, não será um estado depressivo, mas mais um estado "A bem de todos deviam dar-me 5 minutos de paz, de silêncio"

Mas não tenho sinal luminoso....por isso é mais dificilmente detétavel....e os tais 5 minutos nem sempre aparecem....

Entro na dualidade "Divido-me em duas ou três" ou "Desapareço"?

Bastavam uns minutos entregues a mim, ao que me apetece fazer, nem que seja não me apetecer fazer nada....

Pode parecer estranho, mas às vezes é isto mesmo: Uma simples ida à mercearia sozinha sabe a férias! (férias sem crianças claro....)


domingo, 19 de janeiro de 2014

3-52 Os dias mais compridos

Os dias estão a crescer.
Já não saio de noite do trabalho.
Já consigo ir buscar a R à escola de dia!

Vislumbra-se uma primavera ainda que continuemos em modo de alertas ora amarelos, ora laranjas e depois azuis.
A claridade traz com ela possibilidades de passeios. Não nos empurra para casa como o anoitecer à tarde.
Embora a casa seja aconchego, conforto, descanso, antes do recolhimento ainda havia as voltas das ginásticas e afins, e embora agora já percebam que a hora é a mesma, ainda cheguei a ouvir a R perguntar "Porque é que tenho que ir à ginástica de noite?!" Realmente não se percebe.....Ora ouvia dizer, vá é de noite e está na hora de ir dormir, ora era de noite e ainda íamos à ginástica.....ninguém entende as mães!

Ainda que com ameaças de chuva e ventos fortes, o sol e a luz dão-me meia vida.
Se calhar faço fotossíntese como as plantas, tal é a minha necessidade de sol!

Acredito mesmo na teoria que 15 minutos de sol por dia substituem um antidepressivo, ou pelo menos meio!

Ainda me lembro de ter colegas de trabalho de países com menos sorte no fator temperatura e sol que achavam estranho como à hora do café procurávamos a sombra.... Eles afastavam a cadeira para o sol, fechavam os olhos e ficavam aparentemente a carregar as baterias. Como agora os entendo!

O que marca esta semana é a mudança dos dias.
Mais luz. Mais ânimo. Mesmo que esteja frio.




sábado, 18 de janeiro de 2014

"Rir é o melhor remédio"


Ao que parece hoje é o dia internacional do riso.

E RIR é melhor que qualquer medicamento e não tem efeitos secundários.
Já por isso se diz que "Rir é o melhor remédio".

É por isso que devia rir mais. Rir até ficar com lágrimas nos olhos. Quase sem ar.
De mim.
Dos disparates das miúdas.
Dos disparates dos outros.
Desdramatizar mais.

Vou recordando velhas piadas contadas agora pelas minhas meninas ou aprendendo novas que de tão simples são tão eficazes para arrancar gargalhadas sinceras.

Como a mais recente que ouvi cá por casa:
" O marido toma banho, chama pela mulher e grita "Traz-me shampo!!!!" Ao que a mulher responde " Mas tens aí na casa de banho! E ele diz "Mas este diz que é para cabelos secos ......e eu já molhei o meu!!!"

Não é preciso complicar para rir muito. Mas é preciso estar disponível para isso.
E para os crescidos parece ainda mais difícil descascar as camadas todas e mostrar a alma.

Devíamos aprender com as crianças a rir mais, a rir do simples, a rir de tudo.
Mesmo quando algo nos "assombra".....









sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Desabafos de mãe...


Só sei que tenho duas crianças fantásticas... apesar de me tirarem do sério, de me fazerem mais cabelos brancos, de sentir que me "devoram" e de haver dias em que acho que vou enlouquecer....

Só sei que olhando para elas, não podiam ser melhores!

Talvez me ria pouco. Talvez mostre muitas vezes ares mais carregados e sisudos. Talvez seja só do tempo cinzento. Talvez seja do país andar de nervos à flor da pele.

Há dias num momento de grande animação e riso incontrolável, a I disse-me em jeito de brincadeira: "Quem és tu e onde está a minha mãe!?"
Ainda nos rimos mais.
Mas depois ficou a moer-me aquela frase....queria dizer que ela geralmente não me vê assim....bem disposta.

Assim como a R num dia de mais pressas e correrias entre rotinas, em que a palavra que uso para descrever esse estado é "esbaforida" perguntou "Gostas de ser mãe?".....e realmente fiquei a pensar que nessas alturas talvez possa não parecer...

Ou ainda a I quando era mais pequenita ter dito "Eu não quero ser mãe, prefiro ser tia porque ser mãe é uma carga de trabalhos!"

Sei que tento controlar os decibeis dos risos e não gosto muito quando "aparvalham" de forma insistente e também já ouvi "Oh mãe, somos crianças!".


E pois, é isso. São crianças! As minhas!
E claro que amo ser mãe!


Tenho que aligeirar..... o ritmo, a expressão do rosto, e rir mais, aliás muito! Para os cabelos brancos já isso não basta....
Tenho que me dedicar a aproveitar ao máximo, antes que passe tudo, antes que cresçam, antes que me saiam do colo e dos mimos, antes que já não queiram rir comigo até doer a barriga....

Espero não estar a estragar tudo...
Só sei que são fantásticas!


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Reuniões escolares


Adoro quando me convidam (convocam) para uma reunião na escola e a "ordem de trabalhos" é assim elucidativa como se segue:

Ponto 1: Informações
Ponto 2: Outros assuntos

Estou CONVIDADA para uma destas daqui a 2 semanas.

Considero-me uma mãe atenta e presente na vida escolar das meninas.
Tento comparecer a todas as reuniões e este ano até sou representante dos pais e encarregados de educação da turma da mais velha, o que me preenche uma agenda já de si carregada com umas reuniões extras.

Mas ao ler estes "Convites" fica-me sempre a dúvia do porquê de serem tão esclarecedores quanto ao conteúdo da reunião.

Será para:

1-Não criar muita expectativa?
2-Não fazer listas de temas demasiado exaustivas que depois não se siga à risca e leve a reclamação de algum pai irritado?
3-Listar os temas a tratar pode levar a pouca adesão à reunião?
4-Criar suspense?
5-Permitir abordar assuntos não mencionados?


Hoje estou CONVOCADA para uma reunião da APEE - EB...
Contém os 2 pontos anteriores acrescidos de pontos com siglas que também adoro!

Ponto 3: Preparação da AG Extraordinária

Agendado!
Espero não me esquecer!


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Porquê?


Alguns porquês que nunca terão resposta....pelo menos para mim equipara-se a uma pergunta quase na mesma bitola da "Como começou a vida ?!" ou "Quem nasceu 1º o ovo ou a galinha?"...
....às vezes dá-me assim para me pôr a perguntar a mim própria certos factos ....

Porque é que.....
 ...quando vamos calçar as crianças nos dão sempre o pé contrário ao sapato que temos na mão?
 ...quando estamos para sair de casa é que ficam entretidas a brincar?
 ...antes de ir para a cama se lembram que falta fazer mil e uma coisas?
 ...querem sempre ajudar no que não é suposto?
 ...para o que podiam fazer sozinhos ainda querem ajuda?
 ...nem que venham de uma festa, assim que entram no carro dizem que têm fome e sede?
 ...quando vamos ao médico ou hospital, ficam melhores logo na sala de espera?
 ...resistem em ir para a banheira e depois não querem sair de lá?
 ...não ouvem à primeira, aliás à segunda ou terceira?
 ...não reconhecem as palavras "espera", "calma", "pára", "está quieta"?
 ...insistem em chamar a mãe que está noutra divisão da casa quando têm o pai mesmo ao lado?
 ...nos perguntam uma coisa e depois fazem o contrário?
 ...quando a mãe sugere "vai pedir ao pai", respondem "afinal já não é preciso"?
...esperam do lado de fora da casa de banho pela mãe?
...chamam "Mãe?" e quando respondemos "Diz" já nem sabem o que queriam?
 ...acordam ainda mais cedo ao fim de semana?
 ...nos acordam para perguntar se podem ir para a sala, ou se podem tomar o pequeno almoço?
....de repente vindo do nada, arde aqui, doí ali, e nós não vemos nada?
....desatam a correr quando queremos que fiquem perto de nós e andam devagar quando é suposto despacharem-se?

Claro que algumas destas vão mudando conforme a idade, outras felizmente já não se verificam mas muitas ainda se aplicam cá por casa....
Será só na minha?!?!?

Acho que é uma espécie de teste à nossa paciência....

Há quem diga que as crianças (e suas artimanhas) experimentam o mundo para crescer, e isso certamente implica muitos desafios aos pais.....no fundo crescem eles e nós!





terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Não há sistema de saúde que me valha!


Balanço de 2ª feira, 13:

Manhã sem escola para a I. Vida de ginasta tem destas coisas. Fortes dores de costas ao sentar....
Marcação de fisioterapeuta.

Veterinário com o Nico, o Porquinho da Índia de 7 meses mais coisa menos coisa. Consulta por especialista de animais exóticos...ao que parece tudo o que mexe e não é cão ou gato entra nesta categoria....Raio(s) X à boca, para averiguar diferença do tamanho dos dentes e possível abcesso....Raspagem de uma ferida para esfregaço microscópico de pesquisa de ácaros.....Desparasitação por injeção.....Ácidos gordos para o pelo...Aguardamos ainda análise feita a pesquisa de fungos em consulta anterior..... Ganhou peso, 50g.....Recomendações alimentares.....e após 1h30, duas receitas na mão para a farmácia e contacto telefónico do veterinário para depois ligar a dar feedback das melhorias.....

Tarde de sofá para a I, a terminar com 1 hora de fisioterapia e várias ligaduras funcionais. Contratura muscular.

Consultas de rotina de Pediatra para ambas. Medir e pesar. Exames de rotina, visão, ouvidos.
Meninas bem e recomendam-se! Uma em modo percentil alto como sempre, alta e elegante, a outra a rondar os mínimos. Recomendações para não arreliarem a mãe. R considera a parte de medir a tensão a sua favorita.

Fazendo contas à vida e a esta 2ª feira.......não há sistema de saúde que me valha!
Começo a achar que o Nico devia fazer parte do agregado....talvez ter ADSE, ou um seguro, ou as despesas de animais domésticos deviam entrar o IRS.....
É que gastei mais com ele do que com as meninas juntas entre fisioterapia e pediatra!!!!!!!!!


Então,
tenho o Nico a antibiótico, 10 dias, 2 vezes ao dia.
Vitamina C (igual à das crianças), 30 dias
Ácidos Gordos, 30 dias
Tudo medido à seringa e em quantidades diferentes.

Eu bem disse que preferia um gato!



Pelo menos tenho as meninas bem!!!!!
Ou corrigindo, a I com dores de "ossos do ofício", e mais uns dias de repouso sem ginástica, e a R com costas de ginasta, mas ambas cheias de genica!

Começo a pensar, então o porquinho da índia está medicado com ácidos gordos, para o pelo mais saudável e bonito e eu, cremes de beleza, massagens, cabeleireiro e tal, não?!?!? Se calhar não preciso, é isso!
É que ele é exótico, eu não!





2-52 - Superar medos


No rescaldo do Força miúda....
Tarde de nervos, mãos suadas e coração acelerado.
Treinos bem sucedidos.
Aquecimento final sem conseguir fazer os mortais. E logo os dois....
Termina o período de aquecimento e pronto é agora.....
Uma esperança que olhe para a bancada para lhe levantar o polegar, ou os dois, em jeito de força.
Mas nem sei se é bom se é mau....se mais valia nem nos ver....aparentemente até estava a correr bem antes de chegarmos.....
Mas ela viu e respondeu com o mesmo gesto.

E começa a minha voz interior a martelar "Vais conseguir, vais conseguir, anda lá, tu consegues".....
E  horas de treino resultam em 13 segundos na 1ª série. E fez o mortal, mas nem sei se encarpado ou engrupado....só sei que fez!! E que para ela desfez-se um bloqueio!
E caiu de pés. E eu filmei!

Depois mais uns minutos de ansiedade. Algumas colegas caem, outras não fazem mortal, uma magoa-se num pé......e é a vez dela outra vez....para a 2ª série.
Engulo em seco, e quase nem punha a máquina a filmar.....mas lá consegui a tempo desbloquear eu também!
E mais 8 segundos sem respirar. 3 saltos por esta ordem: extensão, carpa e mortal. Aterrou de pés. Não caiu. Não se magoou. E já está!
Feito!

Duas boas pontuações. Um total de 55.2 pontos.
Um sorriso de orelha a orelha na minha menina.
Sensação de dever cumprido.
Olha para nós. Batemos palmas. A irmã diz "Ela conseguiu!".
E está feliz!

Agora o resto...se a nota dá ou não para as qualificativas dos nacionais, se não chegou para medalhas individuais, se por equipas mereciam o 3º do podium, mas há outras regras a cumprir....na verdade não interessa muito....

Ela está feliz por ter feito o que lhe foi proposto. Por não ter bloqueado. Por não se sentir frustada.
E isso para mim basta!

(no rescaldo ao ver os vídeos, ela já achava que afinal podia ter aterrado melhor, sem passos à frente...mas para quem achava que não conseguia fazer os mortais...)

Ah, e nesta foto, em fase de treino, acha que ainda não tinha subido tudo, pelos vistos não captei o momento ideal....mas foi o possível para uma mãe em modo nervoso miudinho.




segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pavlova à moda da casa


O mini masterchef australia está a despertar interesses culinários nas meninas mini da casa.
Não sei como aquelas crianças de palmo e meio entre os 9 e os 12 anos cozinham daquela maneira.
A mim a autonomia na cozinha das minhas mini chefs ainda me causa alguma preocupação.....óleo quente, água a ferver, facas, chegar aos armários em cima de bancos...

Mas numa destas sessões fiquei eu com vontade de fazer uma sobremesa, logo eu que sou mais dos salgados. A pavlova e suas diferentes variações fez-me crescer água na boca....

Após alguma pesquisa e adaptações, segue-se a receita da Pavlova à nossa moda:

Ingredientes:

4 claras de ovo
16 colheres de sopa de açúcar
1 colher de chá de vinagre
2 colheres de chá de farinha maisena

200ml de natas frescas
2 colheres de sopa de açúcar em pó
Fruta a gosto

Preparação:

Bater as claras de ovo até  ficarem em castelo, mas não demasiado firmes.
Adicionar  o açúcar e bater um pouco mais com a batedeira. Juntar o vinagre, a maisena e envolver cuidadosamente com uma colher de pau.
Forrar um tabuleiro com papel vegetal. Com a ajuda de um prato desenhar um circulo no papel vegetal e sobre o circulo colocar a mistura de claras de modo a formar um disco.
Levar a forno a 180ºC. Assim que se coloca a mistura de claras no forno regular para 150ºC e deixar cozinhar cerca de 30 minutos. Desligar o forno e deixar até arrefecer completamente.
Depois de fria colocar a Pavlova num prato de servir.

Bater as natas com o açúcar em pó até ficar em chantilly.
Colocar sobre a pavlova.
Decorar com fruta a gosto.

(nesta usei framboesas, mitilhos, amoras, kiwi e a polpa de 2 maracujás que faz toda a diferença para dar um travo mais ácido e envolver a restante fruta)

E o resultado foi delicioso!


Até tive direito a uma versão de prova tipo masterchef....
Crocante por fora, macio por dentro, a cremosidade das natas....


Para as meninas houve uma ligeira adaptação. Fiz uma mini-pavlova (já coloquei a cozer no forno em formato mini).
A uma pequena parte do chantilly adicionei 3 ou 4 colheres de chocolate em pó.
A mini pavlova foi revestida com o chantilly achocolatado e para decorar uns marchmallows.
Claro que esta versão é bem mais calórica e doce.
Ainda assim a R só gostou da base da pavlova e a I metade da mini, ou seja micro pavlova!
(Não são muito de doçarias as minhas meninas)

E pronto, ficou a pavlova de fruta só para os pais.....que pena!




domingo, 12 de janeiro de 2014

Força miúda!


Dia de prova de duplo mini trampolim para a I. Campeonato distrital.
Até o nome já assusta!
Duas séries, dois mortais, um engrupado outro encarpado......

Começa o nervoso miudinho.....o dela e o meu.....
Tenho um aperto no peito ou um nó na garganta, nem sei bem....
E depois tudo acontece em meia dúzia de segundos e 3 saltos.

Lá vou eu com a missão de filmar para que depois ela própria consiga ver.
Confesso que quase filmo de olhos fechados.
Assisto à parte da corrida de balanço com o coração prestes a sair da boca, e acho que só respiro novamente quando os pés tocam no colchão.....

Só posso dizer "Tu consegues, acredita!".

Mas entendo-lhe as preocupações e os assaltos de medo....
Mais do que tudo só quero vê-la feliz!

Lá vamos nós a caminho de Sangalhos!

sábado, 11 de janeiro de 2014

Xô sonhos maus!


A R sempre gostou de dormir na cama dela, de ter garantido qual o sítio a que podia chamar de "seu". Mesmo em férias ou na casa dos avós a primeira coisa que queria saber era onde ía dormir, qual o espaço que lhe era destinado.
Em casa sempre foi assim. Adormecia sozinha na cama dela desde tenra idade.
Passada a fase de bebé, nunca ou raramente precisava de dormir na nossa cama.
Nunca teve o hábito de lá ir ter a meio da noite ou de manhã.
Geralmente chama-me para ser eu a ir ter com ela.
Agora gosta de companhia para adormecer, mas continua a preferir o seu espaço.

No entanto faltava-lhe qualquer coisa.
Algo que a ajudasse a dormir melhor, a não ter sonhos maus.

No nosso quarto temos um "Dreamcatcher" ou "Caçadores de sonhos", um amuleto da cultura índigena.
Aliás havia um em cada quarto,....mas os das meninas não sei com que força da natureza foram desmantelados.....


Ela achava que se tivesse um deixava de ter sonhos maus
Não que tenha muitos, mas há dias em que lá fala de noite ou alguma coisa lhe atormenta o descanso ou a excitação do dia foi muita.
(não sei porque dizemos sonhos maus....afinal são na verdade pesadelos....já que sonhos é quando são bons.....mas a palavra pesadelo torna tudo mais pesado)

Quando um desses sonhos maus assalta o sono, tenho o hábito de dizer coisas boas para afastar para longe visões de tudo o que seja mau.
Numa destas listas que lhe costumo sussurrar ao ouvido que vai desde "Brincar, estar com os amigos, beijinhos, miminhos, arco íris, praia, etc" à qual ela própria acrescenta alguns, meia a dormir meia acordada, estava eu lançada entre "animais fofinhos" e "mergulhos na piscina" quando ouvi "Pronto mãe agora já chega" e adormeceu.

Tendo em conta que estas listas de coisas boas costuma ser enunciada após o sonho mau e não como prevenção, nestas férias comprei um "Caçador de sonhos" para cada uma das meninas. Mas estes já não são como os anteriores, que tinham sido mesmo feito pelos Índios de uma tribo longínqua e trazidos desde o outro lado do mundo. Mas são sem dúvida mais coloridos!

Há alguns dias atrás e depois de 2 ou 3 noites com sonhos maus, disse-me 
"Oh mãe, acho que aquilo afinal não resulta, ou então está avariado....hoje tive outro sonho mau!"

Disse-lhe que ele não estava onde devia estar. E era verdade.
Reza a lenda indígena que os "Caçadores de sonhos" devem ser colocados na janela.
E assim foi, o da R mudou-se para a janela.
E os sonhos maus têm-se mantido mais longe.

Vamos manter o "Caçador de sonhos" na janela...e os sonhos maus ao largo.






sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ninguém disse que era fácil....


"Um castigo não é uma forma de educar e incutir responsabilidade. É uma forma de quebrar relações e promover emoções como culpa, vergonha e raiva. Pode ser uma solução rápida e eficaz, mas se pensares bem nos reais efeitos, o mais provável é que descubras que não estão alinhados com a tua intenção como mãe/pai/professor." ( Fonte )


Ler isto hoje fez-me recuar no tempo.
Há alguns anos atrás recebi um telefonema da escola da I. Tinha ela 6 anos.
Pelos vistos tinha estado envolvida num episódio de atirar pedras para a rua, com outras crianças.
Depois da minha primeira reação de puro espanto, e de ter perguntado se tinha a certeza que era da minha I que estavamos a falar, responderam-me do outro lado da linha que por vezes não conhecíamos assim tão bem os nossos filhos.....Fui convidada a ir à escola a uma hora marcada para falar com a diretora, porque esta achava importante que estivessem juntos crianças, pais e alguém da escola.
Lá fui de coração apertado e munida de uma certeza inabalável de que não era a I.
Lembro-me de entrar no gabinete da diretora. De ser a única mãe presente. Os outros pais não tinham conseguido ir. Entraram então os 3 ou 4 "terroristas". A minha certeza ficou ali desconcertada.
Os meus olhos estavam fixados de tal modo nos olhos da minha I , que não me lembro sequer quem eram os outros meninos ou  meninas.

Mantive-me calada. Olhos nos olhos com ela, enquanto a diretora lhes fazia perguntas e os amedrontava e ameaçava. Falou também a professora alertando para o perigo da situação.
Íam falando os miúdos, tentando justificar, tentando minimizar. Dos olhos da I lia-lhe para além das lágrimas, o medo, uma angústia pelo que tinha feito e talvez pelo que estaria para vir.

Por fim, era a minha vez de falar. Mas eu não era mãe dos outros. E com a minha filha falaria depois.
E foi só o que disse. Notei que a Diretora ficou surpreendida. Esperava talvez que eu desse ali um sermão à frente de todos. Mas não. Peguei na mão da I, e disse apenas que o que teria a falar com a minha filha seria só com ela. A escola já tinha feito o seu papel, mas sei que esperava castigos.

Assim que saímos a I entre lágrimas pediu desculpa.
Era a primeira vez que me deparava com uma situação destas.
Perguntou-me qual seria o castigo.
Peguei nela ao colo.
Não levantei a voz.
Perguntei-lhe se ela achava bem o que tinha feito.
Na sua inocência respondeu que não tinham acertado em nada nem em niguém....que só tinham atirado as pedras....
A única coisa que lhe disse foi " Sabes que podias ter magoado alguém que fosse a passar? Imagina que era eu com a tua irmã ao colo?". Talvez tenha colocado ali uma realidade muito forte de imaginar....
Ali, naquele momento achei que não haveria castigo.
Em casa, a nossa decisão de pais foi que apenas existiria uma conversa com ela.
E assim foi.
Calmamente apenas dissemos que sabíamos que não era da natureza dela fazer aquilo.
Que deveria começar a aprender a pensar por ela no que estava certo e errado. E que sabíamos que ela os conseguia distinguir bem. Que não devia ir atrás dos outros, mas pensar por ela própria.
Que sim, era grave o que tinha feito, mas confiavamos nela o suficiente para saber que não se ía repetir. Que a escola tinha regras e essas eram para cumprir.

(ao contrário do que a diretora me disse ao telefone, nós conhecíamos a nossa filha)

Nunca mais houve uma situação parecida.
Este episódio ficou arrumado.

A I passados 5 anos, falou-me disso. Lembrava-se. "Vocês foram os únicos pais que não deram um castigo!" E nesse momento eu tive a certeza que tinhamos feito bem.
E sei que surtiu muito mais efeito o voto de confiança que lhe demos.

Ainda hoje não sou defensora dos castigos.
Raramente uso a palavra castigo.
Muito menos aplicada a períodos "longos" de tempo, como  "Ficas uma semana sem ver TV".
Um dos problemas dos castigos é aplicá-los, cumpri-los, isto pela parte dos pais.
Já me aconteceu ter dito "Agora por hoje terminou a TV" e mais tarde esquecer-me eu disso....e serem elas a dizer "Mas então eu afinal posso ver?!".....e depois então lá cai tudo por terra.

Salta-me a tampa muitas vezes. Levanto a voz outras tantas. Estou muito longe de ser perfeita.
Mas prefiro tudo resolvido na hora.

O contar até 10 não chega, aliás por vezes a contagem nem começa, e sinto-me como a tempestade Hércules.....no meio do mar já de si agitado lá vem uma onda imprevista e fora de controlo, que sai dos limites estabelecidos e espalha desordem e caos. A onda desaparece, aparentemente fica tudo mais calmo, mas depois há que reparar os danos...

Sei que já fui mais dotada do dom da paciência. E talvez até do dom da negociação.
Mas continuo a achar que conversar resolve muito e um abraço ainda mais.
Sei que sim, porque quando tudo acalma e sei que já me ouvem, a conversa termina sempre com um  "Adoro-te mamã!" e um xi-coração apertado.
E não ficam rancores guardados ou armazenados uma semana....

Espero estar certa....

Para já só sei que apesar de muita agitação e energia, a I tem espírito crítico.
Sabe o que está certo e errado.
Vai tentando, apesar de tudo, pensar pela própria cabeça.
Tem incutidos muitos valores.
É responsável.

E deixa-me cheia de orgulho!












quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Quem canta seus males espanta!




Então tenho por cá uma muuuuuuuuuuuuuiiito feliz!!!
De tal maneira que dou comigo a dizer " Ai ó filha cala-te só um bocadinho!" 
Eu sei, não devia.
Não só estou a travar uma carreira promissora no mundo das artes, como sei que daqui a uns anos vou ter tantas saudades destas cantorias......

Estamos na fase "Violeta" ao rubro. Digamos que até eu já sei partes das letras de cor.
Ela sabe-as de salteado!! Brilhante forma de aprender espanhol, embora não tenha tanta certeza se ela entende o que canta....

Vou tentar deixá-la ser sempre feliz!!!! Tentar não, porque li há dias que tentar é o mesmo que não fazer, que quando usamos a palavra "tentar", é uma desculpa para o caso de não fazermos.....

Por isso Canta R! Sempre!
Além de que quem canta seus males espanta....e os dos outros também!



quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A arte da mímica



R prepara-se para iniciar uma mímica para eu adivinhar do que se trata.

"Mãe, vê lá se descobres este!"

Bem, comecei por adivinhar que tinha 2 rodas e havia uma coisa qualquer para empurrar....

E como dali não saía a R já em estado de "Oh mãe não se está mesmo a ver o que é!" ajudou e disse: "As pessoas saem de lá quando voam!"
Muito prontamente saiu-me: "Avião!"
E claro...não era....e a criança manifestou a sua séria preocupação com o estado da mãe: "E por acaso as pessoas voam quando saem dos aviões?!?!?"
Pois, está claro que não, onde tinha eu a cabeça??? As pessoas só voam dentro dos aviões!

Pronto desisti. Não me ocorria nada de onde saíssem pessoas a voar.

Ela então revelou o grande mistério:

" É um canhão mãe!"

(Na verdade a única vez que viu um a funcionar foi no circo, com um homem bala!)

As crianças têm sempre razão, ou isso ou a nossa visão do mundo é muito pouco interessante!



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Teletransporte


Viajei da janela.
De repente, num segundo fui teletransportada para Amesterdão.
Tenho esta vista todos os dias, de uma das janelas da casa. Talvez nunca lhe ligue muito. Não deste ângulo.
Quando conheci Amesterdão choveu muito. Era inverno puro e duro. Escurecia cedo. Talvez não existissem esplanadas na rua. E havia bicicletas. Muitas!

Hoje num instante, numa fração de um segundo, olhei lá para fora enquanto fechava a casa para a noite, e estive em Amesterdão. E que bem me soube!
Se calhar bastou aquela bicicleta ali parada, ou a estrada molhada, ou a noite cinzenta e chuvosa....
Não sei o que foi. Mas bastou para uma viagem da mente.


domingo, 5 de janeiro de 2014

1-52 Dancing in the rain


1-52

Como previa, foi difícil escolher um momento da semana, para o desafio 2014..e mais difícil ainda escolher apenas uma foto...
A primeira semana do ano, apesar de chuvas, temporais e muito tempo por casa, teve tanto de bom.

Uma ida à Lapónia;
Convívio com amigos para afugentar o ano velho e dar as boas vindas ao novo;
A mais velha quis surpreender e fazer o jantar. A irmã obviamente apareceu para ajudar;
Costuras no meio de meadas e novelos;
E no meio das saídas de rotina, ficou este o momento da semana porque nada fazia prever que fosse acontecer. Estacionei o carro nas traseiras, e antes de entrar em casa, ouço a I dizer:

"Sempre quis fazer isto!" e desta vez já tinha umas galochas!
Chovia que Deus a dava, mas porque não?!!?
Valeu por este sorriso que diz tudo!





sábado, 4 de janeiro de 2014

Meadas e novelos


Kits de costura para criança.
Botões. Agulhas e Alfinetes. Tesoura e Dedal.Tecidos coloridos.

E de repente, outra memória de infância....

Desenrolar meadas de lã para as transformar em novelos.

Tantas e tantas vezes fiz isto.....segurava nas meadas de braços esticados, enquanto a minha avó, ía puxando pela linha e enrolando a lã num novelo. Lembro-me de dar um jeito a cada pulso à medida que a linha lá ía chegando e de me começaram a doer os braços na proporção exata do tamanho da meada.
Tinha esta memória tão lá escondida, enrolada num novelo sem ponta solta.
Lembrava-me de tricotar, de aprender os pontos de manta de gato e o inglês para fazer camisolas para as bonecas enquanto ela fazia carapins e casacos a sério, mas faltava este "antes disso".

Mas de repente, uma ponta soltou-se quando uma das meninas desfez uma meada não de lã mas de fio.
E fui teletransportada para esta memória num click.
Então ensinei-as a fazer novelos.
Acharam tanta piada que quiseram fazer a todas as meadas de linha. E lá aprenderam o jeitinho que se dá ao pulso. E que só se deixa cair a meada quando sobra só uma linha, caso contrário fica tudo embaraçado.

Claro que sendo estas meadas muito pequenas não chegou para grandes novelos nem para lhes doerem os braços, mas foi o bastante para muita risota!

Depois veio o costurar. O cozer botões. O dar nós para rematar.
E a parte pior: enfiar uma agulha!

Nem sempre os melhores momentos vêm de brinquedos complicados e cheios de instruções.....


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Desafio 2014 decidido!

E pronto.
Está decidido o meu projeto/desafio 2014.

"52 Coisas simples em imagens". 52 semanas. 52 coisas simples. 1 por semana.

Fotografar coisas simples.
Aquelas que nos fazem realmente felizes. Nem que seja por breves instantes. A mim, a elas, a nós!

Sorrisos. Olhares. Rir muito. Abraços apertados.
Um pôr do sol. Uma paisagem. Um passeio. Uma chávena de chá. Um livro. Um dia de Sol.
E por aí fora.....

Vamos ver o que sai!

Ainda que pareça uma tarefa difícil,....sei que haverá semanas com tantos por onde escolher, outras com pouco, mas se olhar bem sei que os encontro!

.

Ainda em jeito de balanços


No dia 1 janeiro de 2013 esteve sol.
Fomos à praia.
Escrevemos desejos para esse ano na areia.
Eu escolhi 3, retratado como momento 1 escolhido no Top 12-2013
As meninas outros, embora influenciados pelos meus, já que nestas idades pedir Saúde não será a primeira coisa que lhes passa pela cabeça....
Cada uma escreveu também 3 desejos.

I
Um animal
Boas notas
Saúde


R
Uma casa com escadas
Boas notas
Saúde
(estes 2 últimos influenciados pelos desejos da irmã)


E olhando para trás, a I realizou todos os desejos e nem se lembrava quais tinha escrito. Muito menos que tinha desejado ter um animal.

À R....faltou-lhe a casa com escadas, mas no fundo se contarmos com a de Lego que recebeu, lá está concretizado! Ela na verdade não explicou que tinha que lá viver!

Este ano não fomos escrever os desejos na areia...a chuva faz destas coisas, até porque não moramos ao lado do mar...senão acho que tinhamos ido de guarda chuva e tudo!

Quanto aos meus, também se realizaram, nuns dias mais que noutros, mas em balanço foi até bem recheado.

Qualquer dia é bom para escrever desejos na areia. Esperamos pelo próximo dia de sol!









quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2014 está aí!

Resoluções novo ano.....

2012 foi ano do projeto 366 (uma foto por dia de cada menina, ou )
2013 ano do frasquinho com coisas boas que acontecem durante o dia (também um por menina)

2014 ainda está em aberto, mas para começar tenho dois pendentes:
- Terminar os livros do projeto 2012 (tem mesmo que ser)!!!!
- Transformar os muitos papelinhos do(s) frasco(s) em livro(s).

Quanto a projeto 2014....preciso de decidir....e rápido que hoje já é dia 2!

Mas enquanto o projeto palpável está a marinar, fico-me por este pensamento.
E sei que se o conseguir fazer será um ano em cheio!


E quanto a resoluções, não pretendo fazer listas. As listas compridas com grandes desejos chegam ao fim do ano com poucos vistos, o que me deixa frustada pelo que não fiz....

Mas gostava de seguir alguns pensamentos do Dalai Lama:

"Fique algum tempo sozinho"
"Uma vez por ano, vá a um lugar onde nunca esteve antes"
"Dê a quem ama asas para voar, raízes para ficar e motivos para ficar"
"Abra os braços para a mudança mas não abra mão dos seus valores"
"O maior juiz das suas ações deve ser você mesmo e não a sociedade"
"Lembre-se que o silêncio às vezes é a melhor reposta"
"A felicidade não é algo que apareça pronto a consumir. Vem a partir das nossas próprias ações"
"Nunca estaremos em paz com o mundo exterior se não estivermos em paz connosco"
"Hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver"
 

E se conseguir pôr em prática alguns já era tanto! Tanto, tanto para um ano em cheio!
Venha 2014!



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

TOP 12 2013

Seguindo o ritual, chegou a altura do balanço anual em fotografias.
Escolher os momentos que entram no TOP 12 de cada ano. Este o de 2013.

Não é sobre boas fotografias. Não interessa.
É sobre momentos que me fazem sorrir, que me trazem boas memórias, que me aquecem a alma.
Vale a pena abrir pastas no computador, já que quase ninguém tem imagens em papel, e vasculhar o ano em busca do que ele teve de bom e de muito bom! E descubro que afinal foi tanto! E dou comigo a sorrir em frente ao computador, a ser transportada para fora deste dia frio e cinzento e acompanhada de imensas recordações......e só por isso vale a pena!

E é díficil reunir só 12!
Este ano estive quase a aldrabar e a criar dois Top 12 distintos: 12 com meninas e 12 sem meninas.
Mas não. São 12 e pronto!
Uns meus, uns nossos a dois, alguns só a 3 e outros a quatro.

Este é o meu TOP 12 de 2013.Acho que foi bem recheado de coisas boas. E tantas imagens ficaram em fase de seleção para este Top.....é bom sinal!
Que 2014 seja pelo menos igual.

                                Praia no dia 01.01.2013. Dia de sol com desejos escritos na areia.



Uma grande surpresa!



                                                             Felicidade estampada num rosto.



                                                         Assistir a importantes conquistas!



                                                                       Alegria em estado puro.

                                                                              Cor


                                                                   A nossa Páscoa.



                                                                       Um caminho a 3.


                                                               Praia até ao pôr do sol


                                                                       Refúgios a dois.


                                                                   Sonhos tornados reais.



                                                             Bons momentos com amigos.

Cada Natal um livro


Já sabem que um livro é uma companhia.
Começaram desde pequeninas a tê-los por perto, mesmo muito antes de saberem o que eram letras e muito menos que as mesmas formavam palavras.

Gostavam de ver as ilustrações, ouvir histórias, de saltar páginas com bruxas más, de chegar depressa à última página para logo a seguir voltar à primeira, de abrir janelas mágicas, de colar autocolantes, de fazer festinhas a páginas com animais fofinhos, de ficarem deslumbradas com páginas cintilantes, de decorarem rimas e sons divertidos, e mais tarde da descoberta da leitura, geralmente acompanhadas de adultos.

Todos os anos por esta altura lhes dou um livro, geralmente sobre Natal, histórias de inverno, na neve, à lareira, e por essa razão conseguimos este ano embrulhar 24 livros para fazer o advento do Merry Reading.

Este ano não foi execção. Um livro para cada uma. Um com janelas e surpresas cintilantes outro para mais crescidos com alguns valores por lá metidos, de onde sai uma moral da história.

Seria o ideal para estes dias de chuva, mas nem sempre se lembram deles.
Do conforto de uma manta num recanto e a companhia de um livro. Eu gostava!

Geralmente nestes dias de chuva e vento em que não dá vontade de pôr pé fora de casa, é quando por natureza não sabem o que fazer, andam pelos cantos, chateiam-se uma à outra, implicam com tudo e todos, não sabem inventar nada para se entreterem, tudo parece uma seca, os filmes são sempre os mesmos, as séries repetidas e até os brinquedos novos do Natal parecem ter anos de existência.....

Preferiam a companhia de amigas para brincar.
Mas no primeiro dia do ano está tudo entregue às suas tradições e famílias.
Estranhamente (para mim) muitas vezes não sabem aproveitar a companhia uma da outra.
E lá dou comigo a inventar para entreter. Para tentarem estar um bocadinho entregues a elas, para se habituarem a imaginar o que fazer, porque continuo a pensar que sem a presença de um adulto não acham piada a nada....

.....e depois lá mais para a noite, já tarde, então lembram-se deles.....para ler antes de dormir, e às vezes lá ouvem, "E porque não se lembraram de ler mais cedo?!?!"

Ainda assim, vale a pena mantê-los por perto.
Já se habituaram à sua presença. Gostam de os requisitar, das estantes da Ludoteca com tantos por onde escolher. De vaguear a ver capas e livros nas livrarias. De passar do ouvir histórias para o ler!
A mais nova gosta de ler para alguém. Ou de ouvir de alguém. Ainda não descobriu o ler para ela.
A mais velha já lê sozinha e muito, e gosta de partilhar o que leu. Já lhes entende a companhia.

Que o hábito fique.