quarta-feira, 30 de julho de 2014

27-52 - Sunshine

Não haverá nada mais importante para uma mãe do que ver um filho feliz!
De brilhozinho nos olhos, de sorriso sincero, de coração cheio.
E tantas, mas tantas vezes essa felicidade não está nas nossas mãos.
Pudessemos nós mover mundos e fundos...
Pudesse essa felicidade depender de nós...
Às vezes resta ser o ombro do consolo, o colo para as lágrimas das desilusões.
Faz tudo parte do crescer.
Já houve dias assim.
 
Se tiver que escolher, prefiro os dias com abraços apertados que transbordam felicidade.
Os saltos de alegria.
Esta semana foi importante.
A I teve boas notícias.
Merecidas.
Alcançou o que queria.
Acima de tudo percebeu que nem sempre basta querer.
Não basta sonhar.
Há trabalho; esforço; dedicação.
Há tentar e não desitir.
Há ultrapassar medos. 
Há acreditar que é capaz!
Há adquirir confiança...principalmente nela própia. 

Se por vezes há circunstâncias que nem sempre se ultrapassam também há momentos em que tudo se conjuga.
Pode ser difícil, mas nem sempre é impossível.
Há dias assim, em que a vida nos brinda e surpreende. Ou apenas nos retribui o esforço.
Dias em que o sol brilha mais.
Ficou feliz!

Podem ser ou parecer pequenas coisas, mas se para elas são importantes, para mim passam a ser  enormes!
E afinal, são as alegrias somadas, as conquistas, os sucessos e o reconhecimento que nos arrancam sorrisos sinceros.

Eu fiquei feliz por ela.
De coração cheio por ver a R feliz pela irmã.
 " Parabéns mana! Hoje foi um dia feliz!"
E sei que foi do mais sincero que há.

E que o sol lhes brilhe sempre.
E acima de tudo que lutem por esse brilho.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Vá-se lá entender....

Depois de uma semana a 4, confinados a menos de meia dúzia de metros quadrados, em que as meninas estiveram apenas a meio metro de nós, se tanto (quebrando-se esta regra apenas na praia, mas sempre debaixo de olho) segue-se uma semana em que a distância que nos separa são 150km.
Elas fora, nós em casa.

Estar a dois em casa é estranho.

É pôr a mesa com metade da toalha.
É saltar o jantar e comer uma tosta.
É a máquina da loiça que nunca mais enche.
É alugar um filme na TV às 21h30 e conseguir vê-lo.
É silêncio.
É não ter luzes de presença ligadas.

Por este dias, posso dormir no sofá ao fim do dia.
Posso.
Mas não consigo.

Estes dias sem as minhas crianças, realçam os sons das crianças dos outros.
Reparo mais no choro da bebé do 2º andar. Na menina que toca flauta no R/C. Ouço as vozes e risos das casas vizinhas. Os miúdos na rua a marcar golos na porta da garagem.

Descobri que tenho algures em casa um relógio que faz tic-tac. Estranho é que não sei onde. Mais estranho é que não me lembro da última vez que o ouvi!
Intensificam-se os meus zumbidos, que não me deixam ouvir o verdadeiro silêncio há já uns anos.

Estes barulhos do silêncio fazem a casa mais vazia.

(Isto pode parecer estranho vindo de mim que em oposto ao silêncio costumo ter meninas "oh mãe!", de minuto a minuto....)

Não consigo estar parada.
Se em tempos me dava bem com o sofá, agora não me consigo sentar e simplesmente lá estar....Passam-me listas mentais do que terei para fazer. Há tanto para arrumar, organizar....em casa, no computador, na cabeça! E agora é que era, que elas nem estão cá!
Não consigo estar sem nada para fazer, mas por outro lado não me apetece fazer nada.
Vá-se lá entender....

Acho que vou ter que viver neste dilema durante a semana toda.
Talvez reduza a minha lista mental de coisas para fazer.







segunda-feira, 28 de julho de 2014

Aterrar


Apesar de ter sido só uma semana, adaptei-me depressa....
Foram dias a quatro.
Costumo vir de férias com crianças a precisar de férias.
Não foi o caso este ano. Não sei dizer porquê.

E agora o que custa mais na segunda feira a seguir a uns dias de férias?

- Desfazer malas.
- Voltar à terra.
- Horários.
- Acordar e pensar no que vestir.
- Abandonar os chinelos.
- Mudar cheiros, sons e cores.
- Deixar o mar.
- Ir às compras para atestar o frigorífico.



Haverá mais dias úteis em férias. Lá para meados de Agosto e a espreitar Setembro.
Será diferente.
Outra terra.
Outro calçado. Talvez sem chinelos.
Outras cores.
Outros cheiros e sabores.

Desta vez será a dois.
E já tenho um friozinho na barriga.





domingo, 27 de julho de 2014

Voltei


6 dias de férias e umas quantas máquinas de roupa depois, estou de volta.

Julho tem sido preenchido. 
Ocupado. Cansado. Feliz. Confuso. Problemático. 
Assim num misto quente e frio, a fazer pendant com o clima.
Dividiu-se entre atividades das meninas, rotinas, logísticas, reencontros, novidades, trabalho, passeios curtos, saudades, eventos desportivos e ....... férias !
Está quase no fim.

Nestes 6 dias estive por perto, mas senti-me longe.
Desligada de tudo.
Não vi notícias.
Não li um jornal.
Não vimos televisão.
Estive ligada à net apenas por breves instantes
Deixei o relógio.
Andamos ao sabor da fome e do sono.
Perdi o rasto dos dias da semana e dos dias do mês.
(tanto que me ía escapando o aniversário do pai da casa)

Foram dias aproveitados até à última hora.
Talvez por isso souberam a tanto!


Não tive net, mas tenho sempre papel e caneta - vícios...
Espera-me a escrita. Esperam-me as fotografias.

Mas para já, espera-me um caril de frango!



sexta-feira, 18 de julho de 2014

Avô

Hoje tenho frio.
Um frio que vem de dentro.
Pés gelados.
Lágrimas a bailar.
Angústias.
Coração pequeno, apertado.

Hoje encontrei uma fotografia do meu avô, por acaso, enquanto procurava outra coisa.
Hoje.
Logo hoje.
Na fotografia, em formato cartão de agradecimento pela presença num dia de despedida, estava uma
data: 18 julho 2011.
Hoje, 18 julho.
Hoje, 3 anos depois.

Talvez não pense nele todos os dias...
Raramente fixo datas de partidas.Talvez seja uma defesa.

Não me lembrava do dia de hoje.
Mas hoje o meu avô esteve ali comigo naquele bocadinho.
"Ouvi", o seu "Ó mor", como carinhosamente me chamava.
Acalmei.
Respirei fundo.
Encontrei o que estava à procura.

Sei que hoje o tenho comigo.
Talvez existam estas coincidências.
A palavra que mais gosto é esta "Serendipity".
Estou  melhor.
Muito melhor.








quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sob um ninho de vespas....


"Adoro o campo, as árvores, as flores...."
É verdade, mas Efectivamente, não gosto dos pequenos seres vivos que acompanham este cenário gracioso e idílico de natureza. Escapam talvez as borboletas e libelinhas.

Se é certo que não estava com grande vontade de sair de casa, também é certo que afinal estava a ser divertido e até decidimos adiar o regresso a casa depois das Farturas da Tânia, para ver o famoso fogo de artifício no Mondego.

12 Julho, noite de Super Lua.

Passaram-me por uns segundos as notícias recentes de alguém que caiu da montanha russa e de carrosseis sem parafusos, etc....
Decidi afastá-los da minha cabeça e avançar sem medos.
Houve viagens de carrossel para todos os gostos.
Fomos à lagarta as 3 a gritar de braços no ar para dar mais adrenalina ao momento.
Mais umas quantas voltinhas, ora em avião, ora em motas e cavalos.
Carrinhos de choque com o pai, que a mãe não gosta. Às vezes as mães são uma seca.
Ficamos a olhar para as outras atrações que exigem mais alguma dose de locura coragem. Fica para o ano.
Algodão doce. Dedos lambuzados.
Farturas quentinhas.
Feito.





Uns minutos para a meia noite.
Bem, já que cá estamos vemos a pirotecnia.
Ah que lindo e tal. Uau, diziam as meninas.



E vai que dali a uns curtos minutos, passava da meia noite, portanto era dia 13, desata um menino a chorar. Foi o início.
Uns gritam abelhas! outros gritam é do fogo!...
E nós corremos. Sem perceber logo o que era.
Deixamos o fogo pelas costas, e na dúvida do picava ou queimava, só sei que doía.

Sob o ataque de um ninho de vespas!

Depois de sacudir roupa e cabelos, descalçar um sapato à mais nova, ver vespas a sair da carteira e tentar acalmar, saímos apressados, desnorteados e doridos em direção ao carro.
Sair dali passou a ser o mais importante! A pirotecnia continuava impávida e pouco serena, no seu final estrondoso!

Nos entretantos, uma simpática senhora das farturas trouxe ao carro uma garrafa gelada; O arrumador organizou esforços, embora em vão, para que tirassemos o carro do estacionamento entupido, o  mais rápido possível.

E a R, passada a agitação do episódio, e o facto de achar que eram os foguetes que lhe subiam pelas pernas acima, já no conforto do sofá e de gelo nas picadas, concluiu:
"E afinal nem fomos buscar mais farturas para levar para casa"....
Olha, pois é.... mais valia!

A reter: Não juntar noite de Super Lua com Fogo de Artifício à Beira rio!; Geralmente nas Feiras há paramédicos (teria sido bom saber antes de irmos para o carro); Nas roulotes de farturas e afins não há gelo. Roupa fina não é boa ideia. Repensar calçado.

Um dia ainda nos vamos rir disto.....mas só quando passar a comichão.
Bem, rir não será o termo, mas teremos uma história para contar!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Eu gosto é do Verão!

Nunca sei dizer que estação do ano é a minha.
Mas sei que gosto do Verão.

Tardes descontraídas.
Conversas.
Amigos.
Pode ser piscina.
Pode ser praia. Prefiro.
Esplanadas em frente ao mar.
Cheiro a maresia.
Mergulhos.

Ontem não foi dia de praia, nem piscina, nem esplanada.
Aliás, nem tarde descontraída, muito menos com cheiro a maresia.

Mas foi noite de reencontrar "velhos" amigos.
De conversas.
E soube pela vida!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

26-52 - Fresh Herbs

Adorava ter um quintal.
Um recanto.
Uma sombra. Calma. Aromática. Fresca.
Teria um alpendre acolhedor, uma cadeira de baloiço, alfazema e verdes.
Serviria para dias quentes, fins de tarde preguiçosos e noites suaves.

Poderia estar só.
Poderia estar acompanhada. 
Poderia estar rodeada de amigos e petiscos, em torno de uma mesa de madeira. Noites de amena cavaqueira.
Poderia estar com as minhas meninas. Pintar. Jogar. Sempre a tal mesa de madeira.

Plantaria ervas aromáticas. Frescas.
Talvez framboesas e morangos.
Faria compotas, tartes e jantares de verão prolongados.

Falta-me o quintal, o alpendre, a mesa de madeira lá fora, a alfazema e a cadeira de baloiço.
Tenho uma porta-janela.
Tenho mangericão; cebolinho; hortelã; tomilho limão (este já teve melhores dias).
Basta-me abrir a porta. Não é o mesmo.
Mas o cheiro do mangericão e da hortelã, levam-me com eles.

A I disse há dias:
"É tão giro abrir a janela e ir assim cortar e usar logo estas ervas!"

Também acho.
É um bocadinho do tal recanto.
Algo fresco. Aromático. Verde.

Uma destas tardes de verão, vou expandir a plantação para a varanda, agora que as pombas a deixaram um bocadinho em paz.

Quem sabe framboesas e morangos?
Talvez uma mesa de madeira... e alfazema.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Manhãs submersas


Acordo mais tarde que o previsto. Ontem não alterei as horas do despertar.
O meu sono anda de tal forma profundo que não acordei com habituais ruídos matinais da casa ou vizinhança.
Continuo em modo alerta apenas para os chamamentos "Mamããããããã".
Esta noite não houve nenhum.
Sinto-me ainda submersa no sono. Misturo o despertar com fragmentos de sonhos.

Acordo-as em modo pressa. Estão submersas em sonos calmos.
Revejo lista de objetos/recomendações necessários para o dia que se segue. Tenho tudo.
Levo uma menina aqui. Levo a outra menina acolá.
Perco-me no caminho do acolá.
Páro na rua. Pergunto. A senhora desconhece o que procuro. E eu não sei explicar melhor. Desisto.
Troco de sentido.
Há-de ser por aqui.
A senhora a quem perguntei quando passei para um lado, aborda-me quando me vê passar novamente.
Ela própria mudou de lado. Parece até estar à minha espera.
- "Já sei o que a menina procura!".

Entretanto já tinha telefonado. Estava encaminhada.
Ouço a explicação.
Nunca é demais, e depois não tinha coragem de dizer à senhora que me tratou por menina que já não era precisa agora...
Valeu por este "menina".

Ainda assim escapa-me o sítio. Não está fácil.
Mais uma inversão de marcha.
Finalmente chegamos!

R diz mal sai do carro: "Tenho frio".
Logo hoje. Ontem tirei TODOS os casacos que tinha no carro. Na mala parecia ainda inverno.
Sei que não tenho lá nenhum. Ainda assim vou ver. Nunca se sabe se aparece um caído no meio dos bancos.
A R lança um olhar esperançado.
Decido rematar com um "Bem filha, só temos braçadeiras, guarda chuvas e guarda sol!"
Podia talvez ir buscar a casa....talvez não. Não. Não sei se tenho gasóleo para isso.
Pode ser que venham os tais 30 e muitos graus previstos pela meteorologia para esta semana.
Afinal pelo menos está sol.

Perguntam-me: "Trouxe lanche?!"
Mas era para trazer?! Só a mim.
Eu sei que não era. Revi a lista. Será que vi mal?! Será que o lanche era para esta filha?!
Pronto. Parece que era preciso mas não tinham dito.
Resolvem.
Do mal o menos.

Não me bastava ser a mãe que não leva casaco, agora era a mãe que não leva lanche?!
Estou submersa nesta manhã de segunda feira....
Abalroada por este(s) soco(s) de rotina matinal.










quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ora toma!


Isto dos ensinamentos de mãe tem que se lhe diga....
Há que ter cuidado!
Afinal elas ouvem!
E não é que volta e meia o que digo faz ricochete?!?

Este ano tinha decidido ficar na bancada. 
Ver as meninas e os seus esquemas de ginástica que tanto treinam para saírem na perfeição em dia(s) de Sarau(s).
Apreciar o espetáculo. Fotografar. Filmar.
Sossegada.
Em aparente estado de calma. E quem é mãe sabe que é apenas aparente....
Cá por dentro vai muito mais que sentar e ver.
Há um esperar que lhes corra bem. Que fiquem felizes pela sua prestação. Que se sintam orgulhosas delas próprias. É o coração que parece saltar do peito.

Comentei com a I esta minha decisão de apenas assistir.
"Mas porquê, mamã?!"

Nem sei bem. Talvez as razões sejam só uma desculpa.
Talvez a verdade seja que começo a achar que estou velha demais para isto...
Que a festa é delas. Penso no que os outros possam pensar, dizer, criticar....

E é então que lá vem o ensinamento em versão ricochete:
"Mãe, queres participar?
Então, o que interessa o que pensam os outros?
O importante é fazeres o que gostas!"

Ali fiquei a olhar para a I.
Orgulhosa.
Ouviu-me.
Reconheci-me naquelas palavras.
Ouvi-a.

E pronto lá fui eu....com este subtil "Ora toma!".


Voluntária para a bilheteira.
A correr nos bastidores para mudar de roupa.
Marchei.
Fui mágica.
Dancei.
Sorri.
Diverti-me.
Consegui vê-las, inundada de um orgulho imenso e de um nervoso miudinho.
E ainda fotografei qualquer coisita.
Fiz de tudo, menos estar sossegada na bancada.

Elas gostam.
E afinal ....eu também.