quinta-feira, 30 de outubro de 2014

As bruxas nunca viram dias assim!


O ano passado por esta altura, andava em preparativos para o Halloween.
Procurava meias e mangas compridas alusivas ao tema, camisolas pretas para usar por baixo das roupas finas de fatos de bruxa, saias de tule ou lençois.
Não precisei de procurar as botas pretas porque já andavam a uso.
Já estava frio.
Já chovia.
Já apetecia o calorzinho das velas no laranja das abóboras. Fazer doce com o recheio. Acompanhar com nozes. Assar castanhas. Só de pensar já fico com calor!

Como se veste uma bruxa ou outro ser fantasmagórico, supostamente horripilante e assustador, com 30ºC?!
Já estou a ver a verruga a derreter....

Estava numa de ir passar o Halloween mais numa versão Luau, by the beach!
Já me imagino a esculpir umas abóboras em areia!





Dos 0 aos 100.


As notas dos testes.

I - "Mãe já recebi a nota do teste"
Eu - E então?
I - (não falou, acompanhou uma expressão de desalento com o gesto de polegar para baixo)
Eu - (em cerca de meio segundo, acompanhei expressão de surpresa, estranheza porque lhe tinha corrido bem, com "ó pá coitada da miúda", com várias interrogações na minha cabeça, com outro "Então?")
I - Tive 88%...
Eu - Isso é muito bom!
I - Não, é Bom.
Eu - Sim, mas é uma boa nota. Ficaste a 2 pontos do Muito bom!
I - Pois eu sei, mas podia ter tido mais. Estou chateada porque errei em coisas básicas.

É nesta altura que dava jeito ter à mão um livro daqueles da coleção " (...) para Totós".
"Psicologia para pais- edição de bolso"

Possíveis respostas para continuação do diálogo:
          A - Sim, concordo, na verdade podias ter tido mais.
          B - Acho que foi uma boa nota mas podias ter feito melhor.
          C - 88% já é uma grande nota, não te preocupes com isso!
          D - 88% é muito bom e se erraste em coisas básicas no próximo vais ver que consegues subir!
          E - A solução é estudar mais!

Eu optei pela versão D.
Reconheci-me no discurso dela. Percebo-lhe a irritação. Sei que estudou.
Já em testes anteriores fui eu que lhe disse que se não tivesse errado nas coisas mais básicas o resultado teria sido melhor, e ela ficaria mais contente com ela própria por ver que o que estudou deu os seus frutos.

No domingo ouvi-a dizer "Nem que me deite à meia noite mas tenho que acabar de ver a matéria toda!".

Talvez me digam, que sorte a tua, pelo menos ela gosta de estudar, é empenhada e responsável.

Mas preocupa-me esta desilusão com um 88%?!
Talvez. Talvez não.
Falta-me o tal livro para totós. Só tenho o bom senso de mãe. Espero estar a fazer tudo bem. Tudo não, que é impossível, que sei que falho. Mas pelo menos, um bocadinho bem.

Continuo a achar que estas escalas dos 0 aos 100 não medem TANTO do que ela É.
Não refletem TANTO do que os miúdos SÃO! Ou TANTO do que lhes FALTA...

Sei que agora 20% da nota final a uma disciplina é atribuído ao comportamento, mas não gosto desta palavra.
Sei que geralmente é utilizada para avisar que caso o comportamento seja mau a nota pode baixar, ....nunca ouvi dizer se tiveres um comportamento adequado a nota pode subir.
Depois, resta saber como se mede o dito comportamento. Como se quantifica?
Portar bem ou mal......sentadinho, direitinho, não mexe, não vira para trás, não deixa cair a caneta, não sussurra, ....

Lá no mais profundo do meu ser, de mãe, ainda que totó, só quero mesmo é vê-la feliz!









terça-feira, 28 de outubro de 2014

Peso nos ombros

Hoje de manhã à saída para a escola.

R - "Amanhã posso levar a bola?"
Eu - Podes. Até podes levar hoje. Se a mana te deixou levar ontem não se deve importar.
R - "Hoje já levo este telemóvel, se levo a bola também é responsabilidade a mais. É melhor uma coisa de cada vez."
Eu - (...)

Contextualizando...
Nota 1: O telemóvel é a sério mas está partido e não funciona.
Nota 2: Ambas os objetos inanimados são da irmã.
Nota 3: No outro dia a bola acabou no telhado. Julgou-a perdida para sempre.
Nota 4: Tinha havido vários avisos prévios da irmã para que tivesse cuidado com a bola.
Nota 5: Alguém tirou a bola do telhado, mas chegou-lhe para o susto!


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A minha educanda

Há uma altura na vida, em que deixamos de ser conhecidas pelo nosso nome e passamos a ser a Mãe da (ou do) X, Y, Z.
Eu cá transbordo de orgulho por ser conhecida por mãe da I e mãe da R.
É assim até como que uma sensação de conquista por trás de uma aparente perda de identidade. 
A minha lista de contactos no telemóvel tem uma infinidade de números começados por "Mãe de.....".
Sinto que entre mães se partilha este gostinho especial por sermos assim conhecidas. 

Por outro lado não gosto nada de ouvir quando se referem às minhas meninas com um singelo e impessoal "A sua educanda".

 s.f. Aquela que recebe educação em locais próprios e destinados a esse propósito.
(Fem. de educando)


A definição está certa.
Ela está para mim como educanda como eu estou para ela como encarregada de educação....

Mas a minha educanda tem nome!
Eu sei o nome dela e gosto de pensar que alguém na escola também sabe. E até sei que sabe.
Custará assim tanto tratar a minha educanda pelo nome dela quando falam comigo ou quando me escrevem um recado?

Eu nem me considero muito comichosa ou picuinhas, mas este tipo de coisas que tocam na minha condição de mãe da I e da R despertam mais que o meu lado lunar! Até aceito que seja apenas uma questão formal e não intencionada, mas não deixa de ser impessoal.

Não me dou com estes formalismos. A sério!
Onde está o sermos todos pessoas!!???!
E principalmente pessoas diferentes umas das outras?!??!
É por isso que hoje em dia o lado humano parece estar fora de todas as equações.
Somos todos números em páginas excell para fazer contas e entrar em estatísticas de sucessos ou dados de pouco ou muito crescimento do que quer que seja.
Só ouço falar em "casos", "números", "taxas", "episódios"....parecemos farinha do mesmo saco.

Estamos a precisar de forma urgente de humanização!




quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sem sapato de cristal

Foi escolhido como o melhor hotel do mundo para casar.
Passamos por em Abril deste ano.
A R ficou deslumbrada com o espaço.
Sentiu-se princesa por umas horas.
Só lhe faltava o vestido, o sapatinho brilhante e os caracoís em canudo.
Adorou o biscoito que acompanha o café.

Não sou dada a grandes reposteiros, a tapetes pesados e peças de decoração antigas.
Mas reconheço a imponência e beleza do espaço interior e exterior.
Impera o bom gosto e tudo parece encaixar perfeitamente num ambiente palacial.
Respira-se calma. O tempo parece parado noutro século.

Exploramos os vastos jardins, onde correram de meias... (ups)....não levei os sapatos de cristal.

Ficou a vontade de voltar.
Ela espera um dia lá dormir. Acordar. Tomar o pequeno almoço.
Princesa por dia e noite.
Quem sabe um dia....



terça-feira, 21 de outubro de 2014

Desacelerar


Sou moça de dores de cabeça.
Daquelas que quando começam já não arrepiam caminho.
Chegam geralmente com aviso prévio e mais ou menos à mesma hora.
Foi assim a semana passada. Associei-as ao clima tipo capacete.

Ontem foi diferente.
Chegaram já tarde, sem aviso prévio. Ao início da noite. Ao entrar em casa.
E estamos praticamente no verão! Do efeito capacete não será.

Comentei em jeito de desabafo com as meninas: "Doí-me tanto a cabeça. Nem sei bem porquê..."
E a minha I diz-me assim: "Porque és uma grande mãe!"
- Não sou nada.
- "Ai és és! Só as grandes mães é que são assim."

Decidi não teimar mais.
E as minhas duas meninas iniciaram uma sessão de massagens numa tentativa de me livrarem das malditas. Não sei se foram aqueles mãozinhas mágicas, o abraço de grupo ou o comprimido, mas melhorou.

Eu podia ser uma grande mãe sem as dores de cabeça. Não dá?!
O truque talvez esteja no abrandar.
Se não for possível abrandar, pelo menos vale a pena desacelerar.

O poema não é meu. Mas vai bem contra as dores de cabeça.



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Beleza


Há dias que preciso que corram simples.
Simples mas não necessariamente devagar.
Daqueles em que a decisão mais difícil seja do mesmo grau que decidir se lavo primeiro roupa escura ou roupa clara, ou se tomo café em casa ou vou na rua.
Dias que começam com um "Mãe, fazes panquecas?"
E eu faço.

Sou assaltada por frases feitas.
Nada acontece por acaso.
Que é como quem diz, Tudo acontece por uma razão, com um fim.

Custa-me ver as razões de alguns Tudos.
Ou chamar Nada a tanto.
E o acaso parece ter muito que se lhe diga....

Falta-me o ar.
Uns dias de remar contra a maré, outros de não ter força, outros de sentir que perdi os remos.
À deriva.

Nestes dias em que afinal decidi lavar primeiro a roupa suja, avaria-se a máquina.
E no meio do simples, tudo se complica.

Mesmo à deriva chego ao fim do dia, sem no fundo ter chegado a lugar nenhum.
Espero que a casa durma, que não me façam mais perguntas.

- R, vai buscar o teu pijama.
-" Oh mamã mas já me lavei sozinha. Não foi uma beleza?!"

Sim, é isso. Foi mesmo uma beleza!
E são estes momentos de cor, em frações de segundo, que fazem tudo valer a pena!
São os Tudos.





sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Os "Não gosto"


E depois dos Gostos , também posso dizer do que não gosto. 


Sardinhas
Flores artificiais
Gente complicada
Correr
Andar à chuva
Chegar atrasada
Não ter tempo
Mexer em giz
Ventania
Mentiras
Manias
Ambientadores no carro, em casa ou onde quer que seja
TV em alto som
“Diz que disse”
Levar o carro à oficina
Burocracia
Ter o nariz entupido
Falsidade
Intrigas
Horários fixos
Trovoada
Centros comerciais aos fins de semana
Perder coisas
Carros de 3 portas / 5 lugares
Roupa com caras de gente
Ter os pés frios


(Lista com fortes probabilidades de atualização)
Estranhamente esta lista é mais pequena que a dos Gostos.
Ou é bom sinal ou estou mesmo a esquecer-me de muita coisa.....

Assim sou "Yo, Claudia"
Parte II



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Está um bicho na banheira!


Chego a casa.
Olho para o saco com maçãs do quintal da minha avó Cila. A avaliar pela falta de alinhamento das árvores de fruto suponho que terei sido eu e os meus primos que "plantamos" algumas das macieiras, quando atirávamos caroços para o quintal, no jogo de "a ver quem atira os caroços mais longe". Acho que até comíamos mais fruta à custa disso!
Decido tratar das maçãs antes que acusem a falta de corantes e preservantes.
Tarte de maçã.
Não sei do meu caderninho de receitas. Procuro-o em vão. Prestes a desistir, salva-me a internet.
A R ajuda na parte das misturas da farinha. Tudo caseirinho.
Ligo o forno.
Telefonema da I. Mais uma torcidela do pé. Desta vez na dança. Faz gelo.
Faço figas para que não seja nada de especial.
Não a posso ir buscar, a tarte está no forno.
Já quase não doi.
I chega. Vestem-se. Puxos no cabelo. Saem para a ginástica.


Tiro a foto antes que alguém chegue e corte a 1ª fatia!
Ainda sobraram maçãs.
Olho para o relógio:19h25.
Estou na cozinha desde as 18h.
Segue-se doce de maçã.
Pau de canela, açucar amarelo, sumo de lima, e 4 frasquinhos a esterilizar como quem fervia biberons há 12 anos atrás....


O doce já está.
Podia sentar-me. Mas não.
Há que aproveitar que o forno está quente e vai de fazer quiche de frango e legumes, a acompanhar com saladinha de tomate mini mini mini cherry do mesmo quintal. Desta vez sem a R para ajudar nas farinhas.
Jantamos a dois.
Ainda falta o jantar das meninas, já que do acima descrito o mais certo seria não gostarem de nada.

Fui buscá-las. A I não se queixa tanto do pé.
Passa das 21h, mais que horas para jantar.
Cheirava bem! Afinal gostaram da quiche, com legumes e tudo! "Mãe tens que fazer mais vezes!"
Da tarte de maçã foi tratando o pai da casa. E a mãe, vá, diga-se a verdade.
O pior mesmo foi ter-me dado para a culinária intensiva no dia em que tenho a máquina de lavar loiça avariada...
Pronto, não é assim tão grave. Está tudo orientado.
Já quase não ligo a TV.
Fartei-me das notícias de Última Hora, que falam de impostos, cortes, e taxa de desemprego.
Lavo a loiça sem pensar em nada. Gosto do silêncio.

Faltam os banhos. A I despacha-se sozinha. A R está nos mimos, cansada. Pede massagem no pescoço, pomada na mão e curativo com ligadura e ainda pergunta se dá para lhe pintar as unhas. Rosa forte.
Chega a vez do banho dela. "Mãaaaaeeeeee, está um bicho na banheira!!!"

Felizmente nada que se compare a um bicho amazónico!
Já lhes apetece pijamas mais quentes, mantas para estar no sofá, aconchego.
Cheira a outono.
Estou cansada.
Há dias assim. Perfeitos.


de pequenina....

A R arranjou um trabalho.
É ajudante na biblioteca da escola.
Pega às 13h.
Está no 2º turno. 1 dia por semana. 

Há uns dias falou-me nisto mas tinha decidido que não queria porque não sabia se ía conseguir chegar a tempo depois do almoço. Eu não disse nada.
Entretanto lá pensou melhor. Decidiu inscrever-se.  
E foi a título informativo que me disse que a partir de hoje tinha este trabalho...
Anunciou " Sou ajudante da biblioteca" com o mesmo entusiasmo que diria "Sou ajudante do Pai Natal na fábrica dos brinquedos!".
Acrescentou que como ainda havia vagas ofereceu-se.  
Não perguntou sequer o que achavamos, se fez bem, se podia ser. Nada.
Ontem já estava a avisar que tinha que almoçar e ir logo para lá!
E já perguntou se para a semana podia almoçar na escola para não se atrasar!

Aos 8 anos, "Fez a festa, atirou os foguetes e apanhou as canas!"

É assim esta minha R.
Não pensa muito no mesmo.
É muito do "Chuta para canto" ou do "Tô nem aí".
Decidida. Teimosa.
Despachada, apenas para assuntos do seu próprio interesse.

Antevejo muita dor de cabeça.... e tenho definitivamente que trabalhar o meu poder argumentativo....

Pelo menos lá responsabilidade com o trabalho tem!
É de pequenina que se começa....

 







quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Gostos



Gosto de:

Cheiro de terra molhada
Mar
Praia
Sorrisos
Fotografia
Viajar
Planear viagens
Ler
Sardinhadas sem sardinhas
Bonsais
Ervas aromáticas
Natal
Ter planos
Não ter planos
Gatos
Dormir
Ervilhas de cheiro
Cozinhar
Caminhar
Escrever
Reencontros
Tremoços numa esplanada
Sol
Luz de Outono
Castanhas assadas
Rir até doer a barriga
Rir até chorar
Cheiro a maresia
Som de gaivotas
Amores perfeitos
Dias compridos
Dias livres
Pôr do sol na praia
Espaço
Sossego
Abraços
Mimos
Cheiro doce a alfarroba
Chuva quando estou em casa
Chá
Listas

(Lista com fortes probabilidades de atualização)

Assim sou "Yo, Claudia" 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

41-52 Entretida

    entretida
    uns minutos
    enquanto chove
    enquanto decido o almoço
    enquanto a irmã precisa de espaço
    

    Porque é que não havia disto quando eu era pequena?
    Um dia destes fico eu entretida com isto e alguém que pense no almoço!
    


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

"Por onde me dão."

Há dias em que me apercebo do que cresceram pelas calças que ficam curtas, pelos sapatos que deixam de servir, pela cobiça pelas minhas roupas, pelo espaço que ocupam na cama, principalmente quando se espreguiçam.
Lá vai o tempo em que cada uma podia estar encostada no seu braço do sofá, sem que os pés se encontrassem ao meio. Agora os pés e parte das pernas passam a linha invisível que separa os dois lados do sofá. O espaço que havia no meio para mim vai encurtando.

Há uma resposta tipíca de mãe (das babadas) para quando nos perguntam pelos filhos, pelo tamanho deles, quando nos dizem "imagino que estejam enormes" e nós dizemos com aquele orgulho que não se mede "Já me dá por aqui" e vamos apontando para as diversas partes do nosso corpo por onde os filhos nos dão.
Passei algum tempo a dizer que a I me dava por aqui, apontando para a base do pescoço.
Nem eu tinha ainda reparado que o "por aqui" já há muito tinha passado a linha do queixo.
Daqui a nada não me dá por lado nenhum. Vai-me ultrapassar.
Sei que hei-de acompanhar a frase "Está uma crescida" com o gesto da mão a passar por cima da minha cabeça, quando me perguntarem por ela.

A R vai subindo mais lentamente. Ela própria mede as suas conquistas em altura pelos armários da casa, pela bancada da cozinha, pelas prateleiras onde já chega sem um banco e por mim.
Gosta de ver por onde me dá, como se eu fosse uma régua daquelas que se penduram nos quartos das crianças, onde se registam etapas, ou das que há no pediatra para a curva do percentil. Encosta-se a mim e já é ela a dizer "Já te dou por aqui!".

E é também neste por onde me dão, que me apercebo do que crescem.
E do que enquanto crescem, eu aprendo.
Penso nas regras, nas que tentei, nas que nunca implementei, nas que deixo cair por terra.
No que gostava de ter feito melhor. No que se pudesse mudava.
No que ainda vou a tempo. Nas certezas que conquisto.

E quando adormecem e deixamos para trás a lufa lufa do dia, naquele instante em que parece que me dão só pela cintura, estas são as certezas que tenho.

- Dá-lhe colo mesmo que ela não peça.
- Deixa-a soprar a espuma do banho para o teu cabelo.
- ACREDITA nela.
- Diz-lhe que chorar às vezes faz bem.
- Limpa-lhe as lágrimas.
- Aperta-a de mimos.
- Abraça-a.
- Acorda-a devagarinho.
- CUMPRE as promessas.
- Dá-lhe a mão para dormir.
- Sorri-lhe.
- Não desvalorizes o que lhe vai na alma.
- Ouve-a.
- Acalma-a.
- Diz NÃO quando for preciso.
- Diz-lhe que gostas dela. Muito. Muitas vezes. 
- Faz-lhe um curativo mesmo que a ferida seja pequena.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Haja pulmões!

Mais um TPC. Estudo do Meio.
Enquanto ela fazia uma ficha sobre as funções digestiva e circulatória, eu dava uma vista de olhos pelo caderno dela, para ver o que era exigido e se as respostas dela estariam completas.

Deparei-me com uns "Sacos sanguíneos", depois de já ter visto há uns dias umas "glândulas salivais".
Perguntei se não seriam "vasos sanguíneos" e ela afirmava como se não existisse margem para dúvida:  "Estava assim no quadro!"
Respiro fundo e acrescento que não podia estar assim no quadro, que ela copiou mal porque mais acima até estava bem escrito, que talvez fosse melhor emendar, etc....
Emendo. Desata a chorar.
Apago. Desata a chorar. Afinal quer emendado.

Depois olho para o título que ela tinha escrito no caderno "A circulação circulatória ou circulação".
Voltamos ao mesmo diálogo.
Posso emendar para "A função respiratória"? Não achas que circulação circulatória não soa nada bem?
"A professora diz sempre assim!"
Emendo. Chora.
Apago. Chora.

Segue-se uma pergunta sobre a Grande e Pequena circulação.
Havia ali algumas confusões sobre isto, até porque no caderno estava diferente do livro.
Começo a duvidar se ela teria copiado bem do quadro....
Começa a ficar chateada comigo por eu duvidar dela. Chora. Com lágrimas e tudo.

Decidi desistir disto e jantar. Chora. Quer acabar antes de jantar.
Jantamos.
Agora com mais calma voltamos à carga.
Explico-lhe por A mais B que no livro é que está bem. Mas ela não está a entender. Acha que no caderno é que está certo.....e não foi assim que ouviu e até se lembra de um esquema e da corrida que fizeram na sala de aula, uns a fingir de coração, outros de oxigénio e nutrientes e outros de resto do corpo....

Insisto. Falo no livro. No livro está bem. Vemos no livro da irmã. O pai explica o mesmo.
Pergunto se quer ver na internet.

"Oh mãe, estão 25 crianças numa sala mais a professora dá 26 e ninguém falou em pulmões!", isto com ar impertigaitado e a gesticular.....(a quem é que ela sairá?!)

Estivemos uma boa meia hora nisto, por entre lágrimas.
Está cansada. Eu também. Aliás, eu já estava.
Não quer escrever como está no livro. "E se depois está mal!?"
Suspiro.
Ela chora.
Desisto. 
Ponho as cartas na mesa.
Só há duas soluções: Ou respondes como está no livro, ou não fazes essa pergunta e amanhã dizes à professora que no caderno estava diferente e não estavas a perceber.
Chora.
Suspiro.
Então como preferes fazer?
"Achas que é uma decisão fácil?" e sai disparada a chorar...

A miúda lá resposta na ponta da língua e pelo na venta tem!

Mas na verdade não é fácil. Entendo-a.
Ela queria que fosse eu a dizer à professora logo de manhãzinha porque é que lhe faltava responder a uma pergunta. Tinha medo que tivesse copiado mal do quadro e ainda levasse raspanete. Não tinha a coragem para dizer que não entendia. Achava que o que tinha no caderno é que estava bem.
E, dizia ela, e "na sala ninguém fingiu que era um pulmão!"
Tive que me rir.
  (Deve ter sido algo deste género....mas sem pulmões)

Começo a achar que é muita coisa para estas cabecinhas de 8 anos....
Para ela o coração ainda é só assim .....não tem lá sacos ou vasos ou circulações.....



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Prioridade


Sei que há quem não compreenda. E sei que há quem me entenda perfeitamente.

Na minha carreira de mãe, que já conta com quase 12 anos, já ouvi de tudo.
Os palpites, os conselhos, as recomendações, os suspiros, os abanares de cabeça, os olhares de lado e outras manifestações de incompreensão.
As frases começadas por "Se fosse comigo..." ou "Se fosse meu filho...", estas vindas geralmente de quem não os tem...e que anos mais tarde bate na boca...
O "Faz assim" ou "faz assado", quando o nosso instinto afinal basta.

Fui criticada por explicar demais. Por estar demais.
Por achar que um "não" não chega. Que com "porquês" as crianças entendem melhor.
Já discordaram comigo para mais tarde afinal me darem razão.
Já tive dissabores. Já fiquei calada com amargos de boca. Já respondi.
E sim, também já recebi alguns elogios. Raros.

Acho que já tenho experiência para fazer um balanço.

Não há uma fórmula para isto.
Cada mãe sabe o que é melhor para o seu filho. E cada filho é diferente. O que resulta com um pode não resultar com outro. Tenho disso na minha casa. E quando não funciona, mudar de estratégia é ainda mais difícil.

Às vezes sinto que me perdi pelo caminho. Deixei de explicar tanto. Perdi parte da paciência.
Dou mais respostas "É assim porque sim".
E não gosto.
Uns dias quero que cresçam depressa outros queria que me coubessem no colo.
Uns dias sinto a liberdade de almoçar sozinha, outros tenho saudades delas logo de manhã.
Uns dia apetece-me que durmam cedo, outros gosto que conversem comigo.

Pô-las em 1º lugar não significa ser super protetora.
Significa Estar presente na vida delas, no que querem partilhar comigo. Sempre que elas quiserem. Porque, para mim, faz sentido.

Nunca ouvi dizer que era uma má mãe.
Mas questiono-me. Muito.
Estou longe de ser perfeita. De ser a mãe que queria ser.
Talvez tenha ouvido que dou demais de mim.
Que devia pensar também no meu umbigo.
Também sei que preciso de tempo para mim. Para o que gosto de fazer.
Que me sinto muitas vezes absorvida, como que sugada numa espiral sem fim.

Mas quem é mãe, mãe de coração, sabe que elas são a prioridade.
Dê lá por onde der. Esta é minha melhor carreira.
Posso estar errada. Posso até ver ameaçada a minha sanidade mental.
Mas daqui a uns anos sou eu que vou deixar de estar em primeiro lugar....
Para já aproveito até ao tutano elas quererem que eu esteja por perto!
Que as vá ver às provas de ginástica, peças de teatro, festas da escola.
Que me procurem na plateia, que me pisquem o olho, que me acenem, que partilhem vitórias, que chorem e riam.

É a única carreira onde o investimento compensa mesmo.
Onde a maior recompensa é ouvir "Se eu tivesse que escolher uma mãe era a ti que escolhia!"

É simples assim!
Eu acho.
Não me importo se não me entenderem.



 

40-52 Sinais de Outono


Das minhas frutas preferidas.
Gosto mais dos que se comem à colher.
Chegam com o outono.
Lembram-me a minha primeira gravidez.
Estava quase proibida de os comer.
Se comia 1 (bastava 1) antes da consulta, acusava logo açucar na urina.
Antes de assustar alguém lá tinha que confessar que era dos diospiros.
Enfim....
Se ainda fosse chocolate!?!
 Lá em casa mais ninguém gosta.
Nem destes nem dos que se cortam à faca!
Esta semana ofereceram-me um cesto deles.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sorrir sempre!


I - Mãe quando é que eu vou ao dentista?
Eu - Agora não me lembro bem o dia. Tenho que ver.
(...)
Bem, deixei passar o dia. Estava convencida que era mais no final da semana.
Estavamos em meados de setembro e na altura ainda andava a leste de agendas e datas marcadas...
Era suposto ela ter começado o ano letivo já com aparelho nos dentes. Mas as mães às vezes também se esquecem de coisas....algumas até importantes!

Quando consegui organizar-me remarquei. Ainda ía a tempo.
Afinal só tem 11 anos....já tem é os molares todos!

Eu - Pronto já marquei a consulta.Vamos lá quarta feira pôr o aparelho.
I - YEEEESSSS!!!!

Fico espantada com tal entusiasmo e ansiedade...
Bem, eu também tive uma fase há uns 30 anos....em que achava fixe usar aparelho, ou óculos, ou partir um braço....depois passou-me.

Ontem já avisou as amigas.
"Preparem-se que a partir de amanhã vão-me ver de aparelho...durante 2 anos"

Nada como encarar a vida assim! De sorriso na cara, com ou sem aparelho!
Até já tenho a mais nova a olhar para o espelho de boca aberta a dizer que acha que também vai precisar de usar....
(Eu para mim juntava o dinheiro dos aparelhos todos e íamos à Disney....brincadeirinha  【ツ】)


Agora a dúvida maior vai ser escolher a cor dos elásticos!
E não é que há uns que até brilham no escuro!!!!


Nota final:
Ontem ligaram do dentista.....assim como que a relembrar....pelo sim pelo não.
Pronto, já deixei a impressão de mãe desgovernada e desleixada distraída....
Mas desta vez eu até me lembrava!
Só espero que o aparelho "lhe sirva", porque os moldes e o RX foram feitos antes das férias e à velocidade que ela cresce.....sei não!
Desejem-nos sorte!

39-52 Americanas



Uvas Americanas.
Também conhecidas por morangueiras ou uvas de cheiro.
Eu prefiro chamar-lhes americanas.
De cor escura e sabor frutado.
Lembram-me as vindimas.
Dias quentes de setembro.
O cheiro doce das ramadas. 
Escadotes, cestos cheios.

Este ano chegaram algumas a minha casa.
E traziam o cheiro com elas.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Nem sei se me atrevo....


Ainda me arrepio só de pensar.
Adorava ver. Mas ficava sempre cheia de medo.
Andava aí no 11/12ºano.

E depois da série, como se não bastasse, ainda fui ver o filme. Não resisti.
Escusado será dizer que teve exatamente o mesmo efeito. E eu já era uma moça universitária.
Aqueles acordes iniciais deixavam-me agarrada ao ecrã.

O estranho é que começou por ser uma série aparentemente "normal", sobre o assassinato de uma rapariga numa pacata vila algures num sítio montanhoso, muito verde.
Quase um CSI dos dias de hoje só que com menos tecnologia e menos ritmo, mas bem mais intrigante.
O enredo foi passando para outra dimensão.
Era a sala vermelha com o chão em zig zag, o estalar dos dedos, o anão, troncos, vozes e danças estranhas....muito à David Lynch....
Certo é que era um bocadinho viciante. E ía piorando de episódio para episódio....
Já não me lembro bem, mas acho que nunca teve um FIM. Nem a série, nem o filme.
Mas sei identificar os primeiros acordes num ápice, tal maneira ficaram recalcados!
Não consigo separar a música da série.

Dizem que em 2016 chegam mais 9 episódios.
Pronto. Já sei que vou ver.
Até lá devia rever a série. Mas nem sei se me atrevo!
Só de pensar já estou arrepiada dos pés à cabeça!



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

38-52 Fins de tarde

Um fino.
Uma empalhada.
Dois dedos de conversa.
Como entendo os espanhóis, os escoceses, os irlandeses....e mais haverá de certeza!
Momentos de descontração ao final do dia. 
Intervalo entre rotinas.
So pode ser terapêutico.


37-52 Onde acaba o Mondego

Segunda atividade do Programa Ciência Viva no Verão.
 "A biodiversidade no estuário do Mondego: desde a pulga de água ao linguado"
Depois de Explorar os charcos da Tocha, também não foi preciso ir muito longe para por pés em terreno novo. Geralmente nesta zona passamos só por cima, na ponte, a caminho da praia.
Desta vez fomos lá abaixo e com botas de pescador quase até ao pescoço.
Aprendemos uma técnica especial para andar na lama sem nos enterrarmos e sem deixar as botas para trás.
Ao fim de algum tempo para adaptação e de umas quedas, a I quase já fazia patinagem!
O truque é não afundar muito os pés.
Aproveitamos a maré baixa para andar dentro de água, que acaba por ser mais fácil.
A R ficou em terra, já que não há botas de pescador que lhe sirvam nos pés e em altura!
Ficou a dissecar peixes e ver pulgas à lupa.
Impressionante a animação para ver os cérebros do carapau e do linguado!


Pequenos luxos


Ouço crianças a brincar. Sinal que tocou para o intervalo.
Vou espreitar à janela. 
Os rapazes jogam à bola. Fazem corridas. Jogam às escondidas.
Algumas meninas fazem rodas e pinos contra os muros. Coisas de ginástica.
Tento lembrar-me de que cor foi vestida a R. 
De manhã já teve frio. Levou casaco. De repente não me lembro da cor da t´shirt.
Não a vejo. Sei que anda por ali.
Fico a vê-los por uns minutos. Aqui da minha janela.
Pergunto-me se lavarão as mãos antes de entrar na sala. Sei que não.
Vejo a vizinha atirar migalhas aos pombos.
Rego as ervas aromáticas.
Ouço a panela de pressão, a máquina de lavar roupa. Sinal de tarefas adiantadas.
O porquinho da índia descansa.
Deixei de os ouvir. Tocou para a segunda parte da manhã.
Hoje comi iogurte, abacate e cereais ao pequeno almoço. Sentada. Com calma.
Há tempo para fazer panquecas.
O tempo corre mais devagar.
Daqui a nada chegam para o almoço.
Pequenos luxos de um dia de folga.




domingo, 5 de outubro de 2014

Crescendo e aprendendo


TPC.
Português. 3º ano.
Separar as palavras por sílabas e classificar quanto à acentuação, depois de identificar a sílaba tónica.
Coisa de meninos.

Ora aqui está algo que nunca consegui fixar.
Tenho sempre que parar para pensar quais são as agudas, as graves e as esdrúxulas.

Com a I estudei de novo esta matéria como no meu tempo.
Decorando as regras. Última, penúltima e antepenúltima sílaba.
E acabava por baralhar sempre umas com as outras.
Todos temos um ponto fraco.

Foi preciso chegar aos 40 anos de idade (quase 41 vá!) para descobrir com a R um truque para nunca mais esquecer quais são quais!

Perguntava-lhe eu se ela conseguia fazer bem o TPC e vai daí ela fala-me na EGA.
Falou nisso como se estivesse a falar do pão com nutella para o lanche. Coisa simples.
Como se a EGA sempre tivesse existido.

EGA?!
Quem é essa?
E lá começa ela a fazer os seus exercícios, sem qualquer dificuldade, com a ajuda da EGA.
Perante o meu espanto por nunca ter ouvido falar numa EGA saca da ardósia, e põe-se a explicar...
Já vi este filme antes.


Desconhecia esta mnemónica (acho que lhe podemos chamar assim)!!
O estranho é que a I, que teve a mesma professora, nunca me falou nisto!

Onde andava a EGA no meu tempo de escola? Tinha-me dado um jeitão!

E não é que há slideshows e tudo?!
E também há na versão masculina: O EGA chega à escola. Assim como se nada fosse!
Até conheço alguns EGAS, agora A EGA ou O EGA...

Bem aqui fica o que encontrei. Pode ser que ajude alguém que partilhe deste ponto fraco.











sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mix

Mix de emoções
by R

No fim do banho a R vai buscar umas cuecas à gaveta.
Ouço "Mãe, o que é Lunes?! E Marles?".
Suspiro. Mas porque é que comprei um pack de cuecas com os dias da semana....
Sim porque naquela cabecinha não se pode vestir a uma terça uma coisa que diz sexta!
Das duas uma ou ensinamos às crianças os dias da semana em espanhol e francês, ou é desistir desta ideia estranha da roupa interior agendada. 

 

Sentadas no sofá lado a lado. Eu e a R.
"Mãe, podes vir para o pé de mim?".
Olho para o lado. Estamos coladas.
Só se for mesmo para cima dela. Encostado mais encostado não dá!
O pai costuma dizer que ela ainda tem o cordão umbilical e por isso não se pode afastar muito.
Vai atrás de mim para todo o lado! Literalmente!


Manhã de verão. 
R na minha cama a acordar devagarinho comenta "Hoje está a chover tanto...".
Eu não ouço nada....
Afinal, era o pai a tomar banho. 
Mas até podia ser chuva que este verão foi estranho.

 

Livros de anedotas para crianças.
Adora ler para mim.
Rio-me muito com algumas.
Ela ri-se só porque me rio.
Depois quando pergunto: Percebeste?
Ela responde "Não!"
Ainda me rio mais.
E ela também.
E continua sem perceber a anedota.


Suspira. 
"Passa tão depressa!"
 - O quê, o dia?!
"Já tenho 8 anos!"
E eu então que direi?!?!??! Já lá vão mais de três dúzias deles!


Geralmente quer fazer sozinha o que não é suposto.
É capaz de arrastar uma cadeira para ir ao frigorífico buscar um jarro com água fresca, pesado e de vidro colocado na prateleira mais alta, mas depois diz que não consegue calçar um par de meias.


Ao adormecer.
"Um dia vou ficar sozinha"
Sozinha como?
"Sou a mais nova..."
(Nesta altura comecei a nem querer acompanhar o raciocínio dela. Há coisas que fingimos não querer perceber)
"Sim, como sou a mais nova, vocês vão morrer primeiro que eu...e a mana também. 
Depois fico sozinha"
Depois de respirar fundo, engolir em seco e pestanejar para afastar as lágrimas, consegui dizer-lhe que nessa altura ela poderia ter a sua própia família, a que iria construir com alguém e ter os seus próprios filhos. Que quando temos amigos verdadeiros não estamos sozinhos. 
Mas entendi-a.
É dificil pensar e aceitar como certo um futuro que ainda não existe. 
No presente, a família que tem é esta.



É assim a minha R, independente só no que lhe dá jeito, com relação umbilical para tanta coisa, senhora do seu nariz, irrequieta, risonha.

Capaz de nos arrancar a maior gargalhada e logo a seguir fazer-nos encolher a alma até doer.



36-52 Amanhecer

Sou de praia. De mar.
Do cheiro a maresia e do barulho das ondas.
Quem me conhece bem sabe que não sou de rio, nem de praias fluviais.

Aqui rendi-me.
Aos sons, às cores, à calma, à selva, ao calor que cola, à chuva quente.
À Natureza em estado bruto.
Ao rio. Barrento e morno.
Rio Madre de Dios.
Peru.

5h30
Madrugada.
É raro ver o nascer do sol.
Este apaixonou-me.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

35-52 Chá


Peru.
No trilho.
Acordar com uns "Buenos dias" cheios de simpatia.
Servirem-nos um chá bem quente. De bandeja.
Assim, depois de uma noite de chuva com trovoada que nem ouvimos.
Isto enquanto preparam o pequeno almoço.
Com horas marcadas mas sem muitas pressas.
Era assim todos os dias.
Pequenos detalhes.



34-52 Explorar


Programa Ciência Viva no Verão.
Descobri-o o ano passado.
Percorro a lista disponível em busca do que possa parecer interessante.
Este ano marquei duas atividades. Tudo on line, fácil e gratuito.
De véspera nunca apetece muito ir...estamos como que em modo preguiça e nunca sabemos bem o que nos espera.
Ganhamos coragem e fomos. Fizemos bem. Surpreende sempre!

Esta foi "A Vida nos Charcos da Tocha".
Exploramos charcos. Uns com mais água, outros quase secos.
Fomos descobrir a vida que por lá habita.
Estivemos em sítios que passam despercebidos, onde nunca nos lembraríamos de ir, que nem sabíamos que existiam.
Ação dividida em duas partes. Tarde e Noite.
Andaram de galochas. Ensoparam meias e calças!
Ainda conseguimos no intervalo ver o Pôr do Sol e jantar na Praia da Tocha, depois das necessárias mudas de roupa!
À noite a aventura incluia lanternas, caminhar na floresta no escuro, ouvir os sons da natureza e ver que a vida que habita nos charcos muda completamente.
Seguraram em cobras, salamandras, larvas de libelinhas, rãs.....
São definitivamente mais corajosas que eu!
E no final valeu a pena ter ido!
No próximo verão há mais!


33-52 Mergulhos


Mergulhos
Brincadeiras.
Contar o tempo que se aguenta debaixo de água.
Falar. Tentar adivinhar as palavras.
Caretas.
 Ver com óculos de mergulho.
Não tapar o nariz.
Piruetas.
Coisas simples de dias sem grandes planos.


Irmãs


Sofrem daquilo a que chamo irmazites!
Consta que é normal. Eu suponho que sim. Acredito que sim.
Para mim, filha única, não entendo bem estes atritos entre irmãos.

Um dia inteiro a ouvir "Pára"; "Este lado do sofá é meu"; "Tocaste na minha perna com o teu dedo mindinho";"Eu também quero um copo redondo"; "Eu já tinha esse prato"; "Muda de canal"; "Estás à minha frente" e outros dizeres entre grunhidos confesso que dá cabo das minhas entranhas!

E ainda temos a parte prática:
As corridas para ver quem chega primeiro para coisas sem importância nenhuma como por exemplo quem vai abrir primeiro a porta da rua....quem vai à frente no passeio....quem me ajuda a passar os códigos das compras....
O esconder dos telecomandos.
O levarem umas sapatilhas para o quarto e deixarem as da irmã na sala.

Depois diz-se por aí que "É deixá-las resolver desde que não partam para a violência".
Violência como?! Tipo aos estaladões uma à outra e arrancar cabelos!? Era o que mais faltava!

Ao terceiro "Pára", não aguento mais e lá vou eu com o meu "Oh meninas, afinal o que se passa!?"
Verdade verdadinha nem sei se quero saber o que se passa..... podiam ao menos estar só sossegaditas e entretidas uma com a outra, ou uma em cada lado!? Até temos dois sofás e um quarto para cada uma!
Mas não. A mais nova tem tendência de praticamete se sentar em cima da mais velha, além de uma aptidão inata para lhe acertar com os pés no nariz enquanto faz pinos. Também é perita em ir tocando ao de leve nos pés da irmã como que a ver se lhe chama a atenção. Lá consegue. Mas não era bem a atenção que pretendia!

Verdade seja dita que gostam da companhia uma da outra.
Que reconhecem a estranha calma quando a casa só tem uma delas. Sentem saudades.
Entendem-se na maluqueira. No disparate. Nos silêncios comprometedores.

No outro dia uniram-se para uma mentirinha que servia para justificar uns arranhões de parte a parte.
Na altura caí. Talvez porque mentira seja coisa rara nesta casa de tão inadmissível que é.
Mas depois cheirou-me a esturro. Aquela prontidão em querer justificar, as duas de acordo tão rapidamente, a falta das habituais queixas de dor profunda....hummmmm.....é como o tal branco de carapinha.....não é natural!

Assim como construíram a história, depressa a deixaram cair por terra. É a perna curta da mentira!

Dei comigo numa dualidade de pensamentos....
"Mentir à mãe é mau" vs "Bem, pelo menos entenderam-se!"

Uma coisa é certa:
Pelos vistos até houve violência, mas não havendo um adulto logo ali à mão, lá resolveram sozinhas.
Fizeram as pazes.
Combinaram o que contar. E ainda dizem que esta geração não tem imaginação!?!
Estão umas autênticas parceiras no crime!

E eu, até gostei de ver esta cumplicidade, que não conheço.