quarta-feira, 30 de maio de 2018

Do it for the memories!


A adolescência não é fácil. Não me refiro aos que com eles convivem mas aos próprios.
A adolescência não é fácil para os adolescentes.
Para começar há uma designação só para essa faixa etária. Há as crianças, os adultos, os idosos e os adolescentes! Não há designação para a década dos 20, dos 30 ou 40... e trintões ou quarentões não conta! Mas há uma para uns meros 6 anos.... dos 13 aos 19! Pensando bem tudo muda nestes 6 anos! Muda o corpo por dentro e por fora, chega uma maior pressão com as notas e as médias, integração na sociedade, aceitação pelo grupo de amigos, dúvidas existenciais, decisões que condicionam o futuro, generation gap, turbilhões de emoções, responsabilidades acrescidas, imposição de regras, alguma autonomia, sensação de incompreensão, expectativas e receios.
Como alguém disse, a expressão "idade do armário" aplica-se aos pais de adolescentes! Onde os pais se querem enfiar para escapar aos revirares de olhos constantes e aos ares de frete. Ainda não cheguei a este ponto. Tenho 2 anos e 6 meses de experiência com a minha adolescente e so far so good. Talvez por isso quando ela me falou que tinham que fazer um trabalho para Inglês sobre a temática da idade em que se encontram e que todos iam falar dos malefícios da internet e do lado menos florido destes anos, percebi que não era esse o caminho que ela queria seguir. Sugeri que falasse da parte boa.
- Como assim mãe?!
Ser adolescente não é só um poço negro de onde se quer fugir. Não é uma doença que queremos que passe. É uma fase, como há tantas na vida. Terá de certeza alguma coisa de bom. O armário pode ser um closet, e todos queremos ter um!
Não serão também dos melhores anos? Será a tecnologia só má companhia ou traz o benefício de permitir armazenar centenas (quiçá milhares!) de parvoeiras, caretas, momentos dos que ficam para mais tarde recordar?! Não haverá o lado das amizades, das conversas longas, das partilhas de sentimentos, das doideiras salutares nos intervalos, das gargalhadas sem motivo, dos olhares que se trocam nas aulas, as primeiras saídas à noite, as idas à praia só com amigas, de tanto para mais tarde recordar com saudade?!
Lancei a escada e ela subiu-a.
Era preciso procurar uma imagem e falar sobre ela.

Escolheu esta, algures da internet

Escreveu um texto e falou sobre ele à turma. Todos adolescentes como ela.
Não o posso partilhar devido ao RGPT de que tanto se fala por estes dias.
Mas posso dizer que lhe apanhou o gosto e explorou a temática com garra e sentimento, explorando o melhor e não o pior. Deixou-me orgulhosa. Vi que escreveu aquilo em que acredita.
No final recebeu um Very Well da professora e muitos elogios das colegas. Talvez não tenha sido só pela fluência no Inglês, ou por ser boa oradora. Acredito que tenha sido porque concordaram com ela! Talvez ainda não tivessem pensado assim. Foi a única a falar desta idade como algo positivo.
Ser adolescente, apesar do rótulo e do que se espera, pode ser dos melhores anos. Porque não dizemos mais vezes isto aos nossos adolescentes?!

"...from the first kiss to the first car..."

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O último dos Tween

a mais nova entrou no último dos tween, aquela idade in between.
a secção de criança já tem coisas demasiado infantis mas ela é pequena para o XS das lojas de adultos.
há muito que personagens Disney ou do Canal Panda deixaram de fazer parte das t´shirts favoritas ou dos bolos de aniversário.
é o limbo entre o "sou crescida para umas coisas"e o "sou pequena para outras".
há uns dias foi lanchar com um amiga a um "café de adolescentes" mas ainda gosta de adormecer na minha cama.
anda empenhada no seu negócio de slimes.
tem cheiros preferidos estranhos, sendo um deles o do papel higiénico.
todos os dias me diz "Adoro-te!" sem esperar resposta.
consegue arrancar-me sinceras gargalhadas.
acha que eu não estou preparada para ter outra filha crescida.
ainda posso com ela ao colo.
ainda não se encurtaram os abraços. que durem.

LY my little Quelusca!!

ainda não houve festa da rija. houve mesa colorida a chamar o verão. bolo improvisado. 12 velas. flores do campo apanhadas no dia. balões sem hélio.
cantaram-lhe os parabéns na escola, na ginástica e em casa.
mas aos 12 isto ainda não é bem uma festa.
o tempo manhoso deste maio e os afazeres desportivos e académicos ainda não permitiram agendar as festividades com amigos. e de convívio gosta ela. estava até capaz de abdicar de prendas. vamos ver o que o calendário e a meteorologia reservam para os próximos dias. ela anda em modo lista de convidados daqui e dali. e eu? será que me safo da empreitada de um bolo de 3 andares?!




quinta-feira, 3 de maio de 2018

Amor é quando...

... ele usa um prato de Natal para pôr os pastéis de massa tenra que acabou de fritar e antes de sair lava o prato

... só há um quadradinho de chocolate e uma diz que não gosta e a outra mesmo assim não o come

... ele decide ver o nível do óleo do carro porque sabe que vou fazer uma viagem no fim de semana e  não vai estar. Eu aproveito e peço para ver a pressão dos pneus e pôr água.

... ela tira a louça da máquina sem ninguém pedir

... ele vai às compras e sabe que há uns iogurtes que a filha mais velha não gosta mesmo que não saiba quais são os aromas

... acerto e compro exatamente a camisola que ela queria

... a mais nova diz-me "Adoro-te" todos os dias. Várias vezes. E eu nem sempre respondo.

... a mais velha me pede para fazer o prato preferido da irmã para o jantar, porque ela no outro dia tinha falado nisso. Sim, a mais velha também gosta mas até já tinha jantado.

Estes amores são como um relacionamento sério com a paz de alma.
Nem sempre vemos amor nestas miudezas do dia a dia, mas é lá que está...