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terça-feira, 17 de outubro de 2017

"Vou para casa"

Não sou muito apegada a coisas. 
Até costumo dizer que se me dessem uma chave doutra casa e tivesse que deixar a minha para trás, incluindo móveis e afins, eu ía sem pensar muito nisso. Talvez levasse livros, fotografias, álbuns e recordações não eternizadas pela era digital.
Mas isto não é o mesmo do que perder tudo, do que deixar de ter um lar para onde voltar.
"Vou para casa" é algo demasiado precioso para que seja possível sequer imaginar o que será não poder dizer esta frase.
Não sou de apegos a objetos, roupas, sapatos... mas sou de apegos às imagens que constituem a minha vida... Custar-me-ía horrores perder os registos dos primeiros passos das minhas filhas, dos primeiros sorrisos, de viagens, de férias em família, enfim de todos os pequenos pedaços que fazem da nossa vida uma história.
Talvez por isso, num inquérito feito há uns anos quando perguntavam "Em caso de incêndio o que retirava primeiro de sua casa?(com excepção óbvia de pessoas e animais)" a maioria respondeu "Fotografias".
Compreendo. Dou por mim a pensar na resposta aquela pergunta. 
É difícil mas seria a mesma. Ainda assim agora temos as clouds e os backups na internet...tudo perdido não estaria… 

A mais nova é de apegos. Não sai a mim. 
Não gosta que eu dê roupa que já não lhe serve, livros de infância, fatos de banho, sapatos, basicamente nada. 
Diz que tem boas recordações do que viveu com essas coisas. Ou seja, ela quer as coisas pelas recordações que lhe trazem. Lá vai dar no mesmo. O que nos custa é perder as recordações como se de repente fosse através das coisas que elas saltassem da memória. 

Talvez porque se torna difícil ter apenas o presente, como se o passado não fizesse parte de nós. Perder certas coisas parece perder passado, com medo que a memória não chegue. 

No outro dia demos um par de sapatilhas a um amiga, sim porque dado a amigas ela não se importa….tanto (acho que é porque fica por perto). Às vezes ela pede para lhe devolverem. Diz que é só emprestado. Passo umas quase vergonhas já que entre amigos não há disto.

Sobre as tais sapatilhas disse-me “Oh mãe é que foi com elas que aprendi a andar de bicicleta!”. 
Nem eu me lembrava o que ela tinha calçado nesse dia…mas ela sabe!
A mim chega-me ter as imagens desses momentos. Não preciso das sapatilhas.

Mas preciso muito de dizer a frase "Vou para casa".


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Mimos especiais

No meu aniversário a I deu-me uma caixa.
Eu soube logo que ía adorar, mesmo antes de a abrir.

Forrou-a em segredo e dedicou-a à Melhor mãe do Mundo. Calhou-me a mim, embora duvide disto.


Encheu-a com o que conhece de mim.
Deu-me um conjunto de post-its anti stress, com um "Inspira", seguido de contagem até 10, a terminar com um "Expira". Recomendou que o trouxesse na carteira...
Será assim tão evidente a falta de calma e paciência que me assiste?!
Abracei-a, de nó na garganta.






Um Adoro-te num balão, que era suposto ter a forma dum coração.
Um bloco para eu escrever.
Um saco que era suposto ter saquinhos de chá (mas não havia em casa). Passou a ser um saquinho aromático.
Uma foto com um momento nosso que ela nunca esqueceu. Deitadas na relva, em Espanha, num dia de Novembro muito frio e ventoso. Ela pensa que estava a dormir na relva e que a foto é de quando acordou. É essa a memória que tem. Mas não. Tinha dormido a sesta no carro, depois saímos para ver a paisagem e deitamos-nos na relva. Sei que nos rimos e corremos.

Acho que os presentes deviam ser todos assim.
Caixas tão cheias de tudo.
Pequenos grandes mimos.
Pensar no que faz os outros felizes.
Amor e não "coisas" caras.

Também recebi um telemóvel novo embrulhado dentro duma frigideira.
Mas também aqui porque o meu não dava para tirar fotografias, porque eu me queixava sempre disso...
(aqui para nós, que eles não sabem, chegava-me a caixa)

Acho que neste Natal vou adoptar esta ideia da minha teenager preferida.
Não há melhor presentes que estes pois não?!


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Dá que pensar...


A I não ganhou peso nos primeiros 9 dias de vida.

Até aos 2 anos chorava muito tempo seguido nem ninguém entender o porquê sendo muito difícil fazê-la sair daquele estado. Uma destas vezes veio a vizinha do andar de baixo ver se estava tudo bem.

A fritar croquetes, e enquanto segurava a R ao colo por estar rabugenta (ainda nem andava), salpicou-lhe óleo para a testa. Levei-a às urgências com várias marcas redondas de queimaduras. Felizmente não deixaram cicatriz

Certo dia, a segurar a R no escorrega do parque infantil, fiz-lhe um arranhão na cara com a unha. Ainda hoje tem a marca.

Num espaço de 2 semanas a R deu entrada nas urgências com, 1: golpe na cabeça, resultante de pancada na esquina duma parede da sala depois de ter dado um encontrão ao pai. 2: Lábio aberto por ter batido com a boca num DVD depois de estar a disputá-lo com a irmã.

Esqueci-me de levar a I à segunda dose da vacina do HPV no mês correto. Embora tenha sido eu a telefonar para o Centro de Saúde para me informar sobre o assunto ouvi logo em tom reprovador "A menina tem a vacina em atraso".

Uma vez comeram as duas sopa meia azeda. Só me apercebi depois.

Saí directamente da escola para o Centro de Saúde para um curativo duma ferida no joelho da I. A enfermeira disse-lhe "Também tens aqui uma nódoa negra" e ela respondeu "Acho que é sujo. Já não tomo banho há alguns dias".

A I tinha uma pigmentação escura na dentição de leite. Muita gente pensava que era falta de higiene.

Num internamento da I, aos 4 anos, tive que me impor e dizer que não deixava que lhe retirassem uma sonda que lhe tinham enfiado no nariz a muito custo algumas horas antes e ainda ouvi da enfermeira de serviço da noite" Prefere ver a sua filha a sofrer?".
Não, não preferia....mas sabia o que ela tinha passado para pôr a sonda e os médicos tinham feito ela prometer que não a arrancava de modo a que pudessem tirar-lhe as talas de madeira dos braços. Pedi antes se podiam dar-lhe alguma coisa para as dores e manter a sonda...

Já fui "acusada" de me recusar a fazer o historial clínico da minha filha I, também num episódio de urgência. Aliás o que levou ao internamento...
A minha filha gritava de dores. Tinha tido alta na véspera, altura em que contei tudo. Foi medicada e foram registadas várias informações clínicas. Se havia quem tivesse historial mais completo era o hospital....

Descobri que a R já se punha em pé quando a vi na cadeira da papa muito contente de pé a bater palminhas. Estava sem cinto.

Há momentos em que me salta a tampa, perco a paciência e berro com elas.

Já tive discussões à frente delas.

Quantas vezes as quedas maiores que elas deram foram mesmo debaixo do nosso nariz? Quantas vezes desviámos o olhar 2 segundos e foi quando se magoaram?

Ao analisarmos a vida de cada um de nós ao pormenor, não existirão muitas situações destas?!
Será que aos olhos de outros que não me conhecem seria considerada negligente?

Eu sei que a partir do dia em que nasceram o meu coração passou a bater do lado de fora. Sei que não há amor igual. Sei que não faria nada que as magoasse intencionalmente. Sei que faria tudo ao meu alcance para as proteger. Eu sei. Quem me conhece de perto sabe.
Mas quem visse apenas factos, do lado de fora, saberia?

Ouvi os casos recentes na comunicação social (confesso que não vi a reportagem) sobre como no Reino Unido retiram facilmente as crianças aos pais, e opiniões diversas sobre ser exagerado, revoltante, desumano, ou até compreensível face a factos e evidências, e não estando na posse de informações suficientes para tirar conclusões, como mãe que sou só me dá para pensar...

Cada cenário visto fora dum determinado contexto pode parecer diferente do que é.
Olhando para a lista atrás, sem explicações, só encarando os factos nus e crus, o impacto seria certamente outro.
Em muitos casos haverá uma explicação lógica. Noutros de facto não.
E é neste limiar, que se torna difícil agir...

Cada vez mais acho que cada caso é um caso, e que em todos se deviam considerar pais e crianças, como seres reais num mundo real e não no papel. Ouvir, ver e analisar, antes de tomar medidas drásticas, que venham a ser mais prejudiciais que vantajosas para qualquer das partes.
Deve ser difícil, pode parecer demasiado utópico, mas seria essencial!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Nico


De um dia para o outro perdemos o Nico. O nosso Porquinho da Índia.

E há dias assim.
Em que choramos as lágrimas todas.
As que se acumulavam de muitas feridas mas nunca saíram.
Chora-se o inesperado, a rapidez com que a morte chega e nos apanha de surpresa, a impotência perante ela, o querer fazer mais e não estar nas nossas mãos, as coisas que tomamos como certas, as batalhas perdidas, os vazios que incomodam, os silêncios que aparecem, outras perdas, fins.
Choram-se memórias, saudades que existem e outras que hão-de chegar.

Hoje o Nico tornou todas as perdas mais reais.
Lembrou que as famílias não ficam iguais para sempre.
Que afinal ser mãe é também não resolver tudo. Não lhes arrancar a dor. Sofrer por e com elas.
"Hoje todos fizemos a nossa parte", foi a frase que ouvimos da veterinária e que a Raquel repetia ao deitar.
É importante saber disto. Saber que não há culpa embora ela ande por aí à espreita. Como chegou ele ao estado de "critical care"?; como lhe cresceram tanto os dentes e não reparamos?; como ficou tão magro?; porque deixou de comer?...

Era só um porquinho da índia, mas esteve na nossa família quase 3 anos.
Teve direito a um desenho de boas vindas e a outro de despedida.
Chegou e partiu num dia 5.
Esperamos que tenha tido uma boa vida aqui connosco.







segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Há ir e voltar - Somos padrinhos!

Há algum tempo que havia uma grande vontade de ajudar a causa "Há ir e voltar"
Conheci e fui acompanhando pela página do facebook.
Ía tentando sempre que havia pedidos para apadrinhar mas nunca era suficientemente rápida.
Até que chegou o dia.
Apareceu a Brigitte a precisar de madrinha. Aliás, madrinhaS.


Era necessária madrinha de alimentação e madrinha escolar.
A primeira contribui para que a criança apadrinhada tenha alimentação assegurada para um ano, com duas refeições por dia.
A segunda contribui para que a criança tenha acesso à escola, sapatos, uniforme e material escolar e despesas de saúde, pelo mesmo período de tempo.
A Brigitte tem 8 anos. Vive com a mãe, que lava roupas para fora e mais 4 irmãs. O pai saiu de casa.
Não consegui escolher.
Fiquei madrinha de alimentação. A I e a R ficaram madrinhas escolares.
Cá em casa somos todos padrinhos da Brigitte.

O correio dificilmente chega à Favela de Kibera, no Quénia mas é possível trocar mails com a Diana que lá está em Missão de voluntariado. Por esta via já fizemos chegar fotos nossas para a Brigitte nos conhecer, acompanhadas de uma pequena mensagem. Não conheço pessoalmente a Diana, mas admiro-a por esta ação. Talvez a inveje um bocadinho, porque gostava de arregaçar as mangas in locu... quem sabe um dia...

Estamos muito felizes por deste cantinho e ainda que à distância conseguir fazer a diferença na vida da Brigitte.
Foi das melhores prendas que recebi no início deste ano.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Grandes lições de gente pequena por fora


Gosto que ela o trate pelo nome quando me conta como foi o dia.
Partilham a mesma inicial.

- "O R é tão fofinho!"
- Quem é o R?!
- "Aquele menino que viste no 1º dia que tinha uns óculos azuis."
- Do 1º ano?
- "Sim, aquele menino que tem um problema."

Já sabia quem era.
O R tem Trissomia XXI.
Eu, como adulta, se me referisse ao R talvez tivesse começado por aqui para o identificar.
Ela não. Começou pelo nome. Depois pelos óculos azuis. Pelo facto de o termos visto no 1º de aulas.
Segui-lhe o exemplo e perguntei se era do 1º ano.

Os olhos das crianças vêm sem filtros, sem rótulos, de forma pura e diretamente do coração.
Sabem escolher as palavras.

"Sabes mamã, o R não percebe bem as campainhas...às vezes fica sentado no recreio...depois vão buscá-lo e levam-no por um braço. Mas não precisavam de levá-lo assim....Era mais justo se ele pudesse brincar. Ele às vezes vem a correr ter connosco e abraça-nos. Costumo dar-lhe bolachas das minhas."

Hoje é Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Ouviram a história do Elmer, o elefante xadrez.
Amanhã vão pintar um Elmer. Cada um o seu. Com as cores que escolherem. Todas diferentes.

Quero acreditar que a R e outras meninas e meninos de grande coração farão deste mundo um lugar melhor para o R e todos os meninos e meninas com outra iniciais, portadores de grandes lições de vida.




quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Flores à chuva

"Nunca estive tão desiludida com a escola..."

Desabafou hoje ao almoço a minha R...
Aos 9 anos, no 4º de escolaridade.
A minha R. Aquela cheia de boa disposição. A que canta de manhã à noite. A que ri com vontade.
A que reclama de tudo quando as coisas não lhe correm de feição.
A refilona e argumentativa q.b.
A que não se importa de vestir calças floridas em dias de chuva...

(Sim, porque estamos formatados...Roupas claras, coloridas ou floridas são para Verão, cinzentos e outros tons escuros para Inverno... Cresci na sociedade que acha que no Outono mesmo que esteja calor já não se calçam sandálias nem se veste manga curta e que no Verão mesmo que chova não se usam gabardines. Quando entrei para a faculdade uma professora disse exatamente isto numa aula. Que ela não queria saber disso e usava o que bem lhe apetecia. Deu o exemplo das inglesas que vestem camisolas de lã ao mesmo tempo que usam saias sem meias. Até ali, nunca tinha pensado nisso. Mas sei que também eu estava formatada para achar que os ingleses de sandálias com meias ficam ridículos....mas espertos são eles, porque é do mais confortável que há!!!
A R passou toda a primavera e verão sem querer vestir estas calças. Num dia em que chovia a sério pegou nelas e perguntou se podia usá-las. A minha primeira reação foi abrir a boca para dizer que não eram muito adequadas a um dia de chuva.....felizmente não foram essas as palavras que me saíram...
Abri a boca mas disse que sim, que podia ser, que eram tão giras e que lhe ficavam tão bem!
Devo ter ficado uns 2 segundos de boca aberta até que me saíssem as palavras porque ela perguntou, "Tens a certeza?".
E ela vestiu calças brancas e floridas em dia de chuva. E já repetiu em dia de sol.
E fico feliz por não me ter saído da boca o que primeiro pensei. E fico feliz por ela não estar formatada.)

Já basta a desilusão com a escola....
Tem uma professora nova este ano.
As mudanças são normais e fazem crescer, mas ela só contava com isso no 5º ano. Ainda não criou laços com a nova professora. Está de pé atrás. Desmotivada. Queria ter um percurso igual ao da irmã. Diz que na festa de final do ano pelo menos não vai chorar de saudades...
Eu sei o que lhe falta....a palavra amiga, o abraço, o mimo, o conforto no conhecido e a confiança.
E essa parte não se pode pedir numa reunião de atendimento aos pais....é algo inato, de quem se dá a conquistar...
Ela ligou o modo defesa. Está em alerta. Já não conta tudo com a mesma naturalidade.
Encolhe os ombros como se estivesse só à espera que o ano acabe. Sinto nela um bocadinho de revolta, daquela que nos vai corroendo por dentro mesmo que os assuntos não sejam diretamente connosco. A mesma revolta que primeiro doí mas depois traz a força para encarar e superar.
Eu ainda tenho esperança que seja apenas a fase de adaptação à mudança, que a desilusão dê lugar à aceitação.

E perante as desilusões que a vida nos vai trazendo...
Porque não vestir cor no inverno?
Ou branco?
Ou flores?
O que interessa o que pensam os outros do nosso lado de fora?
Já basta como nos sentimos por vezes por dentro...


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Verdadeiro


Não sendo frequente dou comigo a dizer "Vá ponham-se lá aí para a foto!" ou "Dêem lá um abraço!" e nestas alturas ouço o costume "Oh mãe, agora não!" e recebo em troca sorrisos forçados ou caras de frete e até já ouvi que isso eram abraços fingidos e se era só para a foto não tinha piada nenhuma.
Não era natural.
Elas têm razão. E eu que sou fã de fotografia já devia saber que não vale a pena insistir. 
Tento apanhá-las desprevenidas e mesmo assim tende a ser tarefa cada vez mais difícil, quer juntas quer em separado.
Apesar da quase constante implicação entre elas....dita normal entre irmãs, e sendo a diferença de idades sempre igual, certo é que o grau de tolerância depende da idade em que cada uma delas está. Neste momento diria que estamos no pico do atrito.
12 anos vs 9 anos é uma combinação quase explosiva.

Mas depois há uns instantes verdadeiros.
Dos que vejo e guardo para mim. Dos que me enchem o peito de orgulho e me fazem a mãe mais babada do planeta. Dos que não são ensaiados. Dos que me deixam de lágrima ao canto, mesmo já depois ao ver as fotografias, mesmo agora enquanto escrevo.
Naturais.
Desta vez tinha a máquina a jeito.
Um abraço sentido e verdadeiro.
Para guardar para a vida.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Desesperos

Sempre estranhei a fórmula mágica do copo de água com açúcar que resolve tudo nas telenovelas brasileiras.
Ontem decidi aplicar uma adaptação, já que água açucarada é coisa para complicar ainda mais qualquer estado de espírito e palato seletivo da geração mais nova da casa.
Mais um serão complicado.
Ansiedades e nervosismos antes dos testes globais.
Na mais nova. Sim, a mais nova....a de 9 anos, no 3º ano do 1ºciclo!!

"Eu não consigo"
"É muita matéria"
"Eu não percebo nada"
"Não sei nada das horas"
"E os litros?
"E os problemas?
"Eu vou ter insuficiente"
"Vai ser muito difícil"
"..."

E quem conhece a R sabe que isto é no mínimo estranho.

Esgotei todo o discurso do "Tu és capaz" e mais mil variações do "Está tudo bem"!

"Está tudo bem para ti mas não está para mim. Tenho muitos nervos. É que eu sou responsável!" disse-me.

Tentei de tudo. Que ela imaginasse esquemas de ginástica, um montão de coisas boas, coisas felizes.
Beijinhos, abraços, festas e mimos.
O sono chegava mas ela afastava-o.
Ela dizia-me não chores mãe. Mas ela é que chorava.
Ela pediu desculpa. Expliquei que não estava chateada.
O sono molda o discernimento.
Não vale a pena insistir na mesma tecla.
Decidi mudar de cenário.
Quarto dos pais.

E numa tentativa de imaginar o que mais poderia fazer, para além do leite morno bebido aos soluços, ocorreu-me a água milagrosa das novelas. Açúcar à parte.

Copo de água
Açúcar em colher (nesta fase a lavagem dos dentes a seguir ficou em 2º plano)
Mais água
Um xixi
Mais água.
Adoro-te
Eu tb.

Tiro e queda!
1 da manhã para R. Finalmente a dormir.

Mãe de coração apertado. Não consigo vê-la assim, em desesperos.
2 da manhã. Pão com nutella.
Escovamos melhor os dentes amanhã.

Por onde anda a minha miúda decidida, segura e confiante?
Amanhã é Estudo do Meio.
Global.
Espero que não seja preciso mais águas e açúcares.
As dores de barriga já começaram na parte dos anfíbios e palpita-me que pioram nas raízes fasciculadas!