segunda-feira, 30 de junho de 2014

Um brilhozinho nos olhos...


Em preparativos para os dias de Sarau de Ginástica da AAC, para além das roupas, e da saga dos penteados, temos também as pinturas!!!!

Dos bigodes brancos do velho Geppetto, passamos a uma sombra discreta, depois a um brilhozinho ligeiro.
O brilhozinho nos olhos aumentou.


Por estes dias ouvi:

"Mãe, tens lápis preto? 

(Acho que nem percebi logo que tipo de lápis era....)

"E rimel?"
"Posso levar as tuas sombras?


E lá levou.
Rimel
Sombras
Lápis preto
Base
Gloss
E partilhou com as amigas.
E ficaram lindas para a grande festa!





E é com um brilhozinho nos olhos que olho para ela.
Para a menina que não gostava de folhos, nem de brilhantes e muito menos de lantejoulas.



sexta-feira, 27 de junho de 2014

Palpitações em coração de mãe atarefada!


Semana em que se respira Sarau de Ginástica.
Treinos extra. Ensaio geral.
Além disso gostam de andar por lá a ver os esquemas das outras classes.
É o acontecimento do ano!
A bem da verdade, em dia de sarau nunca conseguem ver nada na azafama dos bastidores....

Preciso de uma agenda só para horários de treinos desfasados e listas de roupas!


Em véspera de mais um treino extra:

R - "Mãe é para levar amanhã os suspensórios!"
Eu - Suspensórios?!?! Mas o teu fato não tem suspensórios! Não tenho nada disso na lista!
(Palpitações)
R - Mas a treinadora disse que era para levar!
Eu - Tens a certeza?!? Mas o teu é cartola e capa de grilo! Os suspensórios são dos pinóquios!
(Mais palpitações) 
R - Pois também não sei mãe......
Eu - Não serão os acessórios?!
(O que vale é que as mães têm este traquejo de pensar a mil à hora, mesmo durante as palpitações!)

R - Ah sim, é isso!

Suspensórios, acessórios.....sempre rima.

Sei que depois deste episódio a R adoptou a palavra "Adereços". A treinadora também.
Palpita-me que não terá sido a única a falar em suspensórios....

E é já hoje! A 1ª sessão!
Sem suspensórios, mas com muitos adereços!
E amanhã há mais!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Por esta não estava à espera.....

Da série
"De outro século!"

Gostam elas que eu conte coisas da minha infância.
Que diga o que fazia, a que brincava, peripécias, coisas da escola, etc
Gostam também que ponha músicas no youtube que eu costumava ouvir.
Cada uma vai pondo as suas músicas preferidas. Vez à vez.

Numa destas noites comecei por Lloyd Cole. Jennifer she said.
Não me pareceram muito convencidas....
Mais estranham eu trautear a letra.

Passei para Tracy Chapman e o seu "Fast car" que eu adorava.
Então enquanto ouvíamos disse-lhes que foi das primeiras cassetes que tive e que costumava ouvir no meu walkman.

????????????
Dispara a mais nova: "O que é um walkman?"
Estava para abrir a boca quando a mais velha diz para a irmã:
"Eu depois mostro-te. Está no meu livro de história."

E por esta não estava à espera! Como?!
No livro de história?!?!?
Foi buscar o livro.
Lá estava numa página intituada "Objetos do quotidiano no séc XX"....
Uma lista de objetos, acompanhados de fotografia (claro) que qualquer quarentão identifica na hora!

Nos meus livros de história não havia walkmans....só cânforas e artigos da era romana, e máquinas fotográficas de fole e uns projetores de cinema velhinhos....
Estou velha!






terça-feira, 24 de junho de 2014

25-52 - Brincar na rua


Brincar na rua.
Nas traseiras de casa.

Em fins de tarde de Verão juntam-se vizinhas em brincadeiras de rua.
Ensaiam danças.
Inventam coreografias.
Pintam o chão com giz.
Estendem mantas e brincam às escolas.
Saltam à corda.
Jogam à bola.
Andam de bicicleta.
Jogam às escondidas...

Coisas simples.

A diferença, para o nosso tempo, é que não havia adultos de plantão. 
Brincávamos na rua sem ninguém a vigiar.
Corríamos riscos.
Ninguém nos conseguia contactar para saber onde estávamos.
Não havia muitas recomendações...

Agora este Brincar na rua é mais difícil....
Quer pelas próprias ruas, mais movimentadas.
Quer pelos poucos quintais, pelas poucas traseiras, pelo menor número de crianças e porque tantas vezes nem se conhecem bem os vizinhos...
Se para nós ir à mercearia da esquina era normal, agora parece quase uma aventura!
A sociedade mudou e com ela mudamos nós e nós mudamos as crianças.
Os pais foram ficando de plantão, à espreita, de olhar cada vez mais atento.

Abrir a mão e deixá-las ir....
 É preciso uma dose de coragem.

Estar por conta delas.
Usar a cabeça.
Medir riscos.
Ponderar consequências.
Ganhar confiança. Elas e nós.
Nada simples.

Eu deixo. 
Há mais recomendações.
Fica o meu coração de plantão...
Fica o meu ouvido tísico, atento a um "Mamaaaaã!"
Podia ser mais simples...
Afinal, é brincar na rua.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

É que é mesmo mais pior!


Já tinha ouvido muitas expressões ou ditados dos "antigos".
Daquelas que vão ficando no ouvido, no sangue que herdamos....que passamos a dizer também como se fossem nossas, que nos saem da boca sem pensarmos nelas....

"Muito riso pouco juízo"
"Este é irmão deste", acompanhado de gestos, apontando para os olhos alternadamente.
"Tenho um dedo que adivinha"
"Oh Nossa Senhora"
"Quem brinca com fogo faz xixi na cama" - esta não preciso de dizer porque não tenho lareira....

Algumas delas digo e começo geralmente a frase com um "Já dizia a minha avó...."
E uma que gosto particularmente que a minha avó materna usava muito (talvez use ainda)...
"Oh sai-te Laura!" 
Vá-se lá saber de onde esta veio e o que quer dizer....talvez nem seja bem assim, mas é assim que me lembro de a ouvir.
Há dias dei comigo a dizê-la! E fiquei a pensar....de onde é que isto me saiu?!??!
Imaginei-me de cabelo apanhado, grisalho, de manga arregaçada e de avental, quintal acima, a correr atrás dos netos e das suas tolices e peripécias. Sorri.

E porque foi a trovoada que me lembrou disto hoje:
"Só se lembra de Stª Bárbara quando se ouve os trovões!"

Há dias vi esta em destaque numa loja.
Nunca tinha ouvido antes. Tem ar de ser das antigas.
Mas lá está.....sempre atual!
Toca a avançar para frente!
Arrecuar para trás é mais pior!



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ansiedades...


Ansiosa por....

Dias simples.
Dias fora de casa.
Ter tempo para elas.
Estender mantas de picnic.
Dormitar sestas.
Conhecer recantos.
Ter tempo para planos.
Não ter planos.
Esquecer que dia é, que horas são.
Mar.
Molhar os pés.
Ouvir gaivotas.
Sardinhadas sem sardinhas.
Ler.
Caminhar.
Estar.


Deve ser o verão aí a chegar....e as férias ainda um bocadinho longe....


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Quinta 19.....

Não é Sexta, 13.
Bem que podia ser....
É uma Quinta, 19.
Talvez seja isso, já que para mim as Sextas 13 nem costumam ser azarentas.
Nem sou muito supersticiosa, embora tenha 2 ou 3 manias, talvez perto da superstição....


Até gosto de gatos pretos e não me atrapalha que se me atravessem à frente...
Mas há dias que "de manhã, uma pessoa à tarde mais valia não sair de casa à noite"....

Saio de casa. Chuvisca. Não tenho água para o limpa-vidros.
5 minutos depois estava de pneu rebentado no meio da ponte velha da cidade.
Melhor de tudo, é a parte elétrica do meu carro ter vontade própria e decidir que a mala não abre....
E é na mala que está o colete, o triângulo e o pneu!
Valeu-me a portinhola de cima da bagageira, por onde debruçando-me lá tirei colete e o triângulo.
Menos mal. Sempre fico mais protegida dos olhares daqueles senhores que passam e pensam que "é mulher e basta, às tantas deixou só o carro ir abaixo....."
Outro diz: "Ligue os 4 piscas!" naquele tom, "sabe?! 4 piscas?! dã?!" E eu respondo: "Mas estão ligados"....bem, um pisca de lado mas não de frente.....enfim!

Pára um carro à minha frente, sai lá de dentro um moço e diz " Sou amigo do N".....naquela fase até podia nem ser, desde que ajudasse!
Valeu a I ser uma ginasta e entrar pela mesma portinhola, enquanto eu do lado de fora e ela lá dentro seguravamos no alçapão (deve mesmo haver um nome técnico para isto) e o moço retirava o pneu.

Nisto pára outro carro. Sempre o moço era amigo do N.
E o que mais me enerva é que o carro reconhece melhor o outro dono....
Pancadinha no pisca, zás....ligado!
Carrega em 3 botões, zás....abre a mala!
Felizmente o moço tinha constatado o mesmo que eu , que a mala não abria!

Nesta fase ainda tenho que ouvir a piadinha da mala desarrumada e tal...
Há coisas que não mudarão nunca nisto dos cromossomas XY....

Caso arrumado. Pneu trocado. Oficina. Siga.
Chego ao local de trabalho. Abro o mail.
Um dos emails tem este assunto....

"Cláudia, está prestes a viver um verão memorável!"

Mesmo o que estava a precisar!
Adoro as certezas destes senhores!
Eu também espero que sim!
Nem tudo corre mal, afinal, numa Quinta, 19!

Podiam enviar outro se faz favor a dizer
"Cláudia está prestes a sair-lhe o euromilhões. Jogue por favor na semana tal....."


quarta-feira, 18 de junho de 2014

24-52 - Mimos




E se alguém um dia te fizer o almoço.... isso é?

Uma filha linda!

Receber uma mensagem a meio da manhã a dizer:
"Mãe queres que faça o almoço? Vá lá, vá lá, deixa-me fazer o almoço!"

Bem, dito assim tinha que deixar!
Não sou assim tão intransigente....lá vou dizendo que sim a alguns pedidos das minhas filhas em tom implorativo!
(Fico depois a pensar nos perigos do fogão, da água a ferver, das facas....ou não fosse eu... mãe! Quase me arrependo do meu sim...mas afinal uma mini chef tem que praticar para não desmotivar...)

Chegar a casa após uma manhã de trabalho, e ter uma Carbonara a fumegar pronta a empratar e comer....
Só sentar.

Filha I, podes fazer o almoço e/ou o jantar sempre que quiseres, ok?
Vais-me estragar com mimos!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Vidas ao vivo!

Ir às compras pode ser por vezes uma verdadeira aventura emocional e cultural....

Secção da fruta:
Funcionárias do estabelecimento falam sobre bananas.
Uma refere que até conhece uma música e começa a cantarolar.
Letra alusiva às vantagens das mesmas, ao estilo subtil do Quim Barreiros.

Secção da carne:
4 figuras sui generis debatem-se sobre escolher espetadas de perú com ananás ou de porco com pimentos. Ambas muito boas na brasa, dizem. Até aqui nada de especial, mas olham-me com ar interrogador quando pego numa cuvete de canja e inspeciono as de carne picada.

Secção de peixe:
Vejo pessoas a comprar peixe fresco. Pronto, esta gente não é de cidade de mar....não sabe que NUNCA se compra peixe à segunda feira.....não há pescadores ao Domingo.....chego a ficar com vontade de as avisar....

Secção de bebidas:
Compram-se packs de minis. Sinal de jogo. Ainda iriam a tempo de as pôr fresquinhas?!

Caixa:
Algum tempo de espera, nada de anormal. Começo a ficar nervosa com a funcionária da caixa, que se abana, a bater com o pé no chão em jeito de tique nervoso ou aparente estado de quem está com pressa...respira fundo, bufa, ...confunde-me....ela está no local de trabalho, a cumprir horário....o que a deixará tão esbaforida?! Um cliente tem um artigo cujo código não passa, é preciso chamar outro funcionário e buscar embalagem igual. Senhora da caixa fica à espera.....E agora sim, atinge o pico do seu estado ao ponto de eu ficar assim também. Aquilo pega-se!

Saída do estabelecimento comercial:
As mesmas 4 figuras dirigem-se ao tractor...sim, tractor com atrelado caixa aberta, estacionado à porta. Senhores à frente, senhoras atrás. Qual cinto qual quê?! Nem bancos! Haja alegria! E ali havia e muita!

E em dia de muito vento, em semelhança aos dias de chuva, vejo uma senhora que tapa a cabeça com saco de plástico para não estragar a noite de rolos na cabeça.

Dá-me assim para reparar noutras vidas quando ando sozinha às compras.

O que eu perdia se fizesse compras on line....



23-52 - "Descobrir a brincar"


A R chegou a casa com um kit.
Pronta a arregaçar as mangas a qualquer momento e desatar a trabalhar!
O problema é que o timing dela não corresponde inteiramente ao nosso.

O kit ciência do Jardim Botânico, para descobrir tudo sobre o mundo das plantas parece-me perfeito!

Mas não às 22h30, mesmo antes de ir dormir, nem mesmo à hora de jantar....
Tivemos várias vezes que dizer "Agora não". Para despachar não valia a pena.
A ciência exige tempo, concentração, disponibilidade, paciência....não combina com pressas!
Tinha que ser quando houvesse mais um bocadinho livre, talvez no fim de semana....
Mas os fins de semana foram de preparação para provas dos mais diversos tipos, pelo que o kit ía esperando....e a R também.

Lá chegou uma manhã de fim de semana livre!
Arranjar espaço - mesa da cozinha, serve!
Preparação do material - aqui bastante facilitado, já que vem tudo no kit menos a água.
Seguir o procedimento direitinho - afinal sou de ciências, ossos do ofício.

Tudo à cientista, como manda o figurino!
E como que em jeito de compensação pelo tempo de espera fizemos 3 experiências!
Apontamos num bloquinho quando e como era preciso ir ver resultados, regar, vigiar, etc

Temos 3 experiências em curso.
Estamos prestes a tirar as primeiras conclusões.

Um kit perfeito para descobrir enquanto brincam, para pensarem, para aprenderem a esperar, para criar momentos de família, para ter o quarto enfeitado com molas de roupa, sementes à janela, e vasos pequenos a decorar o parapeito.

Como qualquer cientista preocupado com o desenrolar das suas experiências, a R colou logo um aviso na janela para que se visse bem "Não mexer!".

Agora esperam-nos mais algumas até ganhar o autocolante "Eu sei semear"!



quarta-feira, 11 de junho de 2014

Isto dos 40....


Gosto de ficar um bocadinho com as meninas nestas voltas dos adormeceres.
E suponho que as meninas também gostem de ficar comigo.
Somos da mesma espécie, mas é um tipo de mutualismo mãe - filha.

Se há dias em que caio redonda primeiro que elas, há dias em que me levanto e saio sorrateiramente, quando o som da respiração anuncia que o sono chegou.
E nestes últimos, em que estou prestes a sair do quarto das miúdas numa tentativa de pé ante pé....ouço

"Mamã, onde vais?!"

Pois que é assim....aos 40, as articulações já fazem creck.....e são motivo para interromper sonos ainda pouco profundos.

Isto dos 40 tem que se lhe diga....não entendo onde anda a tal da ternura!
O pé ante pé já não se aplica...


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Toujours Paris

Não fui eu!
Não contribui para a queda de parte da estrutura da Pont des Arts, em Paris.
E tão pouco para a poluição no fundo do Sena, dado que não lancei qualquer chave das 700 mil que lá se encontram e que correspondem ao amor eterno de igual número de casais.

Quando quase todas as minhas amigas na adolescência suspiravam por Paris eu sonhava com Londres.
Estranhamente, fui primeiro a Paris, e depois voltei e voltei e voltei.
Sempre com pessoas diferentes.
Nunca só a dois.
Tenho no meu CV de viagens, Paris 4 - Londres 1.

Nestas 4 visitas nunca vi os cadeados....aliás nem sei se cheguei a pisar a tal ponte!
Andava intrigada sempre que ouvia falar desta tradição...

Hoje fiquei curiosa.... Fui investigar.

Consta que foi construída em 1804, perto do Louvre.
Ora estive lá depois dessa data e das 4 vezes passei junto ao Louvre!

Consta também que a tradição começou em 2008.
Pronto! Aqui está a explicação.

2009 foi a última vez que lá estive....há 5 anos! 
Exatamente em junho, exatamente dia 9...
E exatamente hoje é que fui ver as fotos e tentar perceber em que ponte tínhamos estado.....
E não é que foi dia 9 de junho de 2009?!


Acho que nós deambulamos noutra ponte junto ao Museu D´Orsay e que pelos vistos de chama Passerelle Léopold- Sédar-Senghor, e que não estava lá das vezes anteriores.
E não é que só agora ao ver as fotografias vi aquela dúzia de cadeados!!???


Também consta que há as falsas pontes do amor.
Acho que esta era uma dessas.
Mas sinto que, falsa ou não, podia ter passado ali horas...


Paris ficou-me entranhado. Conquistou-me em cada visita.
Conquistou também a I, nem que seja pelos frascos de Nutella de 5 kg!

Sei que vou voltar.
A I quer relembrar. A R sonha ir.
Havemos de voltar. De meninas a tira colo.
E nessa altura talvez tenham removido todos os cadeados. Não importa.
Paris é Paris!
Não se explica. Sente-se.

Uns anitos depois

Há quase 23 anos (sim, está mal de certeza este número!), quando fui caloira na UC, num curso que acolheu apenas 34 miúdos vindos de cada canto deste Portugal Continental e Ilhas, não imaginava nunca que um dia teríamos filhos que brincariam juntos....

Durante alguns anos cada um foi seguindo as suas vidas, uns para Norte outros para Sul. Fiquei pelo Centro. Casamos, tivemos filhos, mudamos de empregos, de casas.
Havia tentativas de encontros para um jantar anual (pelo menos), mas juntavam-se 6 ou 7...se tantos!

Íamos sabendo uns dos outros, uns pelos outros.

É sempre estranho ver um colega de curso que não via há anos à porta do mesmo Jardim Infantil onde andava a minha filha. Estava a matricular a dele. Ele tinha duas meninas, eu também. Ficaram na mesma sala.

Anos depois reencontrei outra amiga via facebook. Já a julgava "perdida".
Combinamos um churrasco. Soube pela vida. Ela com um rapaz e uma rapariga. É impressionante ver como as crianças reagem como se conhecessem desde sempre.

Outros partilham experiências de viagens feitas e de outras por fazer.

Em todos os casos, nos reencontros parece não ter passado tempo nenhum desde a última vez que nos vimos. Temos sempre o que conversar.

Uns vivem na mesma cidade, embora nem pareça!
Usamos vezes demais a frase "Temos que combinar um café..."

Outros reencontrei apenas neste mundo virtual, mas sei que nos havemos de ver!

Alguns do mesmo curso mas de outros anos foram-se cruzando e atravessando na nossa vida anos depois de desencontros. Filhos dos amigos tornaram-se colegas de turma. 

Nestas voltas, a vida aproximou-me mais de uma amiga daquela colheita.
Ela tem duas meninas gémeas e mais pequeninas. As suas cerejinhas.
Conheci-as 1 dia depois de nascerem. Já lá vão 3 anos....

Gosto tanto de as ver juntas...


Felicidade às colheres

Nos filmes resolvem-se problemas, dilemas, desilusões, desamores, stresses, indecisões, palpitações, com um balde de gelado e um sofá.
O balde, aparentemente quanto maior melhor. Sem taça. De colher diretamente no balde.

É o gelado nos filmes e o famoso copo de água nas novelas brasileiras, para as maleitas já referidas.
Ambos resolvem tudo, com a vantagem do copo de água ser efetivamente mais rápido e menos calórico.

Há dias em que precisava da magia de um copo de água daqueles...
Ou de ter o sofá para me encafuar munida de um balde de gelado de kilo!

Ter o sofá é desde já tarefa difícil.
Só para mim então, e de gelado na mão, está perto de ser missão impossível.

Num destes dias, o sofá olhou para mim. Estava sozinha. Não lhe resisti.
E havia gelado!!
Não se pode negar à partida algo que se desconhece...
Nem se desperdiçam oportunidades....

Agarrei num mini balde - 250 g  de gelado.
Prescindi da taça como me parecia ser requisito obrigatório. Ataquei o mini balde de colher.
O sofá era só meu (pelo menos por alguns instantes).
E até tinha uma irritação derivada de planos que saem gorados.
Estava tudo reunido.

Estranhamente não me senti melhor.
Talvez nisto seja preciso ser mais rigoroso e atacar um balde no mínimo de 1Kilo.
Cada colher deve conter uma certa dose de felicidade.
250g de gelado não dá para o número de colheres necessárias.
Ou isso ou existe um tempo mínimo de sofá....a rondar aí as 3-4 horas.....condição esta não reunida.


Bem, confesso que não tentei o copo de água....
Fica para a próxima.

Há dias assim. Dias não.
Este Domingo foi desses. De impaciências. Sem sofá com gelado.

Pode ser só falta de mar. Saudades de praia.
A minha dificuldade de gerir domingos.
Pode não haver explicação nenhuma.
Pode ser patológico.
Pode mesmo ser mau feitio.
Tenho esperança que seja só falta de férias.

Parece-me que para mim resulta mais o gelado fora de casa, com companhia, conversa e gargalhadas.
Com colher, mas numa taça. Sem baldes.
Quanto ao copo de água, não duvido da sua eficácia.
Afinal água nunca fez mal a ninguém!

sábado, 7 de junho de 2014

Voaram!

Parabéns I !

Pelo esforço. Pelas conquistas.
Acabou mais uma etapa...Estes 2 anos de 2º ciclo voaram!

O que cresceste!!!
Saltaste dos teus 9 anos para uns 11 pré-adolescentes, num ápice.
Cresceste muito por fora. Acima de tudo orgulho-me do que cresceste por dentro.

Mereceste os votos de confiança.
Debaixo dos teus naturais bichos carpinteiros, sei que és leal, verdadeira, amiga, responsável e tanto, mas tanto mais!

Todos crescemos um bocadinho.
Aprendemos em conjunto a lidar com problemas, situações novas, desilusões...
Sou mãe leoa, mas tento não interferir.....fico a roer-me por dentro...ali, a ver bem de perto!
Desfizemos nós.
Superamos momentos menos bons.
Festejamos sucessos.
Choraste. Riste.
Não perdeste a gargalhada sonora.

Houve decisões a tomar, escolhas a fazer para o novo ciclo que aí vem!
Ter o futuro nas mãos pode ser assustador. Decidir faz parte.

Sei que já estás ansiosa com a mudança de escola, sem saber como será a turma, com novos professores...
Mudanças!
O nervoso miudinho é bom. Estranho era se não existisse.


Está na altura de aliviar as costas do peso da mochila.
Do peso de um ano em cheio.

Hora de descansar.

Oficialmente de férias!!!!!
Bem merecidas!!
Ainda não cheira bem bem a verão....mas são 3 meses e picos pela frente...
Será que aguentas!?
Aproveita!

Tomara eu ter esse tempo todo para aproveitar contigo!
Adoro-te Inêzoca!
Tanto tanto!



quinta-feira, 5 de junho de 2014

Factos - 1

Pronto.
É um facto.

Sinto-me a professora do Charlie Brown.
Deve ser isto que ouvem quando ando nos meus discursos pela casa fora ou no carro....

"Wah wah wah wah wah! Blah Blah Blah!"

Só assim poderei compreender porque digo tudo 3 ou 4 vezes.....até que surta algum efeito!
Será do meu timbre?!



quarta-feira, 4 de junho de 2014

As iludências aparudem...

Voltando à Feira do Artesanato.
Outro dos que me fascinou pelo despertar de memórias antigas, foi o "Jogo do Prego".
Um simples prego dava um Jogo.
Este trazia as regras, um saquinho e tudo!
Estranhamente era um jogo que se fazia na praia, ou noutro solo arenoso....e que entretia nas horas da digestão, enquanto secávamos depois do banho.....e acho que até no recreio da escola.
Ficou prometido levar para as próximas férias na praia. Não é um jogo para interiores.
Ainda hoje a R perguntou se podíamos jogar...
Se para o "Rapa" faltavam feijões secos, desta vez falta o solo arenoso....



A nossa volta pela Feira foi rápida. Demasiado talvez. Mas cheirava a último dia.

Lá estavam também as senhoras de Vila do Conde e a sua tradicional Renda de Bilros, que as minhas meninas adoraram aprender no verão passado. A senhora era a mesma e ainda se lembrava delas. Se não lembrava fez a parte que lhe competia. Vão voltar este ano para praticar mais um bocadinho. A Feira de Artesanato de Vila do Conde é já uma tradição, neste caso Avós - Netas.

(Foto tirada pelo avô)

Havia os senhores dos cestos; do vidro; dos presépios de barro; das latas, de esculturas de pedra, etc
Nestas voltas alguns íam mostrando a sua arte, moldando, esculpindo, bordando....

Então vimos um senhor atrás de uma banca de figuras de barro, umas pintadas, outras a crú.
Olhava para baixo e parecia de facto estar a trabalhar em alguma peça.
Curiosidade natural despertada.
"Mamã podemos ir ver o senhor a fazer estes bonequinhos de barro?!"

Afinal o senhor não fazia nenhuma figura, não moldava o barro, não pintava.....
......estava no Ipad!!!

Lá está, "As iludências aparudem...."

22-52 - "Rapa, Tira, Deixa e Põe"

O "Jogo do Rapa" faz parte da minha infância.

Horas a jogar debaixo de uma ramada na Régua.
Calor, sombra, tardes simples de verão. Ou talvez tenha sido só uma tarde, mas ficou registada.
Um simples pião de 4 faces com as letras R, T, D, P.

Num dos intervalos desta brincadeira, abri a torneira de um pipo para encher um jarro de vinho para os crescidos, e deixa-a aberta. Tinha meia dúzia de anos, talvez mais 2 ou 3....Tive vergonha de avisar alguém....quando deram conta já saía vinho da adega por um carreirinho....

Não recordo nomes, nem caras, sei que a casa era de um casal idoso, familiares de amigos dos meus pais. Lembro-me de gostar de lá ir, apesar das viagens até lá serem um suplício....nunca o meu estômago se deu bem com as curvas e contra curvas do nosso Douro vinhateiro.

Salta-me o verde à memória, o fresco da sombra, o sossego das tardes, as horas entretida num jogo a feijões, ou a azeitonas secas...

Há 2 anos vi os piões do jogo na feira de artesanato. Comprei logo um. Já não me lembrava o que queria dizer o "D". Ainda assim contei às meninas como se jogava. Não tinhamos era feijões. Entretanto perdi-lhe o rasto.

Este ano, passei pela Régua. Não resisti a entrar. Não reconheci nada. Mas também sei que a casa não era ali no centro. Numa rotunda vi uma senhora de mão estendida a segurar uns saquinhos que me pareceram logo familiares.....gritei "Rebuçados da Régua", e mesmo perante o olhar espantado das minhas meninas, dei a volta à rotunda e lá fui.
1 euro, 8 rebuçados, embrulhados em papel, tal e qual como me lembrava deles.

No Dia da Criança, o último da feira de artesanato deste ano, uma barraquinha de brinquedos antigos trouxe-me outra vez o "Jogo do Rapa". Desta vez perguntei para que serve o "D".

Surpreenderam-me algumas das perguntas das minhas meninas sobre os mais variados brinquedos de madeira que lá estavam....

Como funciona?; Onde se liga?; Então e o que é que faz?

Talvez façam falta jogos simples destes.
Sem botões. Sem pilhas. Sem som. Que não fazem nada sozinhos. Que reunem. Que trazem 4 linhas de instruções. Que dão para uma tarde inteira, ou melhor, que davam para uma tarde inteira.....Dá-me a ideia que após 3 ou 4 jogadas diriam "É só isto que se faz?!....

Ainda assim vou comprar feijões!


terça-feira, 3 de junho de 2014

Baladas...


* Num dia de chuva sentada na cozinha, penso, "A chuva está mesmo forte hoje, ouve-se tanto cá dentro de casa". Começo a pensar que é demasiado intenso para ser a chuva da rua.....será que já chove na cozinha?! Olho para todos os lados. "Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver." ..... afinal é o queijo a derreter na tostadeira, da tosta que já me tinha esquecido que tinha posto a fazer para a mais nova.....o som é demasiado igual....mas "a chuva não bate assim!".

* Levanto-me a correr a meio da noite porque ouço "Mamã". Assim "como quem chama por mim".Vou a cada um dos quartos das meninas. "Fui ver".Tudo calmo.
"É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia..."

Deito-me a pensar que já acordo ao som da menina dos vizinhos de cima. Logo agora que as minhas dormem a noite inteira....

* Durmo de meias (sim, sou friorenta nas extremidades), mesmo em dias sem neve "branca e leve, branca e fria".
Ultimamente acordo só com uma. O pé em falta de meia vai variando. A cor das meias também.
Um destes dias acordo com os dois pés calçados. Menos mal. "Pelo menos hoje não perdi nenhuma meia"...."Fui ver"....... era uma meia de cada cor!

* Encontro um rebuçado perdido na carteira....bem, não propriamente perdido....assim mais em resposta a um pedido "Mamã guardas o rebuçado?". Um dia destes "Fui ver" ....ainda lá estava o rebuçado. Não resisti. Fico secretamente à espera que nenhuma me pergunte por ele.... É incrível a quantidade de coisas que desaparecem assim facilmente, "leve, levemente"!

* "Passa gente e quando passa, os passos..." cruzam-se comigo na rua, sorriem-me e cumprimentam. Eu retribuo o sorriso e arrisco um "Olá, tudo bem?". Quando vamos com crianças surge a pergunta inevitável quando a pessoa se afasta....por vezes ainda não se afastou o suficiente...."Quem era mamã?"....e agora? "Fui ver"...Nem eu sei quem era.....o cérebro a trabalhar a mil....imagens a passar tipo slideshow, será da escola, será da ginástica, será da universidade.....branca completa! Confesso à meninas que não sei quem é? Que não me lembro? Invento? Quem será esta gente?

* Nem sempre as mães sabem tudo. Não devem pensar alto à frente dos filhos. Não deve haver lugar a desabafos do tipo "Nem sei se te lavo o cabelo hoje ou amanhã....!". Então se a mãe não sabe quem saberá?!??! É que ainda por cima já ouvi "Tu é que sabes, a mãe és tu!"....."Fui ver" e já ouvi isso mais do que uma vez.

É isso, a mãe sou eu!!
Mas às vezes ando assim como se tivesse o corpo num lado, cabeça no outro....
Nas minhas baladas.

"Fui ver"...
Será de mim? Será de ser mãe?
De mim é certamente e o cansaço bate assim.
Afinal, sou gente.

Com a "Balada da neve" de Augusto Gil.