sábado, 31 de maio de 2014

21-52 - Prometes?



Podes ficar assim que não me importo,
Agarrada às minhas pernas,
Atrás de mim como se fosses minha sombra,
Como se os abraços te dessem vida,
Pendurada ao meu pescoço,
Enroscada em mimos,

Com esse sorriso,
Com esse brilho nos olhos,
Com esse ar de marota,

Refilona, exigente, decidida, senhora do seu nariz!
Doce, alegre e amiga de bichos carpinteiros!

Prometes??
Prometes que ficas por aí para sempre?

Meu porto de abrigo.
Adoro-te até ao mundo das galochas!




Apregoar os 8 aos 7 ventos!

Andávamos em contagem decrescente há uns meses....
Quer dizer, andava ela, e por arrasto todos nós.
Contagem essa intensificada com a proximidade do dia.
Todas as manhãs ouvia " Faltam 20 dias"; "Faltam 15 dias" e por aí fora....
Excelente exercício matemático por sinal.
Contagem decrescente. Datas. Meses do ano. Cálculo mental. Operação subtração.
Nos últimos dias entramos na contagem final, assemelhando-se ao lançamento de uma nave espacial.
Em 3, 2 ,1!
E no dia D, acordou com 8 anos, ao som de uns parabéns barulhentos pelo restante agregado familiar!
E fazer 8 anos é de se apregoar aos 7 ventos!
Finalmente ela podia dizer "Hoje faço 8 anos!"
E disse....a toda a gente! 
E até escreveu!
Acontecimento quase na mesma magnitude que o lançamento da nave!
(Aliás a ultrapassar de longe qualquer evento!)


A febre das pulseiras foi aproveitada para enfeitar chupa-chupas, com flores coloridas adaptadas a menino e menina! É ao gosto do freguês! E saíram 25!



A mana fez brigadeiros coloridos na temática Circo para juntar ao bolo e à festa!
E que sucesso tiveram! Não sobrou nem um!

E na festa houve reencontros com amigos que já não andam na mesma escola, abraços apertados e muitos sorrisos! Havia muitas saudades!
Jogos alusivos ao tema da festa, pinturas, caça ao tesouro, e karaoke!
Crianças felizes!


Tenho a impressão que não tarda nada começa a pensar no tema do ano que vem!

(Aproveito eu também, já que em menos de um abrir e fechar olhos está a ir jantar fora com os amigos...e depois aí não tenho nada para fazer...)





sexta-feira, 30 de maio de 2014

Empreitada(s)

E pronto!
A empreitada dos bolos!

Tudo caseirinho por dentro e por fora!

Um para o dia D.
Surpresa!
Arrisquei eu no tema, dado que a paixão pela Violetta anda lá por casa.
Parece que acertei!



O bolo da festa.
Tema "Circo"escolhido pela aniversariante.
Feito pelas 3, numa looooonga manhã de trabalho!
Tem imperfeições, mas é "nosso".
 Dizia a todos, cheia de orgulho, que o bolo tinha sido feito por nós.
A meio da empreitada estive quase em fase de desistência....prestes a ficar pelo 2º andar!
Tem pregas, tem letras atabalhoadas, a cozinha ficou repleta de restos de pasta de açucar, farinha e açucar em pó, num processo de quase 5 horas!

Mas faria tudo outra vez....

 Sei que a loucura valeu a pena, pelo sorriso e olhinhos brilhantes.
E estava tudo delicioso!



quarta-feira, 28 de maio de 2014

Estará para breve?!


Nada como uma semana a cheirar a Verão, para começar a procurar camisolas de manga curta, calções e sandálias. Eu já tinha começado a abrir gavetas e a guardar roupa que achava que não ía usar mais até novembro 2014, pelo menos!

Andava feliz da vida!
Eu e as meninas.
Elas aderiram logo ao chinelo, sandália e calção.
Eu começo a manifestar sinais da idade e ainda não tinha largado a meia e a bota curta.
Usei sapatos, mas não passei à fase sandália... muito menos à fase camisolas de alças ou perna ao léu!
Ainda bem que não guardei edredons!

Lembro-me do meu Avô Berto, dos seus casacos, camisolas quentes, camisas de flanela, calças e chapéu de fazenda, em pleno verão. Sempre me perguntei (e lhe perguntei a ele) como é que não tinha calor?! Talvez só encolhesse os ombros em jeito de resposta. Também não sabia.
Não me lembro de o ver em mangas de camisa...Talvez fosse muito pequena.

Rendi-me às evidências e achei que com 30 graus, botas era demais!
Assim que guardei as botas....veio este Inverno!

Ela voltou outra vez!
Desta vez em fim de Maio!
Fui buscar as botas, as galochas, os casacos quentes e os impermeáveis!

Estará para breve um ar de Verão?!?!??!?!
Até tenho medo de guardar seja lá o que for não vá isto piorar!




"Se estiver sol todos os dias, habituamo-nos a ele e não ficamos mais felizes por isso. Na maior parte das vezes, o tempo não tem qualquer efeito no nosso bem-estar. É só quando pensamos nisso, e quando pensamos que tem efeito, então, sim, ficamos mal”, afirmou Paul Dolan, especialista em Ciências Comportamentais

Pronto, aqui está a solução: Não vale a pensa pensar na chuva!
Siga!


terça-feira, 27 de maio de 2014

Mãe que é mãe tem um pouco de louca!

Maio é um mês de contrastes.
De muitos afazeres pessoais e profissionais.
Ambos com datas marcadas que preenchem a agenda e planos a fazer.
Dias para comemorar, outros para cumprir.

De todos os afazeres, prefiro os 1ºs, em que as importantes decisões a tomar passam por coisas simples.....aliás, não me arrisco aqui a usar a palavra simples.....
Questões que mesmo que na sua simplicidade se revelam muito complexas aos olhos de quem tem 7 anos:
- Bolo a escolher;
- O que levar para os colegas da escola;
- O que levar para os colegas da ginástica;
- Onde fazer a festa;

A minha menina é prática e decidida. Torna a lista acima "fácil", pelo menos no que toca a decidir. Depois falta concretizar.

Este Maio, a juntar ao que já costuma contemplar, houve Exames Nacionais para a mais velha, Testes de Avaliação Globais para a mais nova, e preparação para testes intermédios, em semana de aniversário!

Decidi não encomendar bolo de aniversário para a festa "oficial".
Já costumo fazer o bolo do dia de anos, para casa, mas o bolo da festa costumo deixar entregue a mãos profissionais.
Este ano não.
Achei que aos 40 tenho experiência que chegue para estas empreitadas.
Bolos de 3 andares?! Venham eles!!
Salgadinhos para crescidos; Inventar receitas; Fazer compras; Pensar em surpresas; E tudo e tudo!
Isto a trabalhar "9 to 5".

Penso que devo ser louca.
Ou que talvez fique um dia....

No final de tudo, mãe de rastos, menina feliz, trabalho feito com sucesso!

E é por isso que me canso.
Que tenho adormecido quando elas se deitam.
Que até adormeci no cabeleireiro (figurinhas tristes).
Que me deu o sono no dentista.
Acho que nem em estado de graça tive tanto sono.

Mas só me conheço assim....
De listas na mão, atarefada nas minhas correrias.
Talvez por isso ande estafada e afastada da escrita.....não ligava o computador de casa há 3 dias!

Talvez fique louca um dia....mas serei uma louca feliz!
Maio afinal é só 1 x por ano.

Ficava feliz se todas as crianças tivessem mães um bocadinho loucas que fosse.....



quinta-feira, 22 de maio de 2014

20-52 - Sinais de Verão

A semana foi de verão.
Foi uma semana intensa. Cheia de trabalho. De estudo. De treinos extra. De prova de ginástica.
Semana de nervos à flor da pele.

Não aproveitamos o calor. Oportunidades de passeio. Praia.
Ainda assim teve cheiro de verão.
Uma festa nos arredores da cidade para a R trouxe-me ares do campo, ares das planícies alentejanas.

Sinais de verão. Janela do carro aberta. Manga curta.
Faltou a brisa do mar.
Mas tivemos outras cores e cheiros de verão.



Abraços


As minhas meninas são de mimos.
São de abraços.
São de se agarrarem a mim quando entro em casa, nem que esteja carregada de sacos!
São de se me pendurarem ao pescoço.
São de beijos no meio da rua.
São de me darem a mão.
São de enquanto me dão a mão me darem beijos no braço.
São de gritarem "Mamã!!!!" quando chego, nem que tenham só passado 2 ou 3 horas.
São de encostarem a cabeça ao meu corpo.
A R adora um mimo de colo. Nem que seja perto da escola. Não se importa de ouvir que já é grande para colos.

E ainda bem que são assim.

Na azáfama do fim da tarde, sei que nós, os crescidos, parecemos (e estamos) mais distantes.
"Agora a mãe vai fazer o jantar"; "Vai lavar os dentes"; "Tens T.P.C?"; "Já fizeste a mochila para amanhã?"....
Estamos sempre todos pouco disponíveis.

Dou comigo a dizer "Deixa-me ao menos pendurar os sacos"; "Não te pendures assim que me magoas!"; "Não me puxes o braço para baixo"....

Um destes dias, enquanto preparava o jantar, e tinha as mãos sujas, aparece a R à porta da cozinha (sem entrar porque estava descalça - desta vez respeitou a regra) e diz sem se aproximar:

"Mamã queria dar um abraço a alguém"

Ainda respondi "Mas agora a mamã tem as mãos sujas...podes esperar só um bocadinho?! Vai dar um abraço ao papá e a seguir já me dás a mim...."
....
Não consigo deixar de pensar nisto....
No terrível que soa agora....
No nó que me deixa na garganta....
No aperto no peito...

É isso.
Ás vezes só precisamos de dar ou receber um abraço.
Quando crescemos perdemos a capacidade de o pedir...
Espero que elas nunca a percam.

Um abraço apertado tem um poder curativo mágico.
Pode não resolver nada, mas melhora tudo!

Prometo (e nisto das promessas sou cuidadosa) nunca mais dizer que tenho as mãos sujas.
Deixar cair os sacos.
Um abraço não devia nunca ter de esperar.
Muito menos quando é pedido.
Muito menos um abraço de mãe.


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Exames Nacionais - 4º passo, a máquina de calcular

"Mãe, achas que a minha máquina de calcular faz barulho?!"

Esta era uma das preocupações ontem à noite.
Preocupação aliás natural, já que a lista de informações refere sobre as condições a que a calculadora deve satisfazer, entre outras....

"ser silenciosa"

Estará neste "ser silenciosa" considerado o facto de fazer o barulhinho de teclar?!
Bem, por cá assumimos que se aplicará apenas a barulhinhos eletrónicos.....Espero estar certa!
Além do silenciosa, "deve ter funções básicas +, -, x, ; não deve necessitar de alimentação exterior localizada; não ter fitas; nem rolos de papel ou outro meio de impressão; nem cálculo simbólico."

Quanto ao aluno ser portador do material listado, surgem dúvidas, talvez das existenciais:
Poderá o mesmo levar todo o material numa capinha plástica transparente?!
Tem que levar todo o material na mão?

Bem, eu quando leio que as mochilas/carteiras (já sem o telemóvel, claro!)  ficam à porta da sala, depreendo que seja do lado de dentro da sala.....parece que não.....é do lado de fora....

Pelos vistos assumi mal! Ao que consta quem levou algo mais que a caneta e a garrafa de água sem rótulo, teve que deixar tudo do lado de fora da sala, à chuva....

Hoje pelo sim pelo não a I leva uma borracha novinha a estrear.....
"Oh mãe, a minha tem aqui  uns rabiscos, ainda vão pensar que estou a tentar copiar!"

Ontem uma menina ía ficando com um jeito no pescoço só com a frase "Se alguém for apanhado a olhar para o lado tem a prova anulada!"....cumpriu de tal forma à risca a instrução que nem sabia quem era o colega do lado!

Chegaremos ao ponto das talas à volta da cabeça, para não olhar de lado?!
Já só falta isso!






Que fiques feliz!


Podia ser tudo simples.
Ou podemos tornar tudo mais simples.
O que parece complicado, pode ser incrivelmente simples....
Pensar positivo.

É normal ter nervoso miudinho, ter nervos dos grandes, doer a barriga, ter o coração prestes a saltar pela boca.
Faz parte. Os crescidos também têm disso!
Reconheço o teu empenho, esforço e persistência.
Nunca deixaste de acreditar. Não tornaste a matemática numa inimiga. Ganhaste tu!
Sei que cresceste muito este ano.
Sei que confias mais em ti.

Vai correr bem!
Trabalhaste muito!
Se correr menos bem, estamos cá para mimos e abraços apertados. Como sempre.

Afinal a nota de um exame é só a nota de um exame.
Sabemos quem és.
Sabemos o valor que tens!
Acredita!
É só uma etapa.

Espero que no fim do dia estejas feliz! E se tu estás feliz, eu estou feliz!



terça-feira, 20 de maio de 2014

Primos


Primos, lembram-me...

Férias
Infância
A casa dos avós
Cumplicidades
Palhaçadas
Gargalhadas
Brincadeiras
Companhia
Segredos

Talvez sejam os nossos primeiros amigos na infância.

Depois chegam os nossos filhos e os filhos dos primos.
E esse grau de parentesco que me baralha....2ºs primos?!
Não sei. Parece que sim. Partilham a mesma bisavó.


Mas ao vê-los assim lembro-me da minha infância e dos meus primos que se tornaram pais.


E o que vejo é isso.... primos!
Laços que se criam.
Memórias que se partilham.
Histórias de família.

Podemos não estar juntos muitas vezes.
Temos tendência de pôr as voltas da vida como desculpa para desencontros.

Desta vez transformamos o "um dia havemos de...", em algo concreto!



Um grande fim de semana!
Um fim de semana de primos.
Espero que o primeiro de muitos!











Segredos de mãe


Quando fiquei grávida a primeira vez, fui comprando livros e revistas, para futuras mães, com dicas, conselhos, partilhas, etc...

Comecei por um que já não tenho. Talvez o tenha emprestado a alguém que estava à espera.
"O que se espera enquanto se está à espera".

Depois da fase de espera, e da fase de ler sobre o choro, cólicas, sopas e papas,  passei a outros títulos.

Sentia-me sozinha neste meu papel de mãe.
Achava que só eu me sentia "devorada", "desleixada", em tentativas de ser "mãe responsável", de ter filhas " positivas", filhas de "bem com a vida", com "autoestima"....

Era atraída por livros com títulos sugestivos que me davam a certeza que eu não seria a única.
Os títulos foram mudando, talvez acompanhando o meu estado de espírito e a idade das meninas.

Acho que não li nenhum deles até ao fim.
Aliás li o primeiro, afinal se ainda estava à espera tinha todo o tempo do mundo.....

Nas férias com miúdas desisti de levar livros.
Só lia nas horas da sesta, isto se não dormisse também!
Quando deixaram as sestas eu deixei os livros. 7 olhos não bastam! Não dá para desviar a atenção e ler mais que duas linhas seguidas, principalmente na praia ou na piscina.

Depois, convenhamos, não vamos ler livros com estes títulos à frente das crianças.
Não queremos que pensem que afinal andamos à deriva, à procura de instruções em algum lado.



Quando comprei o "Transforme o seu filho até sexta", havia o similar "Transforme o seu marido até sexta". Na altura, ainda fui desafiada pelo marido a comprar esse...Se resultasse com ele, eu sabia que estava no bom caminho com as crianças. Preferi não tentar....
Dica: Não comprar o livro a uma quinta!

Agora quando penso "Porque não fazem o que eu digo?!" "Porque não me ouvem?!", está na altura de voltar ao livro "Como falar para as crianças ouvirem ....." .....e passar do capítulo I.  Este livro sugere a leitura de um capítulo, fase de testes e ir avançando aos poucos, apontando os resultados verificados. Eu chego a testar uma ou duas vezes, e dou-lhe até o mérito da aplicabilidade prática.
Como não o posso ter na mesinha de cabeceira, senão ainda as cobaias meninas me descobrem os truques, nunca passo ao capítulo seguinte!

Estou quase a adquirir um novo volume, que até agora me passava ao lado nas prateleiras
"Como lidar com o seu adolescente" ou similar.
Pensava eu que estes tempos estavam longe....

Não tenho ainda nenhuma adolescente, mas estou mais perto do que pensava....
Por experiência o melhor é começar já!
Antes que a dolescência passe e eu não avance do capítulo 1!








segunda-feira, 19 de maio de 2014

Exames nacionais - 3º passo, a contar palavras!


A Parte Escrita

"Orientações para tipologia textual, tema e extensão"

Traduzindo quanto à extensão: "O texto tem que ter 140 a 200 palavras."

Lembrar-se-à a iluminada mente que desenvolve estas orientações que as crianças não têm contador automático?
Que escrevem à mão?
Que a contagem das palavras é manual? (ou será que a caneta preta indelével já as conta de forma automática?!)
Que depois de escreverem o texto, têm que ir contar quantas palavras escreveram e reajustar o pensamento ao número de palavras permitido por lei nas orientações?
Que fazem esta contagem N vezes?

Qual era o mal de limitar o texto a uma página A4, meia página, ou o que fosse em termos espaciais!?
Sim, eu sei que havia uns truques, ora letra pequena ora letra maior, para ocupar o espaço, mas e então?!
Pelo menos tempo não perdiam, nem partes importantes da história, nem o fio à meada!

Gosto também muito das margens de erro a aplicar na correcção do exame:
"Extensão de 116 a 139 ou 221 a 224 palavras - desvaloriza um ponto"
"Extensão <116 ou > 224 palavras - desvaloriza dois pontos"
"Extensão < 1/3 do limite mínimo (47 palavras) - desvalorização total"

O que quer dizer que os professores ao corrigir também as vão contar.....será que há um método automático para isto?! Tipo leitura óptica? É que cada professor corrige quantos exames!
Talvez perdessem menos tento a ler um texto 3 linhas mais comprido que a contar quantas palavras tem!

Contar palavras....
Que seria do Eça de Queirós quando escreveu os Maias?! Só a parte da descrição do Ramalhete e a atribuição de ajectivos a cada personagem que vai sendo introduzida na história, levaria uma"desvalorização total"  por algum limite máximo!....
E se tivessem dito ao Eça que ele tinha que poupar nas palavras? Pior, que tinha que as contar!?
Lá ía o Ramalhete ser poupado a tamanha descrição.
E nunca teríamos conhecido tão bem o drama e enredo desta história.....

Já li histórias da I, bem escritas, mas que à custa da limitação 140 a 200 , tem que repensar, retirar personagens, cortar em diálogos, em adjetivos, reformular.....e com isto perde a sua essência....perde-se o que queriam contar....perdem-se elas, cortam na imaginação...

Talvez me esteja a escapar alguma coisa nisto!
Mas também lá está sou de outro século!


Exames Nacionais - 2º passo, os nervos!


Passou-se um ano letivo a falar do tema "Exames Nacionais". Sobretudo na escola!
Tipo um fantasminha a pairar, mas do tipo pouco brincalhão.

De repente a 3 dias do 1º exame, dizem aos pais que é suposto desmistificar...encarar tudo como um teste normal...
Ai, agora?!?!??!

Aqui em casa andamos a desmistificar os ditos exames desde o início do ano!
Alguém lúcido a pôr pesos do outro lado da balança!

Não tenho nada contra os exames.
Acho que devem ser encarados com naturalidade no processo educativo, assim como apresentações de trabalhos, situações que os habitue a sair da zona de conforto. E as mães também precisam de se habituar....

Mas diga-se que uma coisa é incutir sentido de responsabilidade, organização, lidar com stress, concentração, outra é transformar os exames num bicho papão!
E eu que sempre disse que não havia bichos desses!
Lá estão a pôr o meu papel de mãe em causa!

Aqui noto uma enorme diferença com a ginástica. Há provas individuais, de equipa, torneios, exibições com centenas de pessoas a assistir. Saem tantas vezes da zona de conforto. Treinam muito para isso. Mas o que muda é a confiança neles próprios que lhes é incutida pelos treinadores. Um "Tu és capaz" , "Tu vais conseguir!" "Estás quase lá!".
Esta postura, muda tudo....ou muda muito!
Não tira os nervos, mas transforma-os num salutar nervoso miudinho.

É o oposto de "Só falta um mês!";"E sai muita matéria"!; "E não vamos ter tempo para dar tudo!"; "Se continuas assim vais chumbar!"
E nos tais pesos que equilibram a balança, estes pesam mais do que os nossos de mãe....estes de mãe "Acredito em ti e sei que és capas" soa a "Oh dizes isso porque és minha mãe!"

Lá apareceram umas dores ao respirar, e uns respirares fundo de falta de ar....
(Até a mim!)

Ao ligar para o pediatra, ouço do outro lado, "Ela é do 4º ou do 6º?"
Confesso que nem percebi o porquê da pergunta.....4º ou 6º?? O que interessa isso agora...pois interessava a final e muito! Era um mal geral.
E as faltas de ar não são das alergias da primavera.

Há nisto algo assustador.
O fantasminha nesta idade é suposto ser brincalhão.
As faltas de ar devem ser só do polen, e de primeiros amores!

Até me mim isto me dá faltas de ar!




domingo, 18 de maio de 2014

Exames Nacionais - 1º passo, as instruções!


Só a lista de instruções/informações aproxima-se mais a um regulamento de um qualquer estabelecimento prisional!
Atrevo-me a dizer, aliás, garanto, que nem quando fiz provas de acesso à universidade havia tantas linhas restritivas orientativas....

Começa por haver uma lista de material para cada exame. Aliás, para cada exame, conforme o ano !
Temos 4 listas: Testes Intermédios 2º ano - 2; Exames Nacionais 6º ano -2.
Caneta preta indelével (isto tem truque?!);
Uma lista leva borracha, régua, máquina de calcular (recolhida a meio);
Outra lista só a caneta.
Não era mais fácil um estojo transparente?!?!

O aluno deverá procurar nas pautas afixadas a sala que lhe calha na rifa, e fica metade da turma em cada sala. As mochilas não entram na sala (apenas neste ponto reconheço alguma semelhança com o meu tempo de escola.....estou mesmo fora destes assuntos!)

Depois entramos na parte do ninguém sabe, mas opina, e pelo sim pelo não, ou faz-se assim ou assado.....território por explorar portanto!

Temos para lenços de papel um sim, podem levar!
Temos para uma garrafa de água, um não! (?!??!?!) Após consulta adicional então a garrafa de água entra, mas ATENÇÃO: sem copo e sem rótulo!!!!

Eu não digo?!!? Visitar um preso deve ser mais fácil!

Depois vêm as decisões difíceis: "Se optarem por ficar no período de tolerância depois não podem sair mais cedo!"....eu acho que isto não se faz a uma criança. Tenho em mim que não passa de uma estratégia para ninguém utilizar a tolerância, só com o medo de lá ficar a apanhar seca!

Quanto a telemóveis não entram na sala, nem desligados - e é caso de anulação da prova!
Sim, com crianças de 12 anos nunca se sabe, eles talvez se lembrassem de ligar para casa ou pedir a ajuda do público!

O papel de rascunho é fornecido pela escola e carimbado e não pode ser entregue ao examinado antes do enunciado.

E há mais que eu fui até espreitar ao Guia Geral de Exames não fosse ter-me escapado qualquer coisa.....mas parei quando só para máquinas de calcular havia 3 páginas !

UFA!!!

Estes miúdos de 11/12 anos não dominam, aliás, nem lhes ocorre, a técnica do copianço.....não estarão estas regras a dar-lhes ideias que eles ainda não tinham tido!!!???
Telemóveis?
Rótulos de garrafas?
Folhas de rascunho?
(e nos lenços de papel?!) - o que leva um pacote de lenços de papel a ficar impune?! Talvez sejam inspecionados antes do uso. Para o ano reformulam as instruções e colocam, lenços só de pano e para alunos em evidente estado de resfriado e com uma % definida de nariz entupido, validade em atestado médico!

E onde está o companheirismo?! "Nem pensem em emprestar material uns aos outros!"
Anos de ensinamentos sobre partilha caiem por terra!

Daqui a uns anos podem mesmo chegar a proibir o uso do cérebro!
É que pode influenciar imenso nos resultados!


Desligar o cérebro


Em vésperas de exames e dia dos museus!
Não dá para acreditar!
Excelentes programas para crianças, grandes iniciativas para pais e filhos.....não fosse véspera de exames nacionais das crianças de 4º e 6º e semana de testes finais para outros tantos....

Um excelente fim de semana de praia. Dizem.... já que nós nem vê-la.

Entre treinos extra, festas de aniversário, torneios de trampolim, algum estudo, sobrava esta tarde...

Podíamos talvez aproveitar para aboborar visitar museus (eu, que elas tudo o que seja muito parado não dá) e o que se faz?!
Vamos a três trabalhar.
As minhas meninas têm uma mãe fantástica!
Cheia de planos e atividades criativas e lúdicas ao ar livre para esta tarde de sol.
Sim, 4 horinhas encafuadas porque a mãe tem que trabalhar! (a bem da verdade elas também!)
Lá fora uns 27ªC, sem vento. Por força das circunstâncias lá estudaram mais um bocadinho, digamos que a mais velha estava a sentir o peso da responsabilidade...
Lá estivemos embrenhadas na papelada, cadernos de problemas e estamos quase a  chegar à meta!

Temos uma semana a arrancar em cheio:
Exame Nacional Português, do 6º, para a I, seguido de Exame Nacional de Matemática.
Avaliação global de Estudo do Meio, Português e Matemática, para a R, a uma semana de dois Testes Intermédios.
Auditoria para a mãe.
(Ah, e o pai a pedalar 120km em Berlim!)
Fazendo o balanço, aqui a parte mais fácil até parece a do(s) pai(s).....Eu pelo menos estou quase a preferir ter pedalado 120km........

Vá, ainda fui a tempo de descobrir que o SLB ganha a 1-0. Ao menos isso. Que se mantenha.

As meninas estão em atividades de desligar cérebro, banho de imersão, seguido de pentear bonecas.

Agora devia ser eu para o banho de imersão.
Acho que vou requisitar os serviços das meninas e trocam as bonecas por mim!

Hoje por cá não se fala mais em exames, nem testes, nem auditorias.
Só na chuva que o pai apanhou em Berlim. Ouvi dizer que a I quer fazer o jantar!
Cérebro desligado até amanhã!



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Esta é a nossa!

Dia Internacional da Família

"família - o conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar"

Talvez seja mais que isto. Mais complexo. À primeira vista parece faltar tanto naquela definição.

Há famílias que não têm grau de parentesco entre si.
Há famílias que não vivem na mesma casa.

Mas "Formar um lar" já diz muito....

Este é um  retrato da minha, da autoria da I, aqui há uns anitos.
Adoro os pequenos pormenores que nos identificam. Embora não se veja na foto, há um sol que brilha no canto superior esquerdo, e que espero, nos brilhe sempre.

Este nosso retrato em forma de desenho está emoldurado!
E não tem preço!


quarta-feira, 14 de maio de 2014

19-52 - Febres


Parece que estão na berra.
A febre também chegou cá a casa!
E sim, até o pai tem uma! Mas consegui escapar ao cor-de rosa!

E com uns simples elásticos coloridos lá fazem ponto inglês (sim aquele das camisolas!), pulseiras simples, quadradas e por aí fora!
Confesso que já tinha visto cá em casa estes mini elásticos, oferecidos pela tia, e na minha santa ignorância de mãe achava que eram anéis...
Depois percebi que não lhes mexiam porque tinham perdido as peças para o encaixe e finalização das obras de arte.
Sendo que instalada a febre por aí, lhes voltaram a pegar e afinal mãe (sim, às vezes falo comigo neste tom) não eram anéis!
Pronto, fomos comprar mais umas cores e as tais peças, e umas agulhas especiais. Ainda assim a R chega a ficar com as pontas dos dedos roxos!
Sugeri uma caixa com diversas divisórias para arrumação, antes que visse a minha vasta coleção de tupperwares espalhada pelos quartos.

Sei também que como qualquer febre com origem vírica (de origem escolar), e tendo assistido a várias, tem um contágio inicial alargado, é mais intensa e sem grandes intervalos nos primeiros dias, vai-se tornando mais espaçada, e dura uns 5 dias no máximo. Talvez haja depois umas recidivas, mas nunca com a mesma intensidade. A febre acabará por passar sem deixar marcas, nem nos dedos!

Esta parece-me, no entanto, ser um fenómeno à escala mundial, já que uma amiga que vive na Austrália publicou uma foto destas em março!
Efeitos da globalização e deste mundo pequenino onde tudo chega a todo o lado tão depressa.
Talvez por esta razão seja uma febre mais duradoura....

Tomara eu chegar à Austrália assim com a mesma facilidade!


18-52 - Concerto!

São ginastas as duas.
Cá por casa duvido que os sofás resistam muito tempo assim como as molas dos colchões....

É um mundo sem fim de pinos, aranhas, rodas, espargatas e outras que tais deste mundo gímnico, isto no que respeita à acrobática e depois passamos à parte dos trampolins, e respetivo conjunto de exercícios como carpas, ventrais e outros para os quais a elasticidade das molas do colchão não chega.

Mas desta vez os saltos foram por outro motivo.

As duas entretidas, sem se chatearem, é sempre de desconfiar.....
Nada melhor que vídeos de concertos, a cama da mãe a fazer de Meo Arena e curtir um concerto a cantar e aos saltos, como em qualquer Rock in Rio!
Ainda por cima nem fizeram segredo disso.....neste caso não era um silêncio suspeito, era mesmo uma algazarra.
"Mãe anda tirar a foto da semana 18!", diz a I.
É que nem que eu estivesse a ponderar escolher outro momento, ou Coisa simples, para o Desafio 2014, fiquei logo sem hipóteses!
E assim foi!
Há lá mais simples que isto?!
E para a semana 18 do ano sai um concerto!


Notas adicionais ao jeito de Dúvidas existenciais:

- Como mãe fotógrafa não podia deixar passar esta oportunidade, ainda que a imagem em si não tenha grande qualidade, e fui solicitando mais saltos até conseguir apanhar algum! (xiu!)

- Como mãe responsável deveria ter dito "Meninas parem lá com isso que estragam a cama da mãe ou ainda se magoam!", bem talvez a parte do "Magoam" antes da parte "estragam a cama"....

- Como mãe que na verdade sou, juntei a mãe fotógrafa à mãe responsável e tirei primeiro a foto (várias tentativas), e então a seguir disse que era melhor parar para ir dormir....ao que ouvi de imediato "Oh mãe, se estamos chateadas uma com a outra é porque estamos chateadas, se estamos divertidas e entretidas temos que parar.....assim não entendo!" . Pois nem eu meninas! (pensei)

- Neste tempo pensava no único com cromossoma y cá em casa, talvez portador de alguma razão e bom senso para estes casos relacionados com a conservação do mobiliário da casa ...
"Ele não vai achar boa ideia a isto! Ainda sai raspanete para as três!"
(Ele ainda não viu esta foto, pode ser que lhe escape.....)

- Por último, as meias da I não estão sujas, são mesmo cinzentas!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Afinal somos Mães todos os dias....


"O dia da mãe não é só num dia específico, é todos os dias porque as mães são para sempre.",
escrito pela minha I no dia seguinte ao Dia da Mãe, para mim....

E como tal, apesar da data oficial ter sido a 4 de maio, nunca é tarde para aqui guardar alguns dos tesouros que tenho. Diria dos maiores tesouros que tenho. Talvez não interessem a mais ninguém. Mas mãe babada é assim. Não resiste a partilhar estes mimos, mesmo que ao resto do mundo não digam nada.


Os da R, que apesar de no inglês ter pintado um "Shhhh, Mum is sleeping" para eu pendurar no quarto, já prometeu não respeitar o sinal! Tal como eu esperava....

Os mil Adoro-te que leio e ouço todos os dias.



Os mimos da I.
Uma vasinho de tomilho limão que adoro! Para cozinharmos juntas!
Uma almofada feita no maior dos segredos. 
Um cartaz "Não entrar" esteve na porta do quarto apenas dirigido a mim, enquanto duravam estas sessões de costura e o tomilho apanhava sol. Contou com a cumplicidade do pai para as compras dos materiais que precisava. E guardou o segredo até estar pronta. 


Impossível não babar com estes mimos.
Afinal o investimento no atelier de costura deu os seus frutos!
E o que mais me enche o coração é que elas me conhecem tãaaaaaaaaao bem!


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Noite de queima na figueira

Pode parecer estranho.
Em noite de Queima das fitas, saí de Coimbra para ir ver um concerto.
Um senhor que noutros tempos actuava nas noites do parque. Pelo menos foi lá que o vi uma vez.
Agora talvez nenhum estudante o reconhecesse. (Eu própria quase não o reconheci!)

E assim, em pleno sábado de semana académica, com Coimbra à pinha rumamos à Figueira, a um recinto mais (bem mais) pacato que o Queimódromo. Já a minha amiga Carla, que aceitou o desafio, também ela fã do dito senhor, contou as suas peripécias aqui. Mas ela não se chateia.
Há coisas que passam por nós que não ficam em branco.

As circunstâncias eram também elas diferentes.
Quer pela idade do público alvo.
Quer pelos lugares sentados.
Quer pela agitação em palco.
E até pelo trautear envergonhado da plateia, e a falta de coragem nas palmas.
Passaram 2 décadas por mim, por nós, e pelo senhor do palco.



O cenário foi este. Apenas este. Sem mudança de luz. Duas guitarras. Duas garrafas de água.
Sem alteração de sítio do microfone. Um suporte para o livro das letras das músicas.
Mesma roupa após o intervalo. Manteve o casaco.

Em 1997 (mais um menos um) dei aulas numa escola a alunos do 10º ano. Curiosos como eram e tendo uma professora tão nova, perguntaram-me que música gostava de ouvir. Ao responder Lloyd Cole e Cranberries, olharam-me como quem viu um E.T. "Quem são esses?!?!?". Pois, já nessa altura eram antigos para meninos de 15 anos.....

E foi o senhor Lloyd Cole que me levou à Figueira.
Não conhecíamos muitas músicas.
Mas era um concerto de carreira. Haviam de chegar os êxitos.
E chegaram!

A certa altura ele diz que estava tudo a olhar para o telemóvel a ver se tinha mensagens de casa e a pensar mas quando é que isto acaba, que está um bocado parado; comentou que muitos de nós já tinham filhos na idade em que o mais velho já pode tomar conta do mais novo. Ele próprio falou do mais velho dele que andava por Brooklyn a tentar o sucesso como cantor rock.

Noite calma. Ainda estranho concertos sem ninguém em pé, em que só se acompanha o ritmo com o pezinho a dar a dar ou com um abanar da cabeça.

Foi assim um concerto de/para meia idade.
A mesma voz, aos 53 anos.
Eu gostei!







sexta-feira, 9 de maio de 2014

Temos que combinar um café


Hoje recebi um telefonema.
Uma amiga antiga, de outros tempos.
Não falamos regularmente.
Trocamos sms nos aniversários e Natais.
Desde os tempos do liceu que nos vimos uma dúzia de vezes. Se tanto.
Vivemos ambas neste cantinho à beira mar plantado, e nem sequer estamos em pontas distintas.
Não é muita a distância.
Mas as vidas trocam a volta a esta distâncias e passamos o tempo a adiar reencontros e a dizer
"Um dia havemos de ....tomar um café, jantar, passear, aparecer."

Um dia ligou-me. Triste. Tinha falecido o pai.
Um dia visitou-me cá na cidade.
Um dia tomamos um café.
Um dia jantamos fora.

Hoje quando ligou pensei logo que se tinha passado alguma coisa.
Não era aniversário de ninguém.
Não era Natal.
Perguntou se estava tudo bem. E as meninas. E nós.
Dei comigo a passar esta parte da conversa à frente e a dizer "E Então?" como quem tenta perceber a razão do telefonema.
E então percebi. Não havia razão nenhuma.
Era mesmo só conversa para saber de mim, de nós, da vida.

Que bom!
Só uma saudade.
Talvez um desabafo.
Falar um bocadinho destas voltas da vida.
Uma vontade de transformar o "Temos que combinar alguma coisa" em algo concreto.
Um "Quando vieres cá liga!".
A vida leva-nos para lugares diferentes. Muda quem nos rodeia. Põe-nos à prova. Altera prioridades. Traz esquecimentos.
Ocupa-nos.
E de repente em 5 minutos são tantas as lembranças.

Sei que se estivéssemos mais perto tomaríamos longos cafés, acompanhados de longas conversas.
Hoje fiquei com saudades.

Agendamos tantas coisas. Porque não mais reencontros?
Deixamos tantas vezes pendurada a frase "Temos que combinar um café...."









quinta-feira, 8 de maio de 2014

Alvoroços


Em dias como o de hoje, a cidade começa a transformar-se. Quem cá mora sabe do que falo.
Quem cá estuda também.

Abundam camiões das conhecidas marcas de cerveja parados à porta de cafés a descarregar grades.
Estão montadas barraquinhas das ditas marcas, para a festa anual que começa hoje às 00h com os primeiros acordes da serenata. Preparam-se os mega convívios. Anda tudo num alvoroço.
As conversas de fundo são de flores de papel, alguidares gigantes para o gelo para manter as bebidas frescas, e sandes de leitão.
Aparecem nas varandas as capas a arejar do bafio do inverno e dos banhos de cerveja e espumante.

Eu, que fui estudante nesta cidade e desta Universidade tenho um lado saudosista destes tempos.

Mas entretanto adquiri outros. O de mãe e o de trabalhadora, nesta mesma cidade.
Com rotinas e horários a cumprir.
Nem me imagino a fazer noitadas. Mega convívios e noites perdidas tenho eu em casa com 2 meninas.
E isso já me cansa o suficiente!
Há uma certa incompatibilidade em fazer uma vida dentro de uma certa normalidade e estes alvoroços.

Sem paciência para carros em cima do passeio ou dupla fila e grupos que se atravessam fora das passadeiras.

A cidade aparentemente pára para a Queima das Fitas, mas as escolas não fecham, as atividades das meninas continuam, e não me dão férias. Sei que amanhã me esperam cheiros nauseabundos na rua.

Gosto da cidade. Gosto das tradições.
Mas ainda assim....
Estou prestes a fazer uma petição para que se crie uma faixa de rodagem só para mães nesta época do ano!



17-52 Alegria em estado puro

Foram andando à minha frente meia dúzia de metros.
Fora dos trilhos marcados.
Despertou-lhes a atenção o que parecia ser um bosque, de onde íam saltar fadas e duendes a qualquer momento.
Segui-as, mas a passo (sim, porque a mãe é que carrega os casacos, a carteira, a garrafa de água).

Então ouço "Mãe mãe anda cá!"
Será que viram mesmo um duende!? Ou o buraco por onde caiu a alice do país das maravilhas?

Dou com elas descalças. Uma clareira enorme. A correr por um campo de golfe que lhes deu ares de praticável de ginástica. Riam alto. Alegria em estado puro.
Vi de longe aquela cumplicidade que imagino exista entre os irmãos.


E o que me apetecia?!
Descalçar e correr também!

Sei que se o fizesse aparecia logo alguém num carrinho de golf com ar recriminador não para as meninas mas para mim....

Eu bem queria não deixar morrer a criança interior que há em mim, mas depois vem o lado adulto ao de cima!
Espera-se dos adultos que sejam eles os que se portam bem.
Que tomem conta das crianças.
Que as travem.
Que não as deixem fazer disparates.
Que não as deixem falar alto.
Que lhes digam o que é um comportamento correto.
Somos nós os adultos pais e mães que recebem aqueles olhares de soslaio de pessoas que já se esqueceram o que é ter filhos...

Depressa lhes descobri as meias molhadas.
Pelo menos não dei comigo a dizer
"Não vais para aí que te sujas; Olha que molhas as meias!"

Fui olhando para os lados para ver se não vinha ninguém.
Nessa altura talvez tivesse que fazer cara de má mantendo-me no papel de mãe bem comportada.
(E tivesse que esconder a máquina fotográfica!)

Claro que a seguir vem a parte pior.
Meias molhadas, implica calçar sapatilhas sem meias, implica bolhas, implica colo, implica desconforto.

E se eu fosse uma mãe das que não teria deixado descalçar, muito menos correr num campo relvado fofinho ensopado, talvez tivesse sido um passeio aprazível num cenário idílico inundado de silêncio.

Tornou-se difícil manter a (minha) paz interior equiparável ao local que pela sua natureza siginifica tranquilidade.

Tenho crianças com bichos carpinteiros.
Sem medo de se descalçarem.
Que sabem que há sempre solução para um par de meias molhadas.

Espero que seja isso que lhes inunde as memórias.




quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lá vou eu!

Aquele momento em que estás pronta para sair de casa.
Reformulando, aquele momento em que já saíste de casa.
Sentada no carro, pões o cinto.
Respiras fundo. Afinal nem estás assim tão atrasada.
Afinal estás surpreendentemente muito a tempo (vantagens de não viver em função das horas de ponta e da escolha de percurso!)

O relógio do carro marca 9h14. Boa!
Ainda a tempo de ouvir as Mixórdias pelo caminho.

Mão no volante, prestes a ligar o carro.
Olhas para baixo e o mundo pára por um segundo. Duas manchas de cola nas calças de ganga.
Estas acabadas de retirar do armário passadinhas a ferro. Manchas daquelas ressequidas, que se lhes tentas tocar pioram consideravelmente.
"Ó pá estava tudo a correr menos mal tão bem...." 

Sabes perfeitamente onde e como as fizeste. Colagens com as meninas. Sentadas no chão no tapete da sala.
(Lembro-me então das leggins da I, irremediavelmente perdidas nesse mesmo dia.)

Pensas, já as lavei duas vezes e nada. A cola parece decidida a ficar.
Sabes que há tira nódoas mas não te tens lembrado de o comprar. Aliás já nem te lembravas que as calças tinham cola.
Ponderas (apenas por uns breves segundos) entrar em casa e mudar de roupa.

Começa o genérico da Mixórdia de Temáticas.
Voltar a casa está fora de questão.
Pensas "Bem, quando chegar ao trabalho finjo que só reparei agora que tinha as calças assim....."

Passei a fase do bolsado, de restos de sopa e papa, de nódoas dos purés de fruta, de marcas do pó da sola de sapatos (há anos que não uso calças brancas). Vieram os guaches, a pasta de moldar, e a cola.


O que vale é que Ser mãe  também dá para estas desculpas.

Ligo o carro.
Lá vou eu!

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ponderações, terapias e desilusões....uma questão de óptica.


Andava eu a ponderar uma terapia da fala para a R.
Isto no verão antes da entrada na escola. Coisas de mãe.

Ela não dizia o som "lh". Já tinha 6 anos. E eu achava estranho. Coisas de mãe.

O cromossoma Y da casa achou que devíamos esperar que ela fosse para a escola primária e então logo se via. Esta aparente descontração masculina assusta-me, surpreende-me!
Este "logo se vê" deixado assim a pairar...não sei se me acalma se me enerva.

(Agora entendo as meninas quando pedem qualquer coisa e eu respondo "logo se vê"!
Afinal o que quer isso dizer?! Nem é sim, nem é não, é assim como um vamos andando e vendo, em aproximação a um agora não me apetece pensar nisso....)

Mas e não é que ele achou bem?!
Um dia, pouco depois do início do ano letivo, muito despachada diz-me  
"Oh mãe aquela senhora disse maquiagem, mas diz-se maquiLHagem, não é?"

COMO?
Apeteceu-me logo desatar a pedir para ela dizer: Folha; Solha; Piolho; Repolho; Palha; Joelho.... e tudo o que tivesse LH para me certificar que ela dizia mesmo. Mas contive-me (mais ou menos).
Pronto, era oficial, apta a dizer o "LH".
Desisti da terapia da fala.
Dei razão ao pai da casa e ao seu logo se vê.

Há outras palavras que ela diz sempre mal:
Porcurar
Proglema

Mas já não faço disso um proglema e nem penso porcurar um terapeuta.
Acho-lhe piada.
Ela sabe dizer bem se quiser e se a corrigirmos.

Adotei a descontração, embora não tenha o cromossoma Y...

Ontem ouvi-a dizer a uma amiga:
"Sabes aquelas desilusões de óptica?!"

Esta minha menina é um tesouro em vocabulário e adaptação/invenção de palavras!

Não sei a que se referia ela na conversa com a amiga, mas Desilusões de óptica é o que mais temos por aí!










quinta-feira, 1 de maio de 2014

Lugares

Há lugares aos quais pertenço.
Que não me pertencendo me acolhem como se fossem meus.
Que têm sabor a casa, a regressos.
Reconheço-lhes as cores e os cheiros, algures arquivados na memória.

Lagos é para mim um desses lugares.
Recordo uma estação de comboios onde lia à sombra, nas horas da digestão, em tempos em que o dia era passado na praia. Talvez o seu tamanho não lhe concedesse o estatuto de estação e fosse apenas um apeadeiro.
Uma casinha pequena azul e branca ali mesmo no meio da Meia Praia, pertinho do Forte.


Do Forte ainda encontrei esta imagem que não é minha e já mostra o que os anos lhe fizeram.
Da estação não há nenhuma imagem, a não ser as que guardo na memória.

Um único banco. Talvez dois. Raramente ocupado(s).
Talvez o comboio passasse umas duas vezes por dia. Ou só uma vez por semana.
Talvez alguém estranhasse eu nunca entrar nele.

Nunca a fotografei, nunca o meu pai a fotografou.
Longe da era digital, um rolo durava umas férias....não se "gastavam" fotografias em apeadeiros!
Talvez achasse(mos) que estaria sempre lá. Tinha(mos) tempo.

Num dos regressos, fiquei mais pobre.
Não me lembro o que havia no seu lugar.
Só sei que já lá não estava.
Nem a casinha, nem o banco, nem os azulejos azuis e brancos que lhe davam o nome "Meia Praia".

O que eu gostava de ter uma fotografia...

Esta lembrança veio a propósito da Ponta da Piedade em Lagos ter sido considerada pelos senhores do The Huffington Post, como das mais belas praias do Mundo!!

E não conhecendo todas as do mundo talvez não me atreva a atribuir-lhe eu própria esse mérito. Mas só porque não conheço todas.
Adorava as caminhadas até à Ponta da Piedade; os imensos degraus em serpentina; o farol; a paisagem; a cor da água; o som das cigarras; o cheiro doce a alfarroba.

De Lagos tenho fotografias em papel e negativo.
E isso significa muitos anos de ausência.
Tenho saudades de Lagos e da calma e lembranças que me traz.