terça-feira, 31 de março de 2015

O que será?


S. P. D.   - Sensory Processing Disorder

Também nunca tinha ouvido falar nisto, mas depois de ler o relato de uma mãe que perde as estribeiras volta e meia começo a achar que sofro deste mal.
Talvez esteja aqui a explicação para que me salte a tampa às vezes. Estou safa de ser mau feitio!

Ela refere que é como que um "ataque aos sentidos", como se os sentidos (qualquer um) ficassem sobrecarregados e a resposta é sempre de certa forma exagerada e irracional.
Demasiado barulho, confusão, pessoas a falar ao mesmo tempo, pode ser o suficiente para servir de gatilho.

Quando começo a ler os comentários verifica-se que existe uma quantidade enorme de pessoas e crianças diagnosticadas com este "disorder" e que sendo sensorial, como o nome indica, se aplica a vários sentidos.

Desde tenra idade que comecei a reparar que certos cheiros agoniavam a I, ao ponto de vomitar.
E estou a falar de coisas simples como iogurtes.
Ambas as minhas filhas têm alguns condicionantes com a comida.
Agora que me deparei com este S.P.D. começo a reconhecer muitos "sintomas".
Será uma sensibilidade à comida? Paladar? Olfato?

Nenhuma delas bebe qualquer tipo de sumo, refrigerante ou iogurte. Apenas água e leite.
Não por proibição. Não porque não há em casa. Só porque não.
Fazemos sumos naturais, batidos, bebemos outros refrigerantes, ice tea, etc e até incentivamos a que provem.
Os iogurtes sólidos só a R e muito raramente (1x ano, se tanto!) e não podem ser coloridos.
Se forem de aromas terão que ser brancos!
Nas frutas uma fica-se pela banana e maçã, a outra consegue ir até ao melão e uvas.
Na gelatina nada para além da de morango.
Não comem sobremesas como mousses, pudins, leite creme ou arroz doce.
Não comem qualquer doce natalício, mesmo que ajudem a polvilhar com açucar e canela.
São seletivas nas bolachas.
Evitam sempre a montra dos bolos nas pastelarias. Nada com creme. Nada com recheio. Nada colorido. Nada com frutas. Nada com compotas.
Mesmo nos gelados, a escolha fica entre os que são de leite, nata ou chocolate.
Nunca provaram um Perna de pau, que era sempre o que eu escolhia quando era pequena!
Só há uns 2 anos é que passaram do chocolate para rebuçados ou gomas (na boa verdade não lhes fazia falta nenhuma), mas também não conseguem comer todos os sabores ou cores!

Obviamente que há aqui coisas que contribuem positivamente para a diminuição no consumo de açúcar, mas para mim o mais estranho é nem sequer quererem provar a grande maioria das coisas!!
Tenho a certeza sensação que as pessoas ficam a pensar "Coitadinhas, que pais tão exagerados, que nem as deixam comer nada!", ou que se espantam sempre que elas respondem "Não obrigada, não gosto!" ou pior ainda "Que nojo!". Batalho muito contra esta última resposta.

Se vivesse nos EUA, e depois do que li sobre crianças com este tipo de comportamento face à comida, as minhas filhas tinham de certeza este síndrome associado à alimentação (afeta 16% das crianças em idade escolar, nos EUA).

Como vivemos em Portugal ...são só esquisitas! Ufa!

E depois vejo notícias como esta, duma miúda que desde que nasceu só come iogurtes da mesma marca, à razão de uns 30 ao dia...e já lá vão 4 anos....

Ponho-me a pensar que afinal as minhas nem são assim tão estranhas...
Sempre comem sopa, passada é certo, mas de qualquer cor!
Talvez sejam mesmo só esquisitas...ou apenas muito seletivas!



segunda-feira, 30 de março de 2015

E viveram felizes para sempre...


A R não gosta muito de cinema.
Nunca percebi bem se é de estar muito tempo sentada, se é do escuro, se é da duração do filme, se é porque não gosta muito de pipocas ou se é porque há nada para fazer enquanto vemos o filme.

Pensando bem também não gosta muito de cinema mesmo no conforto do sofá.
Em casa "safa-se" porque a meio lá se levanta e escapa para outra divisão da casa, ou vai meter conversa com algum membro da família que não esteja concentrado na TV.
Após uma análise profunda começo a perceber...

Até chegar à parte do final feliz e do "viveram felizes para sempre", os filmes passam por várias fases.
E são as menos felizes que ela não gosta.

Fomos ver o simpático Paddington dos desenhos animados mas desta vez em filme, versão portuguesa, que ela ainda não gosta de ter que se concentrar nas legendas.

Para ela bastavam os disparates, as gargalhadas e trupelias e o final feliz.
Dispensavam-se as personagens maléficas com ideias crueís.
Não haveria momentos de desconforto ou tristeza.
Então ursinhos com ar doce sem casa para viver, e sem uma família que. o adore incondicionalmente?! Nem pensar!
E ela não teria que se enroscar a mim e tapar a cara, mesmo sabendo que no final tudo acaba bem.

Tenho a certeza que a maléfica deste filme lhe trouxe à memória a personagem que ela menos gosta....
A Cruella de Vil...

Há quem diga que tem que haver o mal e o bem em cada história, para que as crianças aprendam a distingui-lo....será?!
Nem me atrevo a levá-la a ver um filme sem final feliz!





domingo, 29 de março de 2015

Top 12 - 2014

TOP 12
2014

Não o Top das melhores 12 fotos do ano.
Mas 12 dos momentos do ano.

Uns pelo significado, outros por serem sonhos concretizados, outros pela simplicidade.
Seja pelo que for.


Aqui ficam, sem nenhuma ordem em particular.

 Dias perfeitos


 Conhecer Portugal

 Um sonho de vida


 Bolo 3 camadas a 6 mãos



 1 ano de apreciar coisas simples



 Ver o nascer o sol noutro hemisfério



 O meu mar



 12



 Recordações de infância


 Mimos deliciosos



 A festa do ano



Juntas

sexta-feira, 27 de março de 2015

Cenas familiares

Fora da nossa casa.
Fora da nossa família.
Fora de nós.
Fora da nossa vida.
Há mais vida(s).
Não sendo as nossas, tornam-se familiares, como se afinal fizessem parte do nosso mundo.

Um vizinho leva o seu dálmata à rua. Vão envelhecendo os dois juntos, em cada passeio matinal.

Mãe e filha passeiam juntas de mão dada. Ambas adultas. A filha tem trissomia 21. Vejo-as quase sempre no mesmo sítio, a descer a mesma rua. Reparo na calma com que fazem aquele percurso, no crescendo dos cabelos brancos da mãe...pergunto-me onde irão...se um dia aquela menina adulta continuará a descer a mesma rua, com o mesmo ar sereno. Fico a pensar a quem dará a mão..

Reconheço a mulher, talvez da minha idade, ainda com os traços de menina que lhe ficaram duma anorexia severa. Já não é ruiva como nos tempos da faculdade. Mantém a pequena estatura a face fechada e olhar cabisbaixo. Lembro-me da alcunha que lhe davam, pelo ar de menino, ruivo e com sardas. Ainda penso para mim, vai ali o Tom Swayer.

A vizinha idosa cada vez mais curvada, deixa um balão preso na caixa do correio para a menina do 2º andar. Noto que as minhas cresceram o suficiente para não terem direito ao balão...Volta e meia pára e fica a falar do neto e do tempo que passa depressa e de como estão grandes as minhas meninas e pede para relembrar como se chamam e como eu me chamo. E nessas conversas sou também menina.

A senhora do lado de lá da rua estende a roupa na corda todos os dias, quase sempre à mesma hora. Começou por me cumprimentar não porque me conheça mas porque nos cruzamos há muitos anos. Um dia destes para além do bom dia, comentou que ainda se lembrava de me ver grávida e que agora já tinha umas meninas tão grandes. A mim parece-me parada no tempo, com o cabelo apanhado da mesma forma.

Nestas cenas familiares que se passam todos os dias à nossa volta, pouco vai mudando ou em pouco reparamos, até ao dia em que a cena de tão familiar que era, tão igual a si mesma, muda.

No dia em que na mesa do café já não se senta o mesmo senhor.
O dia em que o vizinho passeia sem o dálmata. Já lá vão uns 16 anos de passeios matinais...

Ao chegar a casa, ainda no carro, a R diz do nada "Mãe, achas que o dálmata já morreu?".
Tinha reparado no mesmo que eu.




terça-feira, 24 de março de 2015

De coração!


Dentro da mesma classe dividem-se em grupos. Trios e pares femininos e 1 par misto.
Os treinos nem sempre são rosas. Magoam-se. Queixam-se. Amuam. Choram. Riem.

Mas em dia de prova são, acima de tudo, uma equipa só.
E isso nota-se nas bancadas.
No apoio a cada grupo.
No ficarem a torcer pela nota.
Nos gritos de claque.
Nos abraços.


Ontem já muito tarde soubemos que afinal um dos trios da classe tinha conseguido passar ao Nacional.
Foi a I que me disse quase com o mesmo entusiasmo como se tivesse sido o trio dela.
Nesse trio está a melhor amiga da R.
Perguntei-lhe:
"Estás triste?"
 -"Não é por a L ter passado e eu não....é que assim se eu não vou não vejo a prova dela..."


Isto sim, é de coração!
E sim, é verdadeiro!

É isto que uma equipa deve ser!
Parabéns AAC!

quinta-feira, 19 de março de 2015

O pai da casa


O pai cá da casa é o único homem. Coitado! Isto de aturar 3 mulheres não é fácil!
Foi invadido pelo universo cor de rosa e deixou-se levar pela magia de ter duas meninas.
Se uma já ocupava grande parte da casa de banho, 3 então e com diferentes tipos de cabelo...

Não o acompanham a ver a Volta, o Tour, o Giro, futebol, fórmula 1 ou basquetebol.
O nosso mundo desportivo é mais de maillots, brilhantes e puxinhos no cabelo.

O pai da casa transmite o gosto pela descoberta, pela Natureza e vida ao ar livre.


 O pai da casa encoraja-as no dia a dia, a acreditarem nelas, a terem confiança.


 O pai da casa dá-lhes segurança naquilo que eu tenho medo.


O pai da casa ensina-lhes coisas que eu nunca hei-de aprender....


 O pai da casa tem mais força que eu. Faz com elas pares mistos e trios de ginástica.



O pai da casa era o pai das cavalitas, e levava-as de avião para a cama, enquanto elas tinham tamanho para isso.
O pai da casa está presente nas festas da escola, nas bancadas das provas de ginástica.
O pai da casa aquece-lhes o leite ao deitar, mesmo que não lhe apeteça.
O pai da casa sempre que cozinha recebe montes de elogios (sortudo!).
O pai da casa assusta-se quando elas se magoam.

O pai da casa também se cansa, também perde a paciência, também tem dias menos bons.


O pai da casa não é perfeito.
Tal e qual como a mãe.

E eu sei, que o pai da casa é um pai orgulhoso e babado!
E eu sei que o pai da casa faria o que fosse preciso para lhes dar o Mundo!




quarta-feira, 18 de março de 2015

Longe disso!


Não sou uma mãe perfeita, e mais, não sou uma cidadã perfeita....sim, porque já transgredi algumas regras da sociedade...já conduzi enquanto comia uma sandes, já buzinei ao senhor que não avança no semáforo e até já vi um peão prestes a atravessar e não parei porque ía apressada...e até sabia que não se podia fazer isso!

Mas vivo melhor com não ser uma cidadã perfeita do que com a falta da perfeição que me vai no estatuto de mãe. Sinto-me às vezes com qualificações a menos para um cargo tão exigente.
Isto do instinto maternal pelos vistos funciona mais para garantir as necessidades básicas da criança, no que respeita a higiene e alimentação. Agora daí para a frente isto do instinto tem que se lhe diga....

Estes seres pequeninos que vão crescendo dentro da nossa casa e principalmente dentro dos nossos corações sabem mais do que nós, simples mães, nisto do dar à volta ao texto. Elas, lá no fundo do seu ser nasceram com mais instinto e engenho do que nós.

Leio sobre parentalidade positiva. Concordo com a maior parte do que leio nestas matérias. Parece até simples aplicar. E tento. A sério que tento. Se eu fosse perfeita conseguia passar da teoria à prática sempre. E não consigo. Nem sequer quase sempre.
Longe disso!

Não lido bem com frases começadas por "mas eu quero" principalmente quando acompanhadas de lágrimas, assim a apontar para o drama. Digamos que não desperta o melhor o que há em mim.
Este tipo de desafios, vulgo birras, às quais nunca fui permeável, tendem a causar maior mossa ao fim do dia, quando a capacidade de negociação já se perdeu algures juntamente com a paciência, entre a lista das compras e o semáforo que demora 73 segundos quando já estamos atrasadas.

Falho muito no tal "super alto controlo", no "domínio das situações" e não estou feliz comigo.

Preciso de me lembrar que talvez tenha que tentar mais. Com todas das minhas forças. Aquelas que sobram.

Mas há momentos em que o que me apetecia mesmo mesmo, era sentar-me no chão e dizer "mas eu quero!" e até podia ser com lágrimas a atirar para o drama.



segunda-feira, 16 de março de 2015

Ar puro


Não havia testes esta semana. Não era preciso passar o domingo a estudar. Não havia treinos.
Mas havia sol, tempo livre e vontade de arejar!
O pai teve a ideia. Fomos procurar umas caixas.

Fazer geocashing é um bom pretexto para pôr as miúdas a caminhar.
Juntamos a caça ao tesouro, a um picnic e a uma aldeia de xisto.

A R adorou esta aldeia, as casinhas pequeninas com janelas e portas à Portugal dos Pequenitos e gatos ao sol nos terraços. Queria explorar todos os cantinhos, subir escadas, trepar muros, bater às portas...

Quanto às caixas, estavam mesmo bem escondidas....
De 3 previstas e marcadas no GPS, encontramos 1!

O balanço ainda assim foi positivo.
Deu para respirar ar puro, descobrir caminhos novos e até bichos diferentes. Tudo sem pressas.
Ainda deu para provar um licor de castanha numa esplanada ao sol.

E tudo aqui tão perto!










sexta-feira, 13 de março de 2015

Quanto tempo o tempo tem

Ía visitar uma amiga, mas como arrisquei e decidi aparecer de surpresa dei com a porta fechada.
O dia era de sol e sem tempo contado. Coisa rara.

As gaivotas anunciavam que o mar estava por perto.
Adiei planos de compras e afazeres corriqueiros.
Dediquei-me ao tempo. A fazer do dia tempo livre.
Almocei na esplanada ao sol. A este sol de março ao qual é suposto tapar a cabeça porque faz mal.
Vinha acompanhado de vento. Para a zona até poderia chamar-lhe apenas uma brisa marinha, já que em nada se assemelhava à tradicional nortada.

"Este vento pára lá para as 14h30-15h." ouvi do senhor que me atendeu em conversa com outros clientes na mesa ao lado. Adoro estas certezas típicas da humildade da experiência.

Quis pagar. Não havia MB.
- "Deixe estar, se não tiver depois paga. Não precisa de ir já...."
- Então ainda fico mais um bocadinho e depois vou levantar dinheiro.
- "Olhe e se eu já cá não estiver toma conta da casa"

É verdade que sorriso gera sorriso, que simpatia causa boa disposição, que nos muda o dia.
Abri um livro. Era novo, a estrear.

Fui ficando....o tempo suficiente para verificar que o vento parou. Eram quase 15h.
Tirei o lenço.
E quando damos ao tempo o tempo que ele tem reparamos nas coisas simples que na correria dos dias vão desaparecendo...




terça-feira, 10 de março de 2015

Antiguidades


"Uma Aventura  na Serra da Estrela", o livro que está a viciar a R desde ontem. Não o larga.
Vai no 3º capítulo e até a jantar o esteve a ler (pronto, ok, deixamos...há quem veja televisão, certo?!)


"Este livro está escrito num português muito estranho!"....é a tal história do acordo.

Agora tenho uma filha que não sabe o que fazem os C´s que não se lêem lá no meio das palavras!
É assim que ela vê (e lê) as palavras:

FraCção
ObjeCto
ACtividades

Faz-me sentir quando os antigos diziam que no tempo deles Farmácia se escrevia com PH....

Será que a Isabel Alçada e a Ana Maria Magalhães alguma vez imaginaram que esta famosa coleCção ficasse desatualizada no português?!

Sinto-me assim um bocado pró antiga....







segunda-feira, 9 de março de 2015

O segredo!


Anda aqui uma pessoa sempre a tentar lutar contra o mau humor....e afinal o segredo era simples:

Requeijão e ovos.

Escorpiões amigos, aqui fica a dica. Depois digam se resultou.
Aceitam-se ideias para combinar requeijão com ovos para o efeito ser mais rápido!

Nota: Gosto também da energia obtida por um bom pequeno almoço logo pela manhã e do 1,5 l de água por dia ser essencial, mas não sou desses signos....

Eu até tenho muito respeito pela astrologia e influência dos planetas e data do nosso nascimento nos acontecimentos da nossa vida e na personalidade, assim como acredito que ser do signo Escorpião é por si só sinónimo de mau feitio temperamento forte .....  mas estes horóscopos de jornal diário!??!?!
A sério!?!? Do melhor!





sábado, 7 de março de 2015

Menos mãe...

Antes queria dizer que:
Respeito quem imagine um parto perfeito, natural, em casa, na água, com dor, quem fique desiludido por não ter tido o parto que idealizou. Cada caso é um caso. Cada mulher sabe de si.
Quanto aos partos das minhas filhas só tinha uma expectativa: 
Que corressem sem sobressaltos! Que elas chegassem sãs e salvas a este Mundo, fosse lá como fosse. Assim foi!


As minhas meninas chegaram as duas pela barriga, como lhes costumo dizer.
Incompatibilidade pelvico-fetal, disseram os médicos, que é como quem diz, "Desproporção entre o tamanho do feto e as dimensões do canal de parto."

Ou seja, a culpa para a cesariana é minha e delas!

Na primeira gravidez foi uma surpresa. Estava o trabalho de parto a correr conforme previsto e desejado. Miúda encaixada (já há umas boas semanas), epidural, praticamente sem dores, contrações cada vez menos espaçadas e após algumas horas, os 10 dedos de dilatação, conforme manda a literatura! Estava na hora. Em 5 segundos mudou tudo. O obstetra torceu o nariz ao parto natural e a minha I lá nasceu com os seus bem pesados e bem medidos 3,460g e 50cm.

Na segunda gravidez, fui logo avisada que se o peso previsto da criança fosse superior a 2,5Kg, teria que nascer da mesma forma que a irmã. Ora, nesta altura só tinha duas opções, ou desejava ter um bebé pequeno, o que não me parecia bem no meu coração de mãe, ou interiorizava que lá vinha mais uma pela barriga. Peso previsto 3kg. Dia marcado à escolha e à medida do que dava mais jeito a ambas as partes, embora ninguém tenha efetivamente perguntado à miúda, que também já estava encaixada há uns tempos. Aqui não houve indução, nem uma única contração. Houve epidural mas não a suficiente para tirar todas as dores. Lá chegou a R pela barriga, com os seus 3kg e 50cm!

Ainda grávida da R, ouvi alguém, que até é da minha família, comentar que ter filhos de parto natural e com dor era mais compensador. Custava muito mas valia a pena e dava-se mais valor ao facto de ser mãe....

Ora, não sei de facto o que é ter um filho de parto natural.
Não me sinto menos recompensada pela mãe Natureza, ou revoltada com o meu canal pélvico ou com o peso das minhas bebés à nascença, por ter filhas pela barriga.

Se preferia que tivesse sido de outra forma? Não sei.
Foi como foi e não me sinto alvo de violência obstétrica....

Só sei que são saudáveis. Nasceram "pesaditas". Choraram ao 1º segundo. Conheci-as ao 2º segundo. Correu tudo bem e sem complicações parto e pós-parto. Senti-me segura e rodeada por uma equipa competente e atenciosa. Isso sim para mim conta! E conta muito como correm os dias seguintes em que estamos mais fragilizadas e de hormonas baralhadas e rodeadas de opiniões.

Talvez gostasse de saber em que dia de facto teriam nascido caso não fosse de data marcada.
Mas é uma curiosidade minha por achar que interferimos nas leis da astrologia ao marcar uma data.

O ser mais mãe mede-se pelo tipo de parto, pelo tamanho das dores ou das cicatrizes?!
Para mim não.
Se dou menos valor ao facto de ser mãe, por ter filhas pela barriga?
Se me sinto menos mãe?
Nem pensar!








sexta-feira, 6 de março de 2015

Mentirinhas de mãe


As mais ditas estão aqui. O Top 20 das mentiras mais ditas pelas mães aos filhos.

Já disse em tempos que não lhes minto. Mas tendo em conta este Top 20.... identifico 5 pontos.
Em 12 anos de maternidade não me parece mal! E são das piedosas....

- Já me aconteceu a fada dos dentes não aparecer, vá-se lá saber porquê...e é mesmo isso, "se calhar teve tantas casas onde ir que já não teve tempo de vir à nossa...pode ter sido um dia em que muitos meninos ficaram sem dentes... Mas amanhã vem de certeza!".

- Talvez já tenha aldrabado sobre a comida. Sobre o que contém a sopa ou o que a põe mais verde.

- Já ameacei que um dia colocava os brinquedos todos num saco e dava a quem lhes desse mais valor. (Mas não porque não arrumam, é mais porque acho que nem brincam com nada.)

- E na altura em que pediam para andar nos carrinhos e cavalinhos, etc já disse "Não tenho aqui moedas...."

- E aqui me confesso... Já disse que ía sair e que ía tentar chegar a tempo antes da hora de deitar, sabendo que não ía estar em casa cedo....e lá saiu "Mas se eu não estiver ...não fiques à espera!"



As outras 15 nunca saíram da minha boca.

 - Tivemos um peixinho. Não teve o fim mais nobre é certo. Foi pela sanita...que a I apelidou de "céu dos peixes" por altura dos seus 3 anos. Porquê esconder que morreu? Não podemos poupá-los de tudo...principalmente do que não está mas nossas mãos....e a Vida é uma delas.

 - Nunca ameacei com polícias ou bicho papão ou algum senhor que as leva porque se portam mal ou não comem a sopa. Sempre achei melhor dizer que a função dos polícias é ajudar a manter a ordem na sociedade, que o bicho papão não existe e que não vem senhor nenhum para as levar no caso de se portarem mal. (Isto tudo numa sociedade com valores certos, que hoje em dia na verdade só confio no bicho papão!)

 - Quando não me apetece fazer panquecas digo que não me apetece. Pronto.

 - Se os dentes estão a abanar sou a primeira a dizer "não mexas" que só de ver até me arrepio. Longe de mim a ideia de acelerar a queda. Queria mesmo era dizer "Não me obrigues a ver, eu acredito que abanam!"

- Nunca disse que hei-de estar sempre aqui.... Digo " Está tudo bem, a mãe está aqui." No presente.

Mas gostava de dizer "Não tenhas medo, eu estarei sempre aqui para te proteger" sem estar a mentir...

quinta-feira, 5 de março de 2015

Diária


Hoje a diária tinha uns "Tentácolos à lagareiro".
Dentro das especialidades portuguesas à moda de lagareio - diz-se do que é servido com azeite quente e alho, geralmente acompanhado de batata assada com a pele - conheço o bacalhau e o polvo.
A crise tem trazido variações ao prato, com alguns parentes menos ricos como a "Pota à Lagareiro".

Tentáculos assim sós nunca tinha visto
E "Tentácolos" muito menos.

Mas assim pelo menos não se engana ninguém....são tentáculos! Agora de quê?
Olhe, entre, experimente e descubra.

E não é que já nem havia!?
Assim que me sentei fui logo avisada que prato do dia só picanha!
Deve ser bom!
Que é servido com azeite quente e alho, geralmente acompanhado por batata assada com a pele

"lagareiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/lagareiro [consultado em 05-03-2015
 Que é servido com azeite quente e alho, geralmente acompanhado por batata assada com a pele

"lagareiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/lagareiro [consultado em 05-03-2015].
 Que é servido com azeite quente e alho, geralmente acompanhado por batata assada com a pele

"lagareiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/lagareiro [consultado em 05-03-2015].


quarta-feira, 4 de março de 2015

Foi uma sorte!


6:00 - Mãe acorda com a mais nova a chamar. Ainda vai a tempo de aparar o jantar com uma toalha. Dormitamos as duas, entre a minha vigilância e sono leve para novas ameaças de saídas imprevistas,  pedidos de água e grunhidos de dores.

8 e pico - Sai a água para nova toalha.

Até às 9:00 - Queixas de dores de barriga e enjoos. Decido que o melhor é ir ao pediátrico, já que era a segunda noite destas andanças.Visto-me. Visto-a. Preparo uma muda de roupa.

9:24 - Admissão na urgência. Dão-nos cor verde, porque a viagem deve ter feito bem....as dores já estão só "mais ou menos", assim como o enjoo. (R, era nesta altura que é suposto dizer que doí!!!!)

10:10 - Alta, porque somos de perto. Foi portanto uma visita relâmpago. Sendo que o tempo previsto para a cor verde era de 2h30, acho que correu muito bem!

R bem disposta fica ao cuidado dos avós. Mãe vai trabalhar.
R recupera e de tarde vai à escola.
Mãe aproveita para almoçar já que os avós estão ao serviço das netas.
A hora de almoço serve para pôr gasóleo e ter que fazer um trajeto maior do que o previsto porque a polícia bloqueou uma rua.
Volta ao trabalho. Descobre que a rua estava bloqueada porque se tinha incendiado um autocarro.

16h45 - Mãe vai buscar a mais velha a casa.

17h - Chega com ela a tempo para a consulta de dentista.

18h07 - Dá opinião sobre a nova cor para os elásticos do aparelho e começa a pensar que já está atrasada. Manda sms ao avô para a avó pôr a R pronta para a ginástica.

18h40 - Sai a correr, procura cartão do estacionamento. Se calhar não tem moedas que cheguem. Afinal tem. Hora combinada para deixar a miúda a outra mãe com quem se dividem viagens para a ginástica era 18h30. A R já lá está. I sai do carro enquanto estou parada num semáforo. Vai a correr.

18h45 - Paro à frente de casa. Amanhã é dia de visita de estudo da mais nova. O recado dizia "almoço e lanches"....Aproveita que ainda nem desligou o motor e arranca para as compras. Pensa se tem sacos.

19h - Aproveita que tem tempo e tira uma senha para o atendimento, antes que passe o prazo de trocar  os autocolantes dos pontos por uma faca. Estão 30 números à frente. Hesita. Vai fazer as compras e volta ao balcão?!....espera?!...Decide esperar. Afinal muita gente desistiu e avança rápido.

19h e picos - Guarda a faca na carteira. Avança para as compras. Começa a pensar no que raio há-de a miúda levar para almoçar e lanchar se ainda de manhã estava cheia de dores de barriga...Bem, o pediatra disse para ela comer o que lhe apetecesse.

20h02 - Entra no carro. Hesita. Vai direta buscar as miúdas à ginástica, ou vai a casa pôr as compras e adiantar o jantar? Vai a casa.

20h10 - Entra em casa. Pousa as compras. O pai afinal vai buscar as miúdas. A mãe fica a fazer o jantar, depois de guardar as compras.

Pára um bocadinho e vai à carteira.

Pensa:  Se a polícia me mandava parar, ainda ía presa por porte de arma branca!
Foi uma sorte!


(Era um bom dia para uma operação STOP....a avaliar pela quantidade de gente a levantar facas!!)



terça-feira, 3 de março de 2015

Time Out


Facto 1: Uma mãe com sono é uma mãe rabugenta, pouco racional e irritadiça.
Facto 2: Uma criança com sono é uma criança rabugenta, com maior propensão à instabilidade.
Facto 3: A rabugice é contagiosa.
Facto 4: Além dos intervenientes diretos mãe-criança, a rabugice pode afetar outros membros da família, ou até pessoas sem qualquer grau de parentesco que estejam por perto...(o fenómeno mais conhecido por "apanha tudo por tabela").

Podia aqui dizer que isto é resultado dum estudo científico baseado em questões colocadas a um universo de pelo menos 143 mães, com idades entre os 20 e os 45 anos de idade, com filhos na casa dos 0 aos 25 (ou por aí fora!)... Podia até dizer que o estudo era acompanhado de questões aos pais, maridos das mães anteriores, para comparação cruzada de respostas.

Mas ser mãe é só por si uma ciência! E não me parece que existam dúvidas sobre os factos apresentados.

Uma mãe devia ser obrigada a fazer off. Assim como um castigo. Um Time Out com direito a sesta.
Deviam dizer-lhe "Vá Senhora Dona Mãe, agora vais para ali, pensar no que fizeste, na rabugice toda com que andas, acalmas um bocadinho, dormes umas 2 horitas e depois voltas, ok?".

E se não fosse como castigo, pelo menos com o intuito do sono reparador para evitar birras de cansaço. Porque é que a sesta é recomendada apenas até aos 4 / 5 anos?
Evitava tanta rabugice que por aí anda em gente crescida...

Ah! E as mães também precisam de colo. E mimo. Muito!
E de dormir, claro!
E de vez em quando podiam deixá-las fazer umas birras!