sexta-feira, 21 de abril de 2017

Foi KØBENHAVN


Temos alguma tendência para escapar para sítios pouco óbvios, talvez onde a maioria das pessoas não iria sem conhecer muitos outros.
Desta vez a escolha recaiu em Copenhaga sem pensar muito. A dois.
Chegamos com altas expectativas quer para com a cidade quer para com o nível de vida e povo.
Estas talvez influenciadas pelo alastrar do conceito Hygge e de notícias recentes sobre o povo Dinamarquês ser o mais feliz da Europa. Não são todos os países que se dão ao luxo de ter um Instituto da Felicidade é um facto, mas à primeira vista não parece tudo assim tão perfeito.
Copenhaga tem recantos sujos, as pessoas fumam e atiram beatas para o chão, há demasiados vestígios de publicidade e cartazes em paredes e semáforos, há caixotes do lixo imundos... e isto não abona muito para as primeiras impressões duma capital com fama. Torna-se fria, cinzenta e rude.

A cidade em si não está virada para o turismo e atrevo-me a dizer que eles não estão preocupados com isso. Falam um perfeito inglês e são disponíveis, mas não vemos muita informação dirigida especificamente a turistas. Raras são as ementas escritas noutra língua, ao contrário do nosso sul algarvio, assim como informações em letras gritantes. Há inglês mas é preciso procurar.

Ocorreu-nos que se estávamos perante um país dos mais desenvolvidos não havia muitas evidências disso. Estaríamos a confundir desenvolvido com evoluído? Ainda não tínhamos estado tempo suficiente para perceber... de facto a percepção inicial vai mudando e a cidade transforma-se ou talvez nós perante ela.

Fomos bem recebidos em todo o lado onde entramos. Falam inglês sem frete e sem demonstrar nariz empinado ou dar a entender que se estamos no país deles temos que nos esforçar. E teríamos e muito! Dinamarquês é difícil!
Diga-se que só depois de ver o nome KØBENHAVN em vários locais, é que percebi que era Copenhaga. Evidentemente estudei pouco a lição antes de ir...


Logo na receção do hotel percebemos o bom humor quando o empregado pediu o número de cartão de crédito e que acrescentou que vindo dos portugueses nunca se sabia se iríamos "Go crazy with the mini bar". Fomos recebidos com um "Obrigada" e nós não sabíamos retribuir na língua dele a mesma palavra, que fez questão de nos ensinar a pronunciar "TAK".

Com os dias fomos percebendo de onde vem a tal felicidade...





Não senti gente apressada a tentar encafuar-se num comboio à pinha.
Não ouvi buzinadelas quando os semáforos mudam de cor. Apenas avisos de campainhas sem laivos de irritação.
Tudo flui sem atropelos.
Ninguém usa guarda chuva. NINGUÉM! Seguem à risca o que dizem sobre não haver mau tempo mas má roupa. Como tal, se chove usam galochas e impermeáveis ou simplesmente vestem-se por camadas e os parques infantis ou recreios das escola têm crianças a brincar. Há troncos, terra e caixas de areia. E são Smokefree! Mães passeiam-se à chuva com os seus carrinhos de bebé e param a falar com o café ou chá na mão, sem pressa em procurar abrigo.
As esplanadas têm mantas e aquecimento. Usam-se velas. A luz nestes países é um bem essencial! As mesas têm flores frescas a relembrar que chegou a primavera. O sol é aproveitado em cadeiras de esplanada.
Num restaurante ofereceram-nos a sobremesa porque a conta demorou.
Pedi desculpa a um senhor porque eu estava a bloquear as escadas rolantes. Ele ainda se voltou para trás para dizer "no problem!".

E o cinzento afinal tem cor.












E é isto que mostra a tal evolução. É aqui que reside a essência da felicidade.

Simpatia
Descomplicar
Adaptar
Aproveitar o simples
Stressfree
Família
Tempo
Tempo para a Família
Bicicletas





e como não podia deixar de ser o HYGGE, um conceito dinamarquês, quase sem definição mais sobre o estar e o sentir do que com algo em concreto e muito menos com tradução.
Acho que é este o grande pilar do bem estar interior.


Não sei se voltarei a Copenhaga, mas sei que o Hygge veio comigo. E como gostava que cá chegassem tantas das formas de estar relativamente a trabalho vs tempo vs família!
Temos muito a aprender quanto ao procurar a felicidade por dentro.
Ah, eles têm mar, o que também ajuda! 

E gaivotas! (já disse que adoro o som das gaivotas?!)