segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Fora de tempo.


Hoje foi dia de passeio para a R.
Viagem de Finalistas. Sim, em Novembro.
Os exames nacionais do 4º ano, previstos e marcados para Maio fizeram a escola antecipar a viagem.
Em Maio já não haverá exames, mas a Viagem de Finalistas fica já feita, pelo sim pelo não!

Lá íam, elétricos, felizes e contentes, com uma salutar ansiedade, rumo ao Mundo dos descobrimentos (World of Discoveries), que mesmo com um Adamastor se revela com certeza uma aventura mais proveitosa que os outros "adamastores" que os esperavam em Maio.
Um dia de descobertas e aprendizagens, a brincar.
Fora de tempo sabe ainda melhor!

Foto retirada do site do WOD

sábado, 21 de novembro de 2015

Sexta, 13 Novembro no Campo Pequeno.

Faz hoje uma semana que acordamos em Lisboa depois de um concerto há muito esperado.
Esgotado o de Sábado conseguimos bilhetes para a data extra, Sexta, 13 Novembro.
E quase na véspera o pai da casa ainda arranjou um bilhete e fez a surpresa de ir também.
A aventura começou cedo, com a viagem de comboio já em modo D.A.M.A.
A espera foi longa, mas uns minutos antes das 21h30 abriram-se as portas.
As 22h pareciam nunca mais chegar. Foi quase uma contagem decrescente com muita ansiedade e nervos dos miudinhos.
Foram quase 2 horas ao rubro.
Não me incomoda dizer que também gostei.
Que fui para as levar e acompanhar mas que afinal também sei algumas letras e cantarolei....o refrão vá!
No final saímos para o lado oposto e eis que deparamos com a "Porta dos Artistas" e pronto, agora quem as arranca daqui!?!?
Lá ficamos ao fresco da noite mais 1 horita e picos à espera dos artistas. Pela dita porta não saíram os preferidos, mas já valeu a pena pela simpatia do João Só, do João Pequeno e do guitarrista dos D.A.M.A. e pelos brilhozinhos nos olhos.
As t´shirts (Bela ideia S!) ficam agora à espera de mais autógrafos! Ai de mim se as lavo e a tinta desaparece!

Quando lhes tirei a foto em frente ao Campo Pequeno não deixei de reparar no cartaz. "Noite dos Horrores"... anunciada para outro dia.
Foi uma noite feliz.
Foi "noite de horrores" noutra capital, noutro concerto, com início uns minutos antes das 21h30.
Demasiado perto em coincidências para nos ficar longe do pensamento.

Esta Sexta, 13 Novembro ficará sempre lembrada.
Saberemos sempre onde estávamos. Na sorte de uma data extra. Numa noite feliz.


















quinta-feira, 19 de novembro de 2015

"Dores por simpatia"

Mãe que é mãe contrai pediculoses como gente pequena. Nem cabelo pintado lhe vale!
Mãe que é mãe também fica nervosa antes dos testes e provas importantes.
Mãe que é mãe fica de coração pequeno pequeno, ou por segundos sem batimentos sequer, quando vê luzes azuis a piscar à porta do ginásio onde a filha mais nova está a ter ginástica e percebe logo que não são de Natal....é o INEM. Respira fundo quando percebe que não é com a sua filha mas fica aflita na mesma porque é a filha de alguém.
Mãe que é mãe passa a tarde com a filha mais velha no pediátrico e uns dias depois decide ter ela dores de barriga e fazer visita às urgências. 
Mãe que é mãe até tem umas análises completas prontas na carteira e despacha tudo em duas horas, que não se pode dar ao luxo de perder muito tempo. Poupa assim mais 2 horitas, sai diagnosticada e medicada e pensa que andou a incubar algum bicho que trouxe do pediátrico...

Simpatias do sistema nervoso.



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Tardes não programadas

Este Momento Filha Única não foi programado.
Uma dor lateral na barriga e costas levou-nos às urgências do pediátrico.

Entrada 13h04. Saída 20h40.
Para lá de 7 horinhas na maior das proximidades.
Haverá lá melhor tempo de qualidade para criar laços mãe-filha?!

Conversamos. "Almoçamos" da máquina. Ela dormiu no meu colo (quer dizer, deitada nas cadeiras e com a cabeça no meu colo.) Lanchamos no refeitório. Conversamos.
Observamos as vidas dos outros. Eu sei que não se faz, mas é impossível não reparar quando não há mais nada para onde olhar durante 4 horas de sala de espera, como previa o aviso para o código verde.Vai-se percebendo a impaciência crescente de mães e crianças. Mais das mães.
O cansaço de quem desespera. Nestas esperas que as febres baixem, que o xixi chegue, que as dores passem que os vómitos parem a constante é o "Sai daí; Pára quieto; Anda para aqui; Senta-te; Vais apanhar...; Tu tens é sono".

Revi-me em alguns daqueles desesperos, cansaços e intolerâncias. Mas noutras vezes. Não desta.

Havia mães e pais, mães com avós, mães com avôs, mães sozinhas. O número de sacos e mochilas aumenta na razão inversa à idade da criança.
Uma das que estava sozinha falava alto, como quem quer meter conversa com a mãe da cadeira do lado, como quem precisa de desabafar sobre as horas que passam, os números que vão chamando e as dores nas costas ou como quem quer saber se os filhos das outras têm coisas mais graves.
Várias falavam alto para as crianças, como se quisessem mostrar que estão atentas e presentes mesmo que os deixem correr só até à esquina da sala. Insistem para que comam.
Umas fingem que não vêm quando as crianças se deitam no chão, ou mexem na máquina do café.

Havia 2 meninos quase da mesma idade. Não deviam ter ainda dois anos.

Um deles tinha uma mãe desesperada da seca de ali estar. Várias mudas de roupa depois, o miúdo andava só de fralda. Corria toda a sala de espera, subia e descia cadeiras, carregava em botões. Comia pão sentado no chão. A mãe bufava, punha as mãos na cabeça. A avó tentava agarrar o miúdo que entretanto lhes tentava bater e fingia que cuspia. Nenhuma "fazia nada dele". Levantavam-lhe a mão e ameaçavam bater. Seguravam-no ao colo enquanto ele esperneava. Bateram-lhe no rabo. Deitaram o pão ao lixo porque ele não obedecia. Puxavam-no do chão por um braço.Toda a sala ía olhando. Sei que ela se sentia observada. Sei que só queria que ele dormisse um bocado. Sei que só queria que lhe dissessem que podiam ir para casa.

O outro, andava por lá a passear. Espreitava os mesmo botões, subia às mesmas cadeiras, observava as pessoas a tirar café. A mãe estava sentada a vê-lo. Nem percebi logo quem seria a mãe. Nunca lhe falou alto. O menino ia ter com ela de vez em quando. Ela dava-lhe colo mas não o prendia perto dela. Foi avisando para não mexer, para ter cuidado. Ele apontava para as coisas como quem pergunta o que é, ela ía respondendo. Talvez estivesse lá há menos horas. Talvez não tivesse havido ainda mudas de roupa e choros de cansaço ou fome. Talvez não estivesse tão preocupada com o trabalho, ou com o que deixou por fazer em casa.

Sei que não fui a única a reparar nestas diferenças.
Sei que quando estamos de fora vemos com outros olhos.
Não deixo de pensar nestes pares ação-reação e nas teses sobre comportamentos que se escreviam só duma sala de espera!

Finalmente chegou o nosso número.
Nada de conclusivo. Iríamos ter que esperar por mais um resultado. A I foi à casa de banho.
Chamaram-nos em menos de 5 minutos.
Afinal era precisa mais uma recolha de urina....
Ela tinha acabado de ir à casa de banho...
Adivinhava-se mais uma espera.
Aliás, duas esperas.
E eu nem sei como não me fartei.

A I fez exercícios de matemática enquanto bebia água para que a vontade chegasse mais depressa.
De tanto esperar e perguntar se já queria ir à casa de banho quem tinha vontade era eu.
Finalmente chegou a vontade e o resultado. Negativo.
Nada de conclusivo.
Dor de origem desconhecida.
Ala para casa. 

E, estranhamente, fica aquela sensação "tanta hora para nada"...e a receita do analgésico na mão.
A sala está outra vez à pinha. Entraram mais 100 crianças depois de nós.
Adivinham-se mais  "Sai daí; Pára quieto; Anda para aqui; Senta-te; Vais apanhar...; Tu tens é sono; Cala-te".

Respiro fundo e vamos embora.
Ainda bem que não era nada.




terça-feira, 17 de novembro de 2015

All you need is faith, trust and a little bit of pixie dust...

Na noite de sexta feira, 13 estávamos num concerto.
Um sala à pinha de milhares sorrisos de felicidade, de excitação e euforia, de descontração.
Muitas crianças e letras sabidas de cor.
À mesma hora. Noutra capital.

Só percebemos que se tinha passado alguma coisa em Paris, perto das 2 da manhã.
O facebook estava inundado de notícias de última hora, enquanto as miúdas procuravam se os D.A.M.A. já teriam colocado a selfie que tiraram no Campo Pequeno, com o público.
De manhã, as fotos de perfil com as cores da bandeira de França trouxeram a dimensão dos acontecimentos. Atentados. Ataques terroristas. Estado Islâmico. Tiroteios. Bombas.
Palavras que se sobrepunham às músicas e fotos do concerto da noite anterior.

Mudou-se o tema. Mudaram-se ânimos.
"Foi na Torre Eiffel?" ;"Foi num concerto?"; "Mas como?"; "E morreram pessoas?!"

Elas não eram nascidas no 11 de Setembro.
Foi dentro dum avião, em 2009, que a I, na altura com 6 anos ouviu pela primeira vez falar do 11 de Setembro.
Foi esse o motivo pelo qual não a deixaram espreitar o cockpit...era assim "desde o 11 de Setembro, por questões de segurança." Perguntou o que era. Não explicamos tudo. Não ali. Não dentro dum avião.
Nunca tinham ouvido falar do atentado num comboio em Madrid, nem no metro em Londres.
Outros mais recentes, como o da Universidade no Quénia contra os alunos cristãos ou o da praia na Turquia passaram-lhes mais despercebidos. Diria que a elas e ao Mundo.

Estivemos em Paris, este ano, em Setembro. Regressamos a casa dia 11.
Estranharam as imagens de militares armados, sem quererem ser discretos, mas antes fazer-se notar, em todos os locais mais turísticos.
"Por questões de segurança".
Qualquer ajuntamento dava direito a carros de polícia para verificar o que se passava., nem que fosse um músico nas escadas do Sacre-Coeur. Elas perguntavam, mas porquê? É só um senhor a cantar...
"Por questões de segurança".

Estivemos fora este fim de semana. Algumas notícias chegavam pela TV.
Foi tema de conversa de 5 miúdas de 13 anos, pela noite dentro. Não entendem porquê. Chegam dúvidas, inseguranças. É talvez a primeira vez que têm consciência deste tipo de brutalidade. Choca-lhes o fator surpresa, a cidade famosa, os inocentes num concerto, o inexplicável...é difícil filtrar informações...
"E eles vêm para cá em 2020!?"

A mais nova pedia para não falarem mais disso. Tinha sono. E medos.
"E entram nas nossas casas?"

De regresso a casa, numa tarde de Domingo, o Mundo chega-nos mais facilmente.
À noite a I lembrou-se de uma amiga que vive em Paris.
A R disse que em 2020 ía ficar todo o ano sem sair de casa.
Souberam que a Disney tinha fechado "Por questões de segurança".

Chegaram mais porquês. Dos difíceis.
"Porque há pessoas más?
Porque fazem isto?
Achas que isto tudo se vai resolver?"

Eu preferia os outros porquês? Aqueles próprios da idade com o mesmo nome.
Também porquês da inocência.
"Porque é que o céu é azul?
Porque brilham as estrelas?"

Olhando para os porquês destas crianças ocorrem-me frases atribuídas ao Dalai Lama "Se todas as crianças de 8 anos fossem verdadeiramente crianças era possível eliminar a violência dentro de uma só geração", ou do Gandhi "Se queremos verdadeira paz no mundo temos que começar pelas crianças"....

Hoje não me apetece responder a porquês.
Hoje só me apetece dizer-lhes:
Think happy thougths.
All you need is faith, trust and a little bit of pixie dust...



quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Miúda graúda


Hoje fazes 13 anos.
Calças o 39. Estás da minha altura.
Todos os dias aprendo contigo alguma coisa nova.
Sinto-me desatualizada nas tecnologias ou sempre que ligo a M80 e tu não me acompanhas a trautear músicas. Daquelas que sei a letra de cor.
Adoro ver a miúda graúda em que te tornaste.
A quem o rótulo "teen" só se aplica no número.

Adoro o teu caráter.
Quer dizer tem dias....umas vezes levo eu com ele.
Mas estranho era se não me respondesses, se não me desafiasses....se não te inquietasses.
Afinal sempre te dissemos para pensares pela tua cabeça.....tinha que surtir efeito!

Quero muito que sejas feliz. Só isso.
Sonha. Pouco ou muito. O que for suficiente.
Acredita sempre. Principalmente em ti!

Transforma as inseguranças em determinação.
Não te importes com o que os outros pensam. A vida é tua!

Vive com a certeza que mais do que Ter importa SER.
E sei que tu já és tanto!

Tenho um orgulho gigante do teu gigante coração.
Dão-nos os parabéns pela miúda que és.
E eu dou-te os parabéns a ti!

Admira o simples.
Anda descalça.
Respira fundo.
Olha para o céu.
Ri.
Abraça.
Chora.
Conta as estrelas.
Molha-te à chuva.

Parabéns I!
Pelos 13!
Por seres como és!

Quanto às arestas da adolescência, sei que elas virão, com mais ou menos revirares de olhos e encolheres de ombros, mas prometo estar por aqui...mesmo arriscando-me ao papel de chata.
Agora, livra-te de entrares na idade do armário...não temos espaço para isso!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Tens 42.


Um dia percebes que já não vais fazer uma Volta ao Mundo.
Que um inter rail ficou nuns perdidos "e se?" e na validade expirada do cartão jovem.

Tens 42.
O mundo tem muitos países e um número ainda maior de sítios para visitar.
E a lista do "A ir" é bem maior do que a lista do "Já fui".
Começas a fazer a tua Bucket List, e percebes que tens tantos sonhos por realizar.
Uns na categoria "talvez um dia..." outros bem mais simples e talvez possíveis.

Tens 42.
E há tanto que realizaste! Só isso dá outra enorme lista.

De repente é dia 1 de novembro. 
Quase passa despercebido porque fica logo ali a seguir aos Bolinhos e Bolinhós, e coisas de bruxas pouco ou nada assustadoras e logo ali antes do aniversário da mais velha. E não faz mal.

Acordas e ouves falar de chuva em todo o país.
Abres a janela e está sol!
Olhas bem para cima para ter a certeza que nenhuma nuvem cinzenta faz adivinhar outro cenário.
Estranhas as notícias.















Sais para comprar pão e vês os primeiros Bolos Rei da época. Ainda só comeste umas 3 vezes castanhas assadas este ano. Ainda nem frio está.
É só Novembro. Dia 1.


Na mercearia adivinha-se o dia dos Finados, pelos molhos de crisântemos de várias cores e as velas em caixas vermelhas.

Tens 42.
Já te fartaste de explicar que o dia 1 é o dos Santos, o dia 2 é que é o dos Finados.
Na verdade não interessa.
Tendes a afastar coisas mais sombrias e cinzentas....de tal maneira que nunca fixaste que o terramoto de Lisboa foi num dia 1 de Novembro.












Almoças numa esplanada quase de manga curta com a prole.
Aproveitas o sol, e o Outono, longe do Bolo Rei e das luzinhas de Natal.
Ainda sabe a Verão!















E depois o Mundo pára por uns segundos quando as tuas pequenas gigantes surpreendem e fazem de ti uma lamechas!
São mestres no guardar segredos e a engendrar coisas!

Tens 42.
Sentes-te a mãe mais sortuda à face da terra!
Falas com um orgulho de encher o peito das proezas dos teus rebentos.

"A I fez uma montagem da nossa viagem a duas a Veneza.
Ela acha que não reparei no autocolante do cantinho...
Adore!!!!



A R precisou de ajuda para ir a uma loja comprar exatamente o que viu há muito tempo e esperava ainda encontra, porque sabia que eu ía gostar! Pediu ao pai para ir com ela"


Tens 42.
Estás mais piegas.
Mais exigente com umas coisas, menos com outras e mais senhora do teu nariz. É um facto.
Sonhas alto.
Andas cansada. Falta-te a paciência. 
Dás valor a abraços apertados e gestos sentidos.
Tens medos novos.
Mais certezas. Mais dúvidas.
És feliz com menos.
Queres lá saber o que pensam de ti.
És assim e pronto.
Até podes deixar vir ao de cima lados mais ocultos....(mesmo que ainda tenhas 41!)



Tens 42. 
Ficas de nó na garganta ao ler mensagens de parabéns! 
As primeiras chegaram da Austrália e sei que são sentidas.
Tens os amigos certos. Qb.
Fazem-te um bolo enfeitado e cantam-te uns parabéns coloridos.
Sentes-te mimada.
Também és filha.

42 já cá cantam!
Mas afinal não estranhas assim tanto porque passaste o ano a achar que já tinhas 42.

Foi Domingo. 
Foi um dia bom.
Tenho 42.