quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Nos tempos que correm.....
Ainda em 2012, a I pediu uma PSP perto do Natal.
Decidimos nesse ano não a oferecer no Natal, porque no meio de tantos outros presentes que recebe da família toda poderia não lhe dar o devido valor.
Assim sendo, ela perguntou se podia juntar dinheiro para a comprar.
Face a isto, e mesmo tendo nós pensado que a iríamos comprar mais tarde, decidimos aceitar a proposta dela e fomos esperando. Claro, que várias pessoas da família sabiam da intenção dela e como tal lá íam contribuindo e ela ía amealhando.
E foi em Maio, já para o fim, que anunciou que tinha finalmente o dinheiro que precisava para a tão desejada PSP. E assim foi, trocou o recheio do(s) mealheiro(s), pela caixa com a dita PSP, e não houve cá perdões.....tudo contadinho ao tostão.....
(bem, mais ou menos)
Mas na verdade percebeu algo muito importante. Ficou com a PSP, mas com o(s) mealheiro(s) vazios.....e até lhe saltaram as lágrimas dos olhos.....
Hoje não há como fugir a certos assuntos..... crise, troika, austeridade, desemprego, tudo palavras que desconheciam (algumas até eu) , que passaram a interiorizar, que fazem agora parte desta geração de pequenos que se estão a transformar em graúdos.....
Já nos chegaram a perguntar o que acontece se formos despedidos, tal começa a ser a realidade envolvente de pais de amigos, da possível não colocação dos próprios professores, de colegas que não levam lanche, etc
Esta geração está a crescer com medo que os pais deixem de ter dinheiro, com medo do que possa vir a acontecer num futuro que não sabem bem quando é.
Tentamos passar a mensagem que o que se tem custa dinheiro, que se conquista, que não aparece de mão beijada, mas sem grandes exageros, até porque para isso basta ligar a TV!
Ainda assim, nos tempos que correm dou comigo a sair de casa e as meninas acompanham-me com carteira. Sim, são meninas, carteiras a tiracolo é normal. Mas quando pergunto porque as levam, o que me surpreende é a resposta: "É para pagar qualquer coisa que a gente queira!"
A I já comprou uns doces para ela e para a irmã.
A R numa loja escolheu uma camisola e fez questão de ser ela a pagar (a mãe teve que ajudar com parte....)
A I comprou uma prenda de anos para a R e não quis que eu pagasse porque entendia que assim não era mesmo uma prenda dela.
A I juntou dinheiro para me comprar uma prenda de aniversário e este ano quer contribuir para as prendas de Natal da família.
Eu podia até dizer "Deixa estar a mãe paga" e até digo às vezes, mas não me deixam!
Não sei se isto me assusta se me faz sentir orgulho....
Estas dualidades deixam-me um nó na garganta.....
Palpita-me que será uma geração e tanto!
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