Bolinhos Bolinhós

Entoa ainda na cabeça a dos Bolinhos Bolinhós, que sendo tradição do dia 31 de outubro, transita para o fim de semana por questões de logística.

Para quem não conhece assim reza a dita:

“Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos enterrados.
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho."

Se as pessoas derem dinheiro ou guloseimas, cantam:
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."

Se não abrirem a porta, cantam:
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto

Aqui mora algum defunto"

Costumava ser cantada por meninos e meninas vestidos das mais horripilantes figuras, e que levavam caixas de cartão esburacadas em forma de carantonha, iluminadas por dentro. Eu própria, antes de ter meninas achava engraçada esta tradição desta cidade que desconhecia. Foi-se perdendo, e são cada vez menos as portas que se abrem, mas as novas meninas que povoam o bairro lá fazem questão de ir lembrando que ela existe!

Hoje decidi escarafunchar uma abóbora em vez de uma caixa mas também teve direito a iluminação e tudo!

Vestiram-se a rigor, e no fim de correrem várias casas, cantando a cantilena de porta em porta, as bruxas, zombies, e outros que tais, recolhem-se, desfazem-se dos seus acessórios e voltam a ser meninas para partilhar os doces e demais bens que recolheram.

Há quem me ache um pouco louca por me dar a estes trabalhos.

Mas aqueles olhares felizes e um "obrigada mamã" ao deitar dão-me a certeza que esta minha loucura é salutar!

As minhas duas bruxinhas dormem agora descansadas!