sexta-feira, 24 de julho de 2015

Pode haver quem não entenda


Por onde começar??! Talvez pelo antes.

Se o "Com ou Sem" poderia ser polémico por falar de escapadelas a dois....escapadelas mãe e filha deixando outra filha de fora.....não sei não....acho que bate as escapadelas a dois na escala de temas polémicos sobre maternidade!

Mas era promessa. E o prometido é devido!

Quando a viagem se tornou uma realidade fui preparando a R, embora ela soubesse que era uma coisa que se iria concretizar mais tarde ou mais cedo. Já ouvia falar nisso há uns tempos....agora era uma questão de ter dias marcados.
Ainda assim não ficou feliz com a ideia. Também não era de ficar. Estranho era se ficasse.

Conversamos.
Expliquei que era algo combinado há uns 3 anos, quando ela era mais pequenina.
Um dia destes havemos de a compensar. Noutra viagem, a 2, a 3 ou a 4.
Quando sugeri fazer uma viagem um dia só com ela, ela disse que gostava mas que com a irmã seria mais giro. O ano passado estive 17 dias no Peru só com o N. Agora seriam apenas 5 dias.
"Mas tinha comigo a I", dizia ela.

Durante uns dia foi o tema cá da casa. Algumas lágrimas à mistura.
É dado adquirido que a R não me larga nunca. É a minha sombra.
Ouvi que muitas coisas só fazíamos com a I.
A I já tinha ido a Espanha, a França...e ela ainda não tinha ido longe, nem nunca tinha andado de avião. Houve um bocadinho de chantagem psicológica. Algum drama à mistura. Antecipações de muitas saudades. Achava que eram muitos dias sem ouvir a minha voz. O pai achava que seria um feito eu chegar a entrar no avião. Eu própria começava a achar difícil.
Resisti.

Ela foi marinando a ideia. Foi pensando onde um dia gostaria de ir. Foi percebendo que sempre que possível devemos cumprir o que prometemos. E entendeu que ainda não tinha ido connosco noutras saídas porque não iria aproveitar da melhor forma, porque era pequenina, porque nessa altura precisava de mais cuidados, porque nunca gostou de andar muito tempo de carro.

Foram uns dias pré viagem algo estranhos. O meu coração de mãe andava às voltas. Dizia  à I para não se mostrar muito entusiasmada em frente à R. Evitava falar em planos do que íamos fazer, ver ou comer. Não queria que nos visse a fazer as malas. Achava que isso poderia deixá-la ainda mais triste e posta de parte.
Um misto de emoções.
Vontade de viajar e conhecer um sítio novo. Ansiedades. Apertos de coração. Algumas dúvidas. Umas quantas certezas.

Mas a R entendeu.
Ficou bem. Levou-nos ao metro. Deu-nos mil beijinhos.
Ficou prometido que falaria comigo, connosco, sempre que tivesse saudades.
Acima de tudo entendeu que não estava a ficar para trás.
Era um princípio.
Uma porta que se abre para começar a viajar para fora também com elas.

E pronto. Não me sinto a pior mãe do mundo.
Mas pode haver quem me ache doida, insensível ou má mãe.



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