quarta-feira, 30 de abril de 2014

Promessas


Custa-me lidar com a mentira.
Neste "custa-me" leia-se "não tolero".

A forma que tenho de mostrar que não tolero é não mentir...
Nunca lhes disse que íamos ao parque infantil ou outro local apetecível e depois afinal o destino era o centro de saúde.
Nunca lhes disse que uma vacina não doía nada.
Nunca lhes disse que o xarope sabia bem.
Nunca lhes disse que vinha lá o bicho papão.
Estas mentiras têm o sabor do engano.

Sabem que não lhes minto. Não as engano.

Mas já tive que dizer que há a mentira piedosa.
Pois e como se distingue da mentira mentira?
E como ocultar a verdade pode ser diferente de mentir?
Complica-se tudo nestes meios termos.
Como quando a I pergunta depois de um lanche a duas: "E se a R perguntar onde fomos o que lhe dizemos?!"....aqui entra talvez a mentira piedosa. O inventar alguma coisa para que a R não fique triste. Mas então estou a mostrar que sim, que se pode inventar mentir....que talvez eu já tenha usado a mentira piedosa mais vezes.....mas esta traz por vezes um mal menor....
Aqui o ocultar seria "Se ela não perguntar não falamos nisso..."

Mas nestes meios termos, elas distinguem a mentira mentira.
Sabem que dizer a verdade sempre é melhor. Para a verdade há sempre uma conversa. Para a mentira a tolerância é pouca.

Mas o que mais me custa é quando eu falho.
Não porque tenha mentido, mas por ter feito uma promessa que não cumpri.
É quase como mentir....
Mentir-lhes...
É um fardo que me pesa...

Tenho sempre muito cuidado com as promessas feitas.
Talvez as faça para mim e raramente as verbalize. Uso-as com muita conta, peso e medida.

Nunca tinha ouvido  "Mas tu tinhas prometido!" ....até um dia destes...
E não era uma coisa que não comprei, ou um sítio que não fomos, ou algo que me esqueci de fazer....era na base dos comportamentos. Das (minhas) faltas de paciência, das (minhas) respostas tortas, dos (meus) revirares de olhos....

Costumo apregoar que ação gera reação, não fosse eu das ciências.
Sendo que, a ação, são crianças (as minhas), a reação sou eu.
E nem sempre a reação é adequada ou proporcional à ação.

Aqui fica, para mim: "Se não vais cumprir não prometas!" ou melhor "Promete, mas cumpre!"
Na onda do para me lembrar...


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