sexta-feira, 17 de abril de 2015

De coração


R - "Dás uma moeda aquele senhor? Era cego mãe, viste?
A mãe - "Não reparei. Só tenho moedas grandes. Gastei as outras no estacionamento."

Continuamos a nossa volta. Parei na pastelaria. Tomei um café.
Regressamos pela mesma rua.

R - "E agora, já tens moedas mais pequenas? Podemos dar ao senhor? Tenho tanta pena dele..."

Podíamos, mas ele não estava no mesmo sítio e o tanto que a R lhe queria dar uma moeda fez-me dar a volta ao quarteirão. Estava noutra esquina. Sim era cego. A R tinha vergonha de lhe dar a moeda na mão. Mas deu. Ele agradeceu e ela ficou feliz.
E eu fiquei a pensar que, se não fosse ela, talvez me passasse despercebido.
E fiquei a pensar no café que tomei, e na conversa sobre as moedas grandes e pequenas...

E no grande coração com que todos nascemos, e em que parte do caminho ele se torna aparentemente mais pequeno, por vezes até invisível, mesmo continuando lá.













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