segunda-feira, 12 de maio de 2014

Noite de queima na figueira

Pode parecer estranho.
Em noite de Queima das fitas, saí de Coimbra para ir ver um concerto.
Um senhor que noutros tempos actuava nas noites do parque. Pelo menos foi lá que o vi uma vez.
Agora talvez nenhum estudante o reconhecesse. (Eu própria quase não o reconheci!)

E assim, em pleno sábado de semana académica, com Coimbra à pinha rumamos à Figueira, a um recinto mais (bem mais) pacato que o Queimódromo. Já a minha amiga Carla, que aceitou o desafio, também ela fã do dito senhor, contou as suas peripécias aqui. Mas ela não se chateia.
Há coisas que passam por nós que não ficam em branco.

As circunstâncias eram também elas diferentes.
Quer pela idade do público alvo.
Quer pelos lugares sentados.
Quer pela agitação em palco.
E até pelo trautear envergonhado da plateia, e a falta de coragem nas palmas.
Passaram 2 décadas por mim, por nós, e pelo senhor do palco.



O cenário foi este. Apenas este. Sem mudança de luz. Duas guitarras. Duas garrafas de água.
Sem alteração de sítio do microfone. Um suporte para o livro das letras das músicas.
Mesma roupa após o intervalo. Manteve o casaco.

Em 1997 (mais um menos um) dei aulas numa escola a alunos do 10º ano. Curiosos como eram e tendo uma professora tão nova, perguntaram-me que música gostava de ouvir. Ao responder Lloyd Cole e Cranberries, olharam-me como quem viu um E.T. "Quem são esses?!?!?". Pois, já nessa altura eram antigos para meninos de 15 anos.....

E foi o senhor Lloyd Cole que me levou à Figueira.
Não conhecíamos muitas músicas.
Mas era um concerto de carreira. Haviam de chegar os êxitos.
E chegaram!

A certa altura ele diz que estava tudo a olhar para o telemóvel a ver se tinha mensagens de casa e a pensar mas quando é que isto acaba, que está um bocado parado; comentou que muitos de nós já tinham filhos na idade em que o mais velho já pode tomar conta do mais novo. Ele próprio falou do mais velho dele que andava por Brooklyn a tentar o sucesso como cantor rock.

Noite calma. Ainda estranho concertos sem ninguém em pé, em que só se acompanha o ritmo com o pezinho a dar a dar ou com um abanar da cabeça.

Foi assim um concerto de/para meia idade.
A mesma voz, aos 53 anos.
Eu gostei!







Sem comentários :

Enviar um comentário