domingo, 17 de maio de 2015

Pode estar tudo errado.


Cá em casa não castigamos as más notas. Ou as menos boas.
Aliás...o que é uma boa nota? Mais de 90%, mais de 80%? Um 5 na pauta? Ou um 4 já é bom?
O que é má nota? Negativa? Menos de 70%?
Como se mede isto? Pela disciplina em causa?

Eu meço pelo grau de satisfação.
Não o meu.
Eu gostava que elas tivessem 100% a tudo, não para serem as melhores, mas para se sentirem felizes, ou para que muitas mais portas se abrissem (e já nem sei se acredito nisto) neste País estranho.

Meço pelo olhar delas.
Se ficarem indiferentes a uma nota menos boa talvez me deva preocupar.
Mas se elas próprias vierem para casa desiludidas, chateadas porque contavam com mais, irei eu castigá-las?
Não me parece. Acho suficiente castigo a própria da nota.

Felizmente, apesar das diferenças entre pai e mãe no que toca à educação das crianças, nisto estamos de acordo.

Há dias assisti a uma conversa em que uma mãe dizia "O teu pai vai-te matar quando souber que tiveste negativa!""Vais ficar sem telemóvel uma semana"...
A I ouviu também.
Grande parte da turma tinha sido corrida a notas baixas.
A I estava nessa parte. Aborrecida. Contava com mais.
A mesma mãe perguntou-lhe "O teu pai também te vai matar, não?"
E ela respondeu "Não. Vai dizer que para a próxima faço melhor..."

E sim, foi isso que o pai disse. E foi o que eu disse.
Não é o mesmo que ficar indiferente a uma negativa.
É saber que se há esforço, empenho, estudo, haverá alguém mais desiludida que ela própria....precisará de ameaças?

E sim, ela fez melhor no teste seguinte.

Esta semana recebi um sms.
Uma nota não foi o que esperava, apesar de ter consciência que não tinha corrido muito bem.
Só vi um par de horas depois.

Mais tarde ao contar as peripécias do dia incluiu que tinha recebido a nota de outra disciplina, mas avançou para outras histórias.
"Então e que nota tiveste a essa?"
Tinha tido boa nota mas esqueceu-se de dizer.

Fico feliz que se sinta confiante para dizer que teve negativa ou uma nota menos boa, que não tenha medo da reação dos pais, que conte mais depressa isso do que um Muito bom. Que em nós encontre o apoio e a compreensão.

Podemos estar completamente errados.
Mas nisto da parentalidade não há períodos experimentais nem pré-visualização do resultado.
"Prognósticos só no fim do jogo".
Pode ser um risco, mas é assumido.

Hoje não lhe apetece lá muito estudar. A irmã está a brincar com uma amiga. O dia convida.
O calor traz alguma inércia. É fim de semana. Domingo devia ser mesmo dia de descanso.

Foi fazer panquecas para a irmã. Eu deixei.
É o quarto de hora académico.
O chá das princesas está quase pronto.




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