sexta-feira, 15 de maio de 2015

Família

Somos 4.
3 do sexo feminino: 1 pré adolescente, 1 senhora do seu nariz, 1 mãe KO.
1 do sexo masculino à beira de um ataque de nervos com este mulherio.
E a somar, um Porquinho da Índia. O 1º a manifestar-se de manhã para comer.

Há dias com a casa desarrumada, roupa por passar, casacos pendurados nas costas das cadeiras.
Não temos horários fixos para jantar por causa das horas fixas das atividades. Das que já existem no calendário e das que aparecem sem aviso prévio. Há semanas com fisioterapia para as duas, outras só para uma, ora todos os dias, ora em dias alternados. Juntam-se tardes de dentista
Raramente deixo alguma coisa a descongelar para o jantar.
Não consigo pensar no jantar se ainda nem almocei.

Há dias em que todos falam ao mesmo tempo.
Há momentos, embora raros, com demasiado silêncio.
Há refeições caóticas.
Há outras mais leves com petiscos e gin, ainda que com baldes de nutella por perto.
Há demasiado espaço e de repente espaço nenhum.
Começa-se um jogo de tabuleiro e depois instala-se a desordem.
Outras vezes falta a vontade para jogar.

Felizmente agora temos vizinhos com crianças. Assim não somos os únicos barulhentos do prédio.
Temos também vizinhos estudantes e ontem à noite até se ouvia kizomba vindo da casa ao lado.
Abençoados!

Ser uma família é diferente de ter uma família.
É saber que nem é tudo perfeito, mas afinal talvez seja.

É pensar no plural.
É ter sempre o coração preenchido.
É receber abraços enquanto descasco batatas.
É ouvir "Estás bem, mãe?" quando dou um grito depois de estraçalhar um dedo na porta do congelador. Peço um penso rápido enquanto embrulho o dedo num lenço de papel dobradinho com carinho que me trouxe a R. Afinal não há. Como não há pensos rápidos? Ainda ontem vi a caixa.
Pois....mas está vazia.
Ser família é saber viver com os hábitos uns dos outros. Por muito irritantes que sejam.
Caixas vazias nos armários é algo que não compreendo. Faz-me lembrar a 1ª temporada do Big Brother (sim eu vi!) e a grande discussão gerada em torno de uma pacote de bolachas vazio deixado num armário. Compreendo. É que uma pessoa vai a contar com aquilo e depois nicles....é bem pior do que não ver a caixa!

Nem tudo é um mar de rosas.
Mas é um mar!
Afinal o que é isso do mar de rosas?!?
Eu cá gosto da mudança das marés, dos dias de mar calmo e das marés vivas.
Quem viveu junto ao mar sabe que há sempre 7 ondas maiores e depois um período de acalmia. Lembro-me de as contar para saber quando podia dar um mergulho. Ainda hoje o faço.

Ser família é isto.
Momentos agitados, seguidos de acalmias.
Somos uma família. Hoje e todos os dias.


2 comentários :