terça-feira, 14 de agosto de 2018

Quem vem e atravessa o rio...

Devia ter pensado nisto mais cedo. Uns 10 ou 15 anos. O Porto está à pinha. E não era ainda Agosto.
Numa esplanada fomos atendidos noutra língua. (ou então era um sotaque muito cerrado, que aliás absorvo com uma certa facilidade). Pelo menos o preço do café não estava ainda inflacionado.
Adoro o trato por "menina" que só fica bem no Norte, digam lá o que disserem.
O Porto sempre foi para mim a cidade Distrito nos documentos da escola. Era onde tinha que ir para tratar de papelada, onde me candidatei à faculdade, onde fiz as específicas, onde fui ver se tinha sido colocada e onde cheguei a ser caloira por 1 semana. Era destino de compras na afamada Stª Catarina, 31 de Janeiro ou Cedofeita. Foi lá que comprei o meu vestido de noiva. Aliás, agora que me lembro, foi no Porto que decidimos a data em que íamos casar. Tantas foram as viagens de comboio que cheguei a decorar as estações todas Póvoa - Porto. Mais tarde, quando passei a caloira na cidade dos estudantes, a Stª Catarina, a Trindade, a Batalha e até S. Bento passaram a entrar no meu circuito de viagens Póvoa - Coimbra em ritmo semanal.
O Porto tem assim algo de familiar mas nunca o conheci como turista.
Passava todas as semanas em frente ao Majestic, que acho que só saltou para as bocas do Mundo pela boca do Abrunhosa. Não sei quantas vezes entrei e saí de S. Bento à procura da hora do Regional e sem reparar nos azulejos. A Faculdade de Ciências fica quase ao lado da Livraria Lello (porque tinha que lá ir a J. K. Rowling?!) e dos Gerónimos. Percorria a pé muitas ruas do Porto, antes da existência do metro.

Agora que tentei ser turista e em família descobrir o Porto que não conhecia, acho que fomos tarde demais. Levava uma lista TO DO que daria bem para encher um dia:

- Livraria Lello
- Subir aos Clérigos a pé
- Atravessar a Ponte D. Luís a pé por qualquer um dos tabuleiros
- Cais de Gaia
- Ver a Casa Escondida ente a Igreja do Carmo e a das Carmelitas
- Passar na Rua das Flores
- Zona da Sé
- Escadaria junto ao funicular de Guindais, de preferência a descer.
- Ribeira e algum Dolce Fare Nienti
- S. Bento

Todo o mundo teve a mesma ideia neste dia.
A livraria Lello tinha uma fila até ao fim da rua e os Gerónimos um segurança só a  gerir a fila para a bilheteira!! Desistimos. Terei que regressar na época baixa, seja lá quando isso for.

Percebo agora porque os moradores de certas zonas dizem que nem à janela podem ir pôr as cuecas a secar que está algum turista a tirar fotografias. Tal e qual!
Até os meninos que saltam da ponte o fazem em troco duns trocos.
O Porto está famoso e ao rubro!

Da lista fizemos o que não implicava entrar e esperar em filas e que ía ficando em caminho. Não escapou a francesinha que nem precisava de constar da lista! E até para esta fomos em boa hora!
Impossível não trautear Rui Veloso, e o seu "Quem vem e atravessa o rio...". E descobrir que é mesmo assim como a letra "...Vê um grande casario que se estende até ao mar".
Em vez dum Porto bebemos um granizado carregadinho de corantes mas dos que não pintam a língua!
Os pés já acusavam muitos passos e para voltar de Gaia apanhamos um barco, só pela piada.
Ficamos pela Ribeira a ver os artistas de rua, a azáfama de turistas para os barcos de passeio e os miúdos da zona a tomar banho no rio e a causar alguma inveja à mais nova que só queria era mergulhar também!
É para voltar!











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