terça-feira, 17 de novembro de 2015

All you need is faith, trust and a little bit of pixie dust...

Na noite de sexta feira, 13 estávamos num concerto.
Um sala à pinha de milhares sorrisos de felicidade, de excitação e euforia, de descontração.
Muitas crianças e letras sabidas de cor.
À mesma hora. Noutra capital.

Só percebemos que se tinha passado alguma coisa em Paris, perto das 2 da manhã.
O facebook estava inundado de notícias de última hora, enquanto as miúdas procuravam se os D.A.M.A. já teriam colocado a selfie que tiraram no Campo Pequeno, com o público.
De manhã, as fotos de perfil com as cores da bandeira de França trouxeram a dimensão dos acontecimentos. Atentados. Ataques terroristas. Estado Islâmico. Tiroteios. Bombas.
Palavras que se sobrepunham às músicas e fotos do concerto da noite anterior.

Mudou-se o tema. Mudaram-se ânimos.
"Foi na Torre Eiffel?" ;"Foi num concerto?"; "Mas como?"; "E morreram pessoas?!"

Elas não eram nascidas no 11 de Setembro.
Foi dentro dum avião, em 2009, que a I, na altura com 6 anos ouviu pela primeira vez falar do 11 de Setembro.
Foi esse o motivo pelo qual não a deixaram espreitar o cockpit...era assim "desde o 11 de Setembro, por questões de segurança." Perguntou o que era. Não explicamos tudo. Não ali. Não dentro dum avião.
Nunca tinham ouvido falar do atentado num comboio em Madrid, nem no metro em Londres.
Outros mais recentes, como o da Universidade no Quénia contra os alunos cristãos ou o da praia na Turquia passaram-lhes mais despercebidos. Diria que a elas e ao Mundo.

Estivemos em Paris, este ano, em Setembro. Regressamos a casa dia 11.
Estranharam as imagens de militares armados, sem quererem ser discretos, mas antes fazer-se notar, em todos os locais mais turísticos.
"Por questões de segurança".
Qualquer ajuntamento dava direito a carros de polícia para verificar o que se passava., nem que fosse um músico nas escadas do Sacre-Coeur. Elas perguntavam, mas porquê? É só um senhor a cantar...
"Por questões de segurança".

Estivemos fora este fim de semana. Algumas notícias chegavam pela TV.
Foi tema de conversa de 5 miúdas de 13 anos, pela noite dentro. Não entendem porquê. Chegam dúvidas, inseguranças. É talvez a primeira vez que têm consciência deste tipo de brutalidade. Choca-lhes o fator surpresa, a cidade famosa, os inocentes num concerto, o inexplicável...é difícil filtrar informações...
"E eles vêm para cá em 2020!?"

A mais nova pedia para não falarem mais disso. Tinha sono. E medos.
"E entram nas nossas casas?"

De regresso a casa, numa tarde de Domingo, o Mundo chega-nos mais facilmente.
À noite a I lembrou-se de uma amiga que vive em Paris.
A R disse que em 2020 ía ficar todo o ano sem sair de casa.
Souberam que a Disney tinha fechado "Por questões de segurança".

Chegaram mais porquês. Dos difíceis.
"Porque há pessoas más?
Porque fazem isto?
Achas que isto tudo se vai resolver?"

Eu preferia os outros porquês? Aqueles próprios da idade com o mesmo nome.
Também porquês da inocência.
"Porque é que o céu é azul?
Porque brilham as estrelas?"

Olhando para os porquês destas crianças ocorrem-me frases atribuídas ao Dalai Lama "Se todas as crianças de 8 anos fossem verdadeiramente crianças era possível eliminar a violência dentro de uma só geração", ou do Gandhi "Se queremos verdadeira paz no mundo temos que começar pelas crianças"....

Hoje não me apetece responder a porquês.
Hoje só me apetece dizer-lhes:
Think happy thougths.
All you need is faith, trust and a little bit of pixie dust...



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