quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Irmãs


Sofrem daquilo a que chamo irmazites!
Consta que é normal. Eu suponho que sim. Acredito que sim.
Para mim, filha única, não entendo bem estes atritos entre irmãos.

Um dia inteiro a ouvir "Pára"; "Este lado do sofá é meu"; "Tocaste na minha perna com o teu dedo mindinho";"Eu também quero um copo redondo"; "Eu já tinha esse prato"; "Muda de canal"; "Estás à minha frente" e outros dizeres entre grunhidos confesso que dá cabo das minhas entranhas!

E ainda temos a parte prática:
As corridas para ver quem chega primeiro para coisas sem importância nenhuma como por exemplo quem vai abrir primeiro a porta da rua....quem vai à frente no passeio....quem me ajuda a passar os códigos das compras....
O esconder dos telecomandos.
O levarem umas sapatilhas para o quarto e deixarem as da irmã na sala.

Depois diz-se por aí que "É deixá-las resolver desde que não partam para a violência".
Violência como?! Tipo aos estaladões uma à outra e arrancar cabelos!? Era o que mais faltava!

Ao terceiro "Pára", não aguento mais e lá vou eu com o meu "Oh meninas, afinal o que se passa!?"
Verdade verdadinha nem sei se quero saber o que se passa..... podiam ao menos estar só sossegaditas e entretidas uma com a outra, ou uma em cada lado!? Até temos dois sofás e um quarto para cada uma!
Mas não. A mais nova tem tendência de praticamete se sentar em cima da mais velha, além de uma aptidão inata para lhe acertar com os pés no nariz enquanto faz pinos. Também é perita em ir tocando ao de leve nos pés da irmã como que a ver se lhe chama a atenção. Lá consegue. Mas não era bem a atenção que pretendia!

Verdade seja dita que gostam da companhia uma da outra.
Que reconhecem a estranha calma quando a casa só tem uma delas. Sentem saudades.
Entendem-se na maluqueira. No disparate. Nos silêncios comprometedores.

No outro dia uniram-se para uma mentirinha que servia para justificar uns arranhões de parte a parte.
Na altura caí. Talvez porque mentira seja coisa rara nesta casa de tão inadmissível que é.
Mas depois cheirou-me a esturro. Aquela prontidão em querer justificar, as duas de acordo tão rapidamente, a falta das habituais queixas de dor profunda....hummmmm.....é como o tal branco de carapinha.....não é natural!

Assim como construíram a história, depressa a deixaram cair por terra. É a perna curta da mentira!

Dei comigo numa dualidade de pensamentos....
"Mentir à mãe é mau" vs "Bem, pelo menos entenderam-se!"

Uma coisa é certa:
Pelos vistos até houve violência, mas não havendo um adulto logo ali à mão, lá resolveram sozinhas.
Fizeram as pazes.
Combinaram o que contar. E ainda dizem que esta geração não tem imaginação!?!
Estão umas autênticas parceiras no crime!

E eu, até gostei de ver esta cumplicidade, que não conheço.


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