Geralmente é em férias sem elas que consigo ler um livro. Quem sabe até dois.
Em viagens com elas, nem que sejam férias cá dentro, costumo carregar um livro, nunca dois, e raramente o abro. Elas já estão mais crescidas, mas ainda assim não consigo descansar os olhos nas páginas de um livro e deixar-me absorver. Foram muitos anos a tê-las sempre debaixo de olho, ao perto e mais ao longe....ver quando vão molhar os pés, quando vão encher o balde, quando fazem castelos de areia, quando mergulham na piscina a ainda nadam mal, quando vão comprar um gelado....Além disso há as constantes conquistas que querem mostrar e o "mamã olha!...o pino, o mergulho de cabeça, o cabelo na frente da cara"... torna-se uma constante tão presente que às vezes já nem são elas a chamar e eu olho na mesma!
São anos de vícios que uma mãe não abandona facilmente. Depois finalmente quando elas se deitam, o sono vence e o livro fica adiado, pousado na mesa da cabeceira, isto se chegar a sair da mala.
Desta vez, além do livro que cada uma de nós levou para Veneza, o best seller deste verão foi também na bagagem. O êxito de vendas mais rápido de sempre dizem os especialistas.
Comprei a 1ª edição em junho. Vai na 8ª!
Começamos a ler em conjunto. A designação de "thriller arrepiante" cativou-a. A mim também.
Acompanhou-nos nas viagens de comboio, ao deitar e no avião.
Líamos em conjunto e em silêncio nas viagens, e em voz alta, vez à vez, quando estávamos só as duas. A mim dava-me o sono mais vezes. Ela continuava a leitura sozinha e depois não conseguia conter o desenrolar do enredo e queria adiantar partes da história.
"A rapariga no comboio" foi também uma companhia de viagem.
Ao abrir descobrimos que a rapariga se chamava Rachel. Achamos curioso. Sorrimos.
Começamos a lê-lo no comboio Bolonha-Veneza.
O mais giro era partilhar com ela a vontade de passar ao capítulo seguinte, o trocar de olhares quando o enredo dava uma volta, as conjeturas sobre o que iria acontecer, ou a quem, ou como....
Acho que nunca tinha lido um livro de crescidos a meias.
Talvez seja algo que nunca esqueceremos.
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