sábado, 7 de março de 2015

Menos mãe...

Antes queria dizer que:
Respeito quem imagine um parto perfeito, natural, em casa, na água, com dor, quem fique desiludido por não ter tido o parto que idealizou. Cada caso é um caso. Cada mulher sabe de si.
Quanto aos partos das minhas filhas só tinha uma expectativa: 
Que corressem sem sobressaltos! Que elas chegassem sãs e salvas a este Mundo, fosse lá como fosse. Assim foi!


As minhas meninas chegaram as duas pela barriga, como lhes costumo dizer.
Incompatibilidade pelvico-fetal, disseram os médicos, que é como quem diz, "Desproporção entre o tamanho do feto e as dimensões do canal de parto."

Ou seja, a culpa para a cesariana é minha e delas!

Na primeira gravidez foi uma surpresa. Estava o trabalho de parto a correr conforme previsto e desejado. Miúda encaixada (já há umas boas semanas), epidural, praticamente sem dores, contrações cada vez menos espaçadas e após algumas horas, os 10 dedos de dilatação, conforme manda a literatura! Estava na hora. Em 5 segundos mudou tudo. O obstetra torceu o nariz ao parto natural e a minha I lá nasceu com os seus bem pesados e bem medidos 3,460g e 50cm.

Na segunda gravidez, fui logo avisada que se o peso previsto da criança fosse superior a 2,5Kg, teria que nascer da mesma forma que a irmã. Ora, nesta altura só tinha duas opções, ou desejava ter um bebé pequeno, o que não me parecia bem no meu coração de mãe, ou interiorizava que lá vinha mais uma pela barriga. Peso previsto 3kg. Dia marcado à escolha e à medida do que dava mais jeito a ambas as partes, embora ninguém tenha efetivamente perguntado à miúda, que também já estava encaixada há uns tempos. Aqui não houve indução, nem uma única contração. Houve epidural mas não a suficiente para tirar todas as dores. Lá chegou a R pela barriga, com os seus 3kg e 50cm!

Ainda grávida da R, ouvi alguém, que até é da minha família, comentar que ter filhos de parto natural e com dor era mais compensador. Custava muito mas valia a pena e dava-se mais valor ao facto de ser mãe....

Ora, não sei de facto o que é ter um filho de parto natural.
Não me sinto menos recompensada pela mãe Natureza, ou revoltada com o meu canal pélvico ou com o peso das minhas bebés à nascença, por ter filhas pela barriga.

Se preferia que tivesse sido de outra forma? Não sei.
Foi como foi e não me sinto alvo de violência obstétrica....

Só sei que são saudáveis. Nasceram "pesaditas". Choraram ao 1º segundo. Conheci-as ao 2º segundo. Correu tudo bem e sem complicações parto e pós-parto. Senti-me segura e rodeada por uma equipa competente e atenciosa. Isso sim para mim conta! E conta muito como correm os dias seguintes em que estamos mais fragilizadas e de hormonas baralhadas e rodeadas de opiniões.

Talvez gostasse de saber em que dia de facto teriam nascido caso não fosse de data marcada.
Mas é uma curiosidade minha por achar que interferimos nas leis da astrologia ao marcar uma data.

O ser mais mãe mede-se pelo tipo de parto, pelo tamanho das dores ou das cicatrizes?!
Para mim não.
Se dou menos valor ao facto de ser mãe, por ter filhas pela barriga?
Se me sinto menos mãe?
Nem pensar!








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