quinta-feira, 7 de maio de 2015

Porto, cidade.

Antes do concerto no Coliseu demos uma volta ali pelas redondezas.
Nunca a I tinha andando pelas ruas do Porto e pareceu-lhe Espanha.
Descemos a 31 de Janeiro. Subimos os Aliados.
Afinavam-se acordes para a serenata da Universidade do Porto.
Percorremos a Rua Sta Catarina mais umas quantas transversais.
Havia fila à porta do Majestic. Um porteiro ditava a entrada e a distribuição pelas mesas.
Não sei se foi sempre assim, mas a ideia de lá tomar um cafezito ficou de parte.
Talvez tenha ficado mais famoso depois do Abrunhosa o pôr numa música.

Voltei na memória ao tempo que atravessava a St. Catarina de saco às costas, para mudar do comboio na Trindade para o expresso da rodoviária na Batalha, que me levava a Coimbra.
Aos domingos neste sentido, às sextas no sentido inverso.
Continua uma rua à pinha. Movimentada e animada.
Passamos pelo Via Catarina, o que deu logo lugar a um problema de comunicação.
Comentei que podíamos comer qualquer coisa no Via Catarina...
-"Viste a Catarina? Qual Catarina? Onde?"

Coisas do nosso Português.

Uma das coisas boas do Porto é que me tratam por "menina", com um sotaque banhado a simpatia. Quer seja a senhora que vende gelados, a que vende águas e chocolates no concerto, o senhor que me informa à janela do carro onde fica o Coliseu, os empregados da casa das bifanas, e até o arrumador! A este nem me importei de dar uma moeda pelas informações preciosas que me deu, para além do "menina".
Desde pequena que herdo facilmente os sotaques, pelo que começo logo a ser "da casa" e a adquirir um bocadinho da pronúncia do Norte.

O Porto sempre esteve na minha vida, nem que fosse porque em todos os formulários preenchia o campo do "Distrito"com ele.
Foi lá que fiz as provas específicas, cada uma em seu edifício e que me candidatei à universidade.
Disse a frase dum filme "siga aquele táxi" quando fomos às dezenas ver os resultados à Faculdade de Economia, que na altura ainda tinha amianto...Foi lá que soube que fui colocada e que telefonei de uma cabine para dar a notícia à minha mãe.
Fui caloira da Faculdade de Ciências por uns dias, talvez uma semana.
Era Janeiro quando decidimos num banco de jardim o dia em que íamos casar.
Comprei o vestido na Rua 31 de Janeiro.

Por outro lado não conheço o Porto à noite.
Demorei muitos anos a ir à Ribeira, apesar de a ver de cima, da ponte, todas as semanas.

Desta vez, depois do concerto comemos bifanas. Passava da meia noite.
Corremos para fugir da chuva.
Ainda ouvimos uns acordes com cheiro a Coimbra vindos dos Aliados.
Reparamos na agitação das ruas, nos restaurantes abertos e em alguns sem abrigo que dormiam ao relento, indiferentes ao reboliço de noite de festa.

Algures havia um cartaz com coisas e pessoas que fazem parte da história da cidade.
"Mãe o que são tripas?

E tripas são tripas.
Adoro tripas à moda do Porto.
Adoro francesinhas.
Adoro o sotaque.
Adoro o "menina".
Adoro a Ribeira.
Adoro a Cedofeita e a Stª Catarina.

E ainda me falta conhecer umas quantas (tantas) coisas.
E mostrá-las às meninas.

Nisto tudo do Porto, só fujo do azul...
....azul no Porto, só mesmo o do céu e dos azulejos de S. Bento!


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