quinta-feira, 2 de abril de 2015

Clássicos


A semana passada as miúdas viram pela primeira vez um filme a preto e branco.
Um daqueles clássicos portugueses que davam volta e meia na TV.
Tenho pena que agora sejam tão "clássicos" que já só há disponível em DVD´s como relíquias de colecionador. E são, de facto. Mas bem que podiam dar-lhes tempo de antena em horário nobre.
Mereciam!
Os mais famosos, dos quais sabemos frases, expressões ou palavras de cor como o "Chapéus há muitos seu palerma"; "Esternocleidomastoideu"; "Ó Evaristo tens cá disto?" esgotaram com pena minha.
Lembro-me bem do "Leão da Estrela", do "Costa do Castelo", do "Pátio das Cantigas" e do humor que acompanhava cada diálogo com um toque de subtileza e que não se desgasta com o tempo.

Ainda consegui arranjar "O Pai Tirano" com o seu ta tão, ta tão e o "Aniki Bobó".
As meninas viram com os avós o Aniki bobó numa sessão de matiné por casa.
Aproveitei a caixa para ler as informações sobre o filme e descobri que foi realizado pelo Manoel de Oliveira em 1941.
Não fazia a menor ideia.
As miúdas gostaram de ver o que prova que estes filmes são intemporais...

Posso dizer que já vi um filme dele.
Ainda bem que o ofereci ao meu pai a semana passada.
Agora vai esgotar de certeza!


Nos meus tempos da faculdade vi também "O convento".
Nem sei porque fui ver. Na altura corria o boato de que os filmes dele eram uma seca, parados, com diálogos monótonos e muito pausados.
Ainda assim fui ver.
Se calhar porque era com atores famosos (Catherine Deneuve, John Malkovich) não era em Português; Porque eu morava mesmo ao lado do cinema e sempre devia ser melhor do que ficar a estudar. Os meus colegas deviam achar-me doida....um filme do Manoel de Oliveira?! A sério?!
Achei que lhe ía dar uma oportunidade.
Confesso que no fim do filme julguei que era intervalo. Fiquei a achar que faltava o resto da história. É verdade que era lento, mas eu tinha 20 e poucos anos.
Não me lembro nada do filme a não ser dos atores, das paisagens da Serra da Arrábida e da praia.
Não posso dizer que fiquei fã. Não percebi o filme.
Concordei com o boato e nunca mais dei por mim a querer ver um filme dele.

Mas esta característica seria a imagem de marca do Manoel de Oliveira.
Talvez agora, com o dobro da idade o veja de outra forma.
Talvez seja preciso ver filmes calmos nestes tempos de stress.
Provavelmente temos que amadurecer para ver com olhos de ver.

Acho que um dia destes lhe vou dar outra oportunidade.
Ter feito o que ama até aos 106 anos, muitas vezes não compreendido por todos, e certamente não seguido por massas (pelo menos no seu próprio país).... é obra!

Parabéns Manoel de Oliveira!

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