terça-feira, 29 de julho de 2014

Vá-se lá entender....

Depois de uma semana a 4, confinados a menos de meia dúzia de metros quadrados, em que as meninas estiveram apenas a meio metro de nós, se tanto (quebrando-se esta regra apenas na praia, mas sempre debaixo de olho) segue-se uma semana em que a distância que nos separa são 150km.
Elas fora, nós em casa.

Estar a dois em casa é estranho.

É pôr a mesa com metade da toalha.
É saltar o jantar e comer uma tosta.
É a máquina da loiça que nunca mais enche.
É alugar um filme na TV às 21h30 e conseguir vê-lo.
É silêncio.
É não ter luzes de presença ligadas.

Por este dias, posso dormir no sofá ao fim do dia.
Posso.
Mas não consigo.

Estes dias sem as minhas crianças, realçam os sons das crianças dos outros.
Reparo mais no choro da bebé do 2º andar. Na menina que toca flauta no R/C. Ouço as vozes e risos das casas vizinhas. Os miúdos na rua a marcar golos na porta da garagem.

Descobri que tenho algures em casa um relógio que faz tic-tac. Estranho é que não sei onde. Mais estranho é que não me lembro da última vez que o ouvi!
Intensificam-se os meus zumbidos, que não me deixam ouvir o verdadeiro silêncio há já uns anos.

Estes barulhos do silêncio fazem a casa mais vazia.

(Isto pode parecer estranho vindo de mim que em oposto ao silêncio costumo ter meninas "oh mãe!", de minuto a minuto....)

Não consigo estar parada.
Se em tempos me dava bem com o sofá, agora não me consigo sentar e simplesmente lá estar....Passam-me listas mentais do que terei para fazer. Há tanto para arrumar, organizar....em casa, no computador, na cabeça! E agora é que era, que elas nem estão cá!
Não consigo estar sem nada para fazer, mas por outro lado não me apetece fazer nada.
Vá-se lá entender....

Acho que vou ter que viver neste dilema durante a semana toda.
Talvez reduza a minha lista mental de coisas para fazer.







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