* Num dia de chuva sentada na cozinha, penso, "A chuva está mesmo forte hoje, ouve-se tanto cá dentro de casa". Começo a pensar que é demasiado intenso para ser a chuva da rua.....será que já chove na cozinha?! Olho para todos os lados. "Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver." ..... afinal é o queijo a derreter na tostadeira, da tosta que já me tinha esquecido que tinha posto a fazer para a mais nova.....o som é demasiado igual....mas "a chuva não bate assim!".
* Levanto-me a correr a meio da noite porque ouço "Mamã". Assim "como quem chama por mim".Vou a cada um dos quartos das meninas. "Fui ver".Tudo calmo.
"É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia..."
Deito-me a pensar que já acordo ao som da menina dos vizinhos de cima. Logo agora que as minhas dormem a noite inteira....
* Durmo de meias (sim, sou friorenta nas extremidades), mesmo em dias sem neve "branca e leve, branca e fria".
Ultimamente acordo só com uma. O pé em falta de meia vai variando. A cor das meias também.
Um destes dias acordo com os dois pés calçados. Menos mal. "Pelo menos hoje não perdi nenhuma meia"...."Fui ver"....... era uma meia de cada cor!
* Encontro um rebuçado perdido na carteira....bem, não propriamente perdido....assim mais em resposta a um pedido "Mamã guardas o rebuçado?". Um dia destes "Fui ver" ....ainda lá estava o rebuçado. Não resisti. Fico secretamente à espera que nenhuma me pergunte por ele.... É incrível a quantidade de coisas que desaparecem assim facilmente, "leve, levemente"!
* "Passa gente e quando passa, os passos..." cruzam-se comigo na rua, sorriem-me e cumprimentam. Eu retribuo o sorriso e arrisco um "Olá, tudo bem?". Quando vamos com crianças surge a pergunta inevitável quando a pessoa se afasta....por vezes ainda não se afastou o suficiente...."Quem era mamã?"....e agora? "Fui ver"...Nem eu sei quem era.....o cérebro a trabalhar a mil....imagens a passar tipo slideshow, será da escola, será da ginástica, será da universidade.....branca completa! Confesso à meninas que não sei quem é? Que não me lembro? Invento? Quem será esta gente?
* Nem sempre as mães sabem tudo. Não devem pensar alto à frente dos filhos. Não deve haver lugar a desabafos do tipo "Nem sei se te lavo o cabelo hoje ou amanhã....!". Então se a mãe não sabe quem saberá?!??! É que ainda por cima já ouvi "Tu é que sabes, a mãe és tu!"....."Fui ver" e já ouvi isso mais do que uma vez.
É isso, a mãe sou eu!!
Mas às vezes ando assim como se tivesse o corpo num lado, cabeça no outro....
Nas minhas baladas.
"Fui ver"...
Será de mim? Será de ser mãe?
De mim é certamente e o cansaço bate assim.
Afinal, sou gente.
Com a "Balada da neve" de Augusto Gil.
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