R em sessão de fisioterapia. Começa com 15 a 20 minutos de calor nas costas.
Ela refastelada numa marquesa, por cima do calor, de livro na mão.
Anda entusiasmada com "Uma aventura na casa assombrada".
Eu sentadinha na cadeira ao lado.
São quase 17h. Não é tarde e até em Espanha já passou a hora da sesta.
Ela tem 9. Está fresca como uma alface. Já aos 42, cinco da tarde são as novas dez da noite.
Enquanto ela lia, eu fechei os olhos.
Ía respondendo com sinónimos às perguntas dela
"O que quer dizer:
- Ribombar?
- Vislumbraram?
- Cimeiros?
- Atemorizavam?
e por aí fora, a cada 2-3 minutos.
A cada pergunta abria os olhos. Nos intervalos ía dormitando.
Chegou a vez da palavra "restolhada".
Ainda respondi que devia ser qualquer coisa relacionada com milho, porque no meu estado de dormência só me lembrei da música da Mafalda Veiga e do seu Restolho, que gemia triste e solitário. Ainda assim consegui balbuciar que era melhor ela ler a frase inteira para perceber o contexto.
Ela leu. (Acho eu)
Só acordei com ela a chamar. "Mãe, oh mãe?! Então?". E foi só o tempo de uma frase.
E respondi sobre a restolhada que devia ser um ruído forte ou um estrondo.
Mas eu juro que nem ouvi a frase.
Desabafo para a Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães:
Que tal palavras mais fáceis nos livros para crianças?
Eu compreendo a intenção, a sério que compreendo. É muito bom para aumentar vocabulário e até descobrir palavras novas para eles e que nós raramente usamos, mas às vezes uma mãe só precisa de dormir....e nem sempre eles têm um dicionário à mão.
Ainda assim dou-me por feliz porque ela não perguntou o significado de
- Fustigava
- Siderados
...e por aí fora.
E porque não pediu o telemóvel, nem o tablet...
E eu fiquei tão orgulhosa da minha menina e de eu saber tantos sinónimos, mesmo a dormir!
Vá-se lá entender as mães!
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