Foi num passeio pela praia que encontrei este "Enquanto houver mar".
Numa praia do norte.
Das que ficam conhecidas pela nortada, pela água fria, pelo cheiro a maresia, pelas algas que pintam o areal, pela areia que não cola, pelos rochedos onde o tempo e a força do mar moldaram poças.
Numa praia que me conhece.
Sei que só quem viveu e cresceu junto ao mar, sabe o que é sentir-lhe saudades.
O inverno torna-se mais comprido quando o mar não fica ao virar da esquina. Quando as férias estão longe. Quando a chuva e os alertas para a costa não nos motivam a fazer tanto km para o ver.
Ultrapassei o facto de não o ter sempre ali. Ou talvez não.
Sempre o tive por perto.
Depois passou a ser presença de fins de semana, de breves visitas, de curtas férias.
Quando adotei para morar uma cidade que não tem mar, rendi-me ao facto de as esplanadas serem de rua e de rio. De não passear à beira mar. De não sentir o cheiro a maresia. Das visitas ao mar diminuirem.
Penso nas possibilidades perdidas de, mesmo em dias de semana, ir com as meninas à praia em fins de tarde de verão.
De andarmos de bicicleta juntas, já que de patins não as acompanho...
Das cores de um pôr do sol.
Talvez não o fizesse. Mas sabia que podia.
Dou-lhe agora mais valor que nunca.
E em dias como o de hoje, em que a cidade cheira a azeite.....
Isso, azeite, azeitonas eu sei lá....só sei que me deixa agoniada.
Hoje li que se produziram 627 mil toneladas de azeitonas, a maior produção dos últimos 50 anos....
.....palpita-me que isto está para durar, pelo menos enquanto houver vento....
Trocava-o pelo cheiro a maresia. Já.
Não me habituo.
Não dá para respirar fundo.
Reaviva as saudades.
"Enquanto houver mar" estou bem.
Perto dele estou melhor.
Respiro fundo.
Espero visitá-lo em breve.
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